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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

ENTREVISTA 52 - Entrevista com Égnon Viana no Pacaembu Final Xadrez por Eq_0001.wmv



Entrevista com Égnon Viana no Pacaembu Final Xadrez por Eq_0001.wmv

 



PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:

http://www.youtube.com/watch?v=SM60OU9srBQ&feature=fvsr

ENTREVISTA 51 - A enxadrista Thauanne Medeiros.



Xadrez- Entrevista com a enxadrista Thauanne Medeiros

 




PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
www.youtube.com

sábado, 18 de agosto de 2012

ENTREVISTA 50 - RENATO QUINTINO, CAMPEÃO BRASILEIRO SUB-16.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ),

REFERÊNCIA:

http://gomesnaldo.wordpress.com/2010/05/24/entrevista-renato-quintiliano-campeao-brasileiro-xadrez-sub-16-2008-jornalismo-freelance/



Entrevista com Renato Quintiliano, campeão brasileiro de xadrez sub-16/2008

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Tática, estratégia, benefícios, mulheres no xadrez e muito mais nessa entrevista imperdível realizada pelo blogJornalismo Freelance
Depois de vencer o Campeonato Brasileiro sub-16/2008, Quintiliano põe foco na busca pelo título de Mestre Fide. Foto: SXC
Depois de vencer o Campeonato Brasileiro sub-16/2008, Quintiliano põe foco na busca pelo título de Mestre Fide. Foto: SXC
Naldo Gomes: Fale-me sobre sua história – conte-me uma breve biografia – e em que ponto dela você passou a se interessar por xadrez.
Renato Quintiliano: Ah, então. Foi meio por acaso. Não foi intencional. Eu estava na quinta série e aí, como a gente ainda não tinha atestado médico para fazer educação física, o professor nos mandava para a quadra, onde colocava uma mesa de pingue-pongue de um lado e uma mesa de xadrez do outro. Quem não queria jogar o xadrez, jogava o pingue-pongue.
Então, ficava jogando o pingue-pongue, mas como era meio ruim e só perdia para os caras, aí eu olhava os moleques jogando xadrez e um dia eu falei:
- Ah! Eu vou aprender esse jogo aí para ver como é que é. Aqui [no pingue-pongue] eu fico meia hora na fila e perco de zero. Eu vou lá ver como é que é.
Cheguei lá e em dez minutos eles me ensinaram a mexer as peças e eu gostei, né? Comecei a jogar com os amigos, na escola. A gente tinha um grupo de um pessoal que gostava de jogar e jogava sempre. E um ano depois eles foram parando e eu continuei.
Interessei-me, e comecei a ir atrás de torneios, ler livros, comecei a conhecer o pessoal que joga. Isso foi em 2000… Quando eu tinha 11 anos… Foi em 2003. E estou até agora aí. Estou treinando, disputando torneios. Foi assim que eu aprendi.
NG: Qual a importância do xadrez na sua vida? Que benefícios ele lhe trouxe?
RQ: Ah! Tipo, eu acho que eu era meio agitado, assim. Daí, quando eu comecei a jogar eu fiquei mais calmo. Aprendi a ficar mais concentrado nas coisas que eu faço.
Fora que, eu conheci muitos amigos, também, por causa do jogo. Meus melhores amigos são do xadrez. A maioria, que me conhece desde moleque. Faz bastante tempo já.
E a paixão pelo jogo, a emoção que eu sinto que, muita gente não entende, mas sinto emoção jogando. É a minha vida o xadrez, hoje.
Assista essa entrevista:
NG: Qual a importância do xadrez para a sociedade e que benefícios ele pode trazer a ela?
RQ: Então, eu acho que faz um tempo já que as pessoas veem o xadrez como um esporte feito para gente rica e para nerd, um pessoal mais inteligente. Só que, ultimamente, quanto mais eu vou aos torneios eu vejo que as pessoas são assim como eu. Eu não sou uma pessoa de classe rica, de classe alta, e jogo.
O xadrez promove a socialização das pessoas de diferentes grupos, de diferentes raças, diferentes classes. O xadrez não tem muita diferenciação, nesse sentido. As pessoas se sociabilizam bastante. O xadrez é benéfico para a sociedade.
NG: De quantos campeonatos você participou e qual a sua melhor colocação?
Nossa! Sete anos [de xadrez] é muito torneio. Não sei, mas acho que uma média de uns 200 campeonatos. Mas a minha melhor colocação, eu já fui campeão, né? Já ganhei alguns torneios e tenho que ganhar outros.
O torneio mais importante que eu já ganhei foi o Campeonato Brasileiro de 2008, sub-16. E o Paulista sub-16.
NG: Que portas esses torneios abriram para você?
RQ: Eu não era um jogador conhecido. Eu fui jogar o Paulista e foi o primeiro Paulista que eu joguei. Daí as pessoas começaram falar que eu tinha ganhado o Paulista sem pegar ninguém. Então, eu fui jogar o Brasileiro e ganhei também.
Depois, começaram a dizer que no Brasileiro eu também não tinha pegado ninguém, mas só que são dois títulos importantes e que acabaram que dando reconhecimento a nível nacional. Passei a ser um jogador mais conhecido, comecei a disputar mais torneios, apareceram propostas de outras cidades para eu ir jogar. Foram torneios que me ajudaram muito a chegar onde eu estou hoje.
NG: Você foi campeão brasileiro em 2008. Você já teve que defender esse título? Como foi essa defesa de título?
RQ: Na verdade, foi assim: Eu fui campeão brasileiro de 2008, sub-16. Só que, era o meu último ano no sub-16. Aí, no ano passado, eu já era sub-18. Então, eu joguei no sub-18. Eu era o atual campeão sub-16 e não tive como defender o título do sub-16. Só que, eu joguei no sub-18 e, infelizmente, não fui campeão, né?
NG: Que emoções um jogador de xadrez sente nesses campeonatos?
RQ: Durante os torneios, durante as partidas – as pessoas não percebem – mas são turbilhões de emoções.
Às vezes você começa um torneio mal e aí fica meio abatido, meio triste. Só que, se conseguir uma recuperação você já fica mais elétrico, fica mais animado.
E na partida mesmo, às vezes você acha que está bem, está feliz, está gostando do desenvolvimento, mas aí você leva uma surpresa e fica meio assustado.
Acontecem muitas emoções durante os torneios.
NG: Nos torneios, as partidas acontecem uma atrás da outra ou os jogadores têm algum período de descanso?
RQ: Depende, tem vários tipos de torneios. Tem torneios que têm uma rodada atrás da outra, só que, aí, são rodadas com o tempo reduzido.
Agora, quando são torneios que têm uma hora e meia para cada jogador e as partidas demoram, aí são uma ou duas partidas por dia e o torneio pode durar uma semana. É assim, tem um intervalo.
NG: Há dois estilos bem característicos no xadrez: O tático e o estratégico. Fale sobre esses dois estilos. E me diga: Qual o seu estilo?
RQ: O estilo tático é quando o jogador que procura mais golpes na posição. Mais golpes de sacrifícios, de combinações, para tentar ganhar peças. É um cara que procura golpes mesmo. Que tenta forçar o outro a errar para poder adquirir uma vantagem material.
E o estilo estratégico procura achar os planos da posição, achar as casas certas onde colocar as peças para conseguir, vamos dizer assim: Uma harmonia ideal nas posições. Impossibilitar o adversário de realizar lances que favoreçam a posição dele, como se fosse restringir o adversário cada vez mais.
Se você tiver um jogo estratégico apurado, você acaba chegando à parte tática. Porque chega uma hora que o cara não tem mais lances e acaba tendo que se arriscar de algum jeito e acaba sobrando um golpe tático na posição.
Então, o meu estilo é mais tático porque desde moleque tenho tido treinamento mais tático, mesmo. Só que, ultimamente, tenho tentado aperfeiçoar o estilo estratégico e acho que o jogador ideal tem que ter os dois estilos. Sempre vai evidenciar um ou outro, mas tem que ser bom nos dois: Tático e estratégico.
NG: Dos grandes jogadores, do passado ou da atualidade, em qual você se espelha?
RQ: Do passado, gosto bastante do Capa Blanca que, foi um jogador cubano, terceiro campeão mundial da história oficial. Ele tinha um estilo estratégico e jogava muito bem os finais. Ele tinha um cálculo muito apurado e jogava muito bem os finais que, é uma parte essencial da partida.
E da atualidade, eu gosto de um jogador do Azerbaijão chamado Mamedyarov. Ele tem uma tática muito apurada. É um jogador extremamente bem preparado e tem uma visão tática muito boa nas posições.
NG: Como é o seu cálculo? Você consegue prever quantas jogadas?
RQ: Depende. Tem posições que são mais simples. Em posições mais simples você acaba enxergando menos à frente. Mas tem algumas posições táticas que têm variantes e subvariantes, onde você tem que desenvolver muito o cálculo. Eu sei que, uns oito ou nove lances eu consigo ver à frente.
NG: Como é o treino para jogadores de xadrez? Vocês utilizam programas de computador como o Fritz? O treino é somente no tabuleiro ou ele inclui algumas atividades físicas como alongamento do corpo, aquecimento ou alguma atividade pré-treinamento?
RQ: O preparo físico não. Mas é interessante, tem alguns jogadores que têm. Os jogadores que são top, os top-10, eles têm um preparo físico excelente, preparo psicológico.
Porque é aquilo também, você está calculando e de repente, acontece uma coisa que você não esperava durante uma partida… Bate um psicológico. Então, fica mais difícil de você calcular, você fica meio atordoado.
Então, o jogador ideal tem que ter esse preparo psicológico, físico, é interessante. A gente não pratica e a maioria das pessoas não pratica exercícios físicos antes das partidas.
Mas um preparo físico bom é o quê? É uma pessoa saudável que, pratica esportes. Isso já é um preparo físico para a partida.
E, para preparar mesmo, a gente usa livros. Lê livros, reproduz partidas no tabuleiro e usa programas também porque a máquina, ela tem o cálculo muito mais avançado. Se você colocar uma posição na máquina, ela te dá o lance exato que você tem que fazer.
É interessante usar programas na preparação e, também, ler livros, porque xadrez é conhecimento. Livros para adquirir conhecimento e, a máquina, é para te ajudar a ver coisas mais precisas nas posições.
NG: Você joga quantas partidas por dia?
RQ: Tem dias que eu fico sem jogar. Mas existe um site onde você pode jogar partidas de tempo bem curto. Daí dá para jogar 50 partidas num dia, tranquilo.
NG: Como funcionam as designações do tipo Grande Mestre?
RQ: A gente tem a Federação Internacional de Xadrez e eles atribuem pontos a cada jogador. Esses pontos são chamados de rating. Pode ter, desde 1300, até o máximo que você conseguir. Quando chega em 2300 pontos, você pode pedir um título que, é o de Mestre Fide.
A partir desse Mestre Fide, você tem que conseguir mais 100 pontos e chegar em 2400 e fazer três normas que, são como performances em três torneios de nível alto. É quando você ganha o título de Mestre Internacional.
E depois disso, você tem que ganhar mais 100 pontos e chegar em 2500, fazer mais três performances, três normas, é quando você poderá pedir o título de Grande Mestre que, é o último título: Grande Mestre Internacional.
NG: O xadrez é um jogo que utiliza muita lógica, muita matemática. Mas agora, eu gostaria que você me falasse sobre o lado humano do xadrez. Quem são essas pessoas que jogam xadrez? Elas têm um perfil mais introvertido ou mais extrovertido?
RQ: Ao longo dos anos, o perfil que é mostrado sobre o xadrez é que é um esporte para as classes mais altas, pessoas mais cultas, com o perfil mais introvertido, mais tímido, mas quieto. Só que, ultimamente, não é assim. As pessoas que tem jogado ultimamente são mais extrovertidas, mais abertas. E tem caído um pouco a imagem de que só os nerds jogam xadrez. Apesar de que, 90% das pessoas ainda acham isso.
É difícil explicar e só quem joga sabe que não é assim. Têm pessoas que são muito ruins na escola e jogam xadrez muito bem. Inteligência é uma coisa que você canaliza. Se você quiser ser bom em alguma coisa, você vai ser bom. Você não precisa ser inteligente em outras coisas para acabar sendo bom naquilo.
NG: Você já me falou sobre o jogador que você gosta mais que, é o Capa Blanca. Mas, na sua opinião, qual foi o melhor jogador de todos os tempos? O Pelé do xadrez.
RQ: Essa é difícil, mas eu fico com o último ex-campeão que se aposentou, o Kasparov.
NG: Mas ele perdeu para a máquina!
RQ: Mas essa é uma história bem controversa. Ele perdeu para a máquina, mas era uma coisa que inventaram especialmente para ganhar dele. Era muito difícil, foi um match muito difícil. Há especulações de que ele não estava jogando contra a máquina, que havia vários mestres atrás da máquina manipulando os lances. É meio estranha essa história, eu não conheço direito, mas foi…
Para muitos, ele é o melhor jogador de xadrez.
NG: Você gosta do xadrez das mulheres, das húngaras, as irmãs Polgar, especificamente?
RQ: As irmãs Polgar são bem famosas. A Judit Polgar conseguiu chegar entre os tops 10 do mundo. Entre as mulheres, ela é a que teve maior sucesso no xadrez. É a melhor jogadora de todos os tempos. Na época das irmãs Polgar a equipe húngara era imbatível, ganhou todas as olimpíadas. Elas eram três irmãs: Judit, Sofia e Suzan Polgar. Elas eram muito fortes. Foram – para mim – as mulheres que melhor jogaram xadrez na história. E a Judit foi a melhor de todas.
NG: Quais são os seus planos para o futuro?
RQ: Estou tentando subir a pontuação, jogando os torneios, tentando subir o FIDE. Agora eu estou com 2176, estou tentando passar 2200 que, já é mais perto de 2300… Cem pontos. E seu eu conseguir passar, eu me esforçar para chegar em 2300 e, daí para frente…
É o primeiro objetivo, né? Conseguir o título de Mestre FIDE. Depois a gente estuda, faz o que tiver que fazer para conseguir os outros dois.
NG: Quais os grandes jogadores que você já enfrentou?
RQ: Já joguei contra jogadores bem fortes. Já joguei contra Giovanni Vescovi que, é o atual número um do Brasil. Perdi para ele que, jogou eximiamente bem. Ele é Grande Mestre, né?
Também joguei contra um Grande Mestre Cubano, ano passado, chamado Holden Hernandez. Joguei contra um Mestre Internacional do Rio de Janeiro, Diego Di Berardino, de quem eu gosto muito do estilo de jogo .
Os torneios são abertos, joga muita gente, e há muitas chances de enfrentar esses caras.

ENTREVISTA 49 - GM Paco Vallejo.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).


REFERÊNCIA:
http://www.tabuleirodexadrez.com.br/entrevista-vallejo.htm


A primeira coisa que tenho de fazer é te agradecer, sei que estás muito ocupado, que agora mesmo estás trabalhando na Alemanha e te agradeço enormemente que tenhas tirado tempo para responder a nossas perguntas. De modo pessoal, te direi que há poucas pessoas que são capazes de ser tão claros e diretos como tu, e estas qualidades fazem meu trabalho mais interessante. Muito obrigado, Paco.
Começamos com a entrevista.
- Que posto ocupa em importância o xadrez em tua vida?
Das coisas espirituais, ocupa um posto médio, das coisas materiais, um posto muito alto.
GM Paco Vallejo- Quais são tuas três melhores qualidades como enxadrista?
Sou autocrítico, bastante realista e sou muito "mal intencionado".
- Te submetes a alguma preparação física ou psicológica antes de enfrentar-te a um torneio? Em que consiste a preparação psicológica de um enxadrista?
Minha preparação física deixa muito a desejar, sempre tenho planos de melhorá-la, mas, na realidade, está longe de ser a ideal. A psicologia em xadrez é fundamental, creio que poderia melhorar algumas coisas, mas em general, pelo menos consigo que meu esforço durante as partidas seja muito grande.
- Que parâmetro utilizas ao participar de um torneio?
Os interesses desportivos sempre primaram em minha carreira, embora tenha muito em conta a parte econômica, já que também tenho em mente que minha vida como enxadrista profissional não pode durar para sempre.
- Todo mundo enumera os benefícios de jogar xadrez. Tu levas toda a vida praticando este esporte, quais são os aspectos negativos deste jogo?
Pode chegar a ser muito absorvente, algo como acontece com o pessoal que se fascina com os videogames. Por outra parte, minhas vistas se ressentiram pelos anos de estudo diante do computador, e ficar sentado tantas horas ao dia não deve ser muito saudável, ainda que, com um bom planejamento desportivo (coisa que ainda não consegui), não deveria ser um grande problema.
- Tenho conhecimento de que não serás um dos enxadristas que participarão do Grand Slam de Bilbao. Creio que fazem dois anos que não te convidam ao torneio de Linares. Sendo espanhol, e sabendo todos que és um dos melhores enxadristas de nosso país, acho estranho que em ambos os acontecimentos brilhes por tua ausência. A que atribuis o fato de os organizadores destes torneios prescindirem de ti?
Não sei, suponho que passou o momento onde eu estava “na moda”. Meu ranking chegou a estar entre os 20 melhores do mundo e quando forem publicadas estas linhas estarei além do 70º lugar. Obviamente eu tenho culpa nisso, e não Linares ou Bilbao. Por outro lado, me dá um pouco de pena sermos o único país no mundo onde acontecem facilmente 3 torneios nos quais não participam nenhum jogador desse país. Normalmente, e tendo em conta que o dinheiro com o qual se organizam a maioria dos torneios é em grande parte dinheiro público, ficaria bem se os organizadores fizessem um esforço para incluir ao menos um jogador espanhol. Podemos ver os casos de super torneios mundiais como Dortmund ou Wijk Aan Zee, onde sempre se leva em consideração que para haver o envolvimento do público e da imprensa é interessante ter alguns, senão vários, jogadores nacionais.
- As más línguas dizem que chegaste a teu limite, que inclusive teu nível de jogo piora com o passar dos anos. Chegaste a estar no posto 18 da lista de ELO FIDE, atualmente estás no 38º... Os dados falam por si mesmos, a que acreditas que isso se deve?
Sim, não são necessárias as más línguas, qualquer pessoa próxima a mim verá que não me escondo nesse aspecto. As coisas não estão como eu gostaria, mas te asseguro que sempre estou pensando em um forma de mudar isso. Não se deve a um só motivo, mas, entre meus defeitos enxadrísticos, poderia mencionar: preparação deficiente, sobretudo com brancas (poucas ideias novas), estado físico apenas aceitável, cair com frequência em apuros de tempo, durante um período tive certa falta de motivação e problemas pessoais que logicamente afetaram meu rendimento.
- Quais os três conselhos darias a um aficionado para melhorar seu nível de jogo?
Que leia alguns livros de xadrez com os quais realmente consiga desfrutar (meu favorito é “Al Ataque”, de Mikhail Tahl); que se associem a um clube (mesmo que seja pela internet) para compartilhar dúvidas e experiências; que cuide dos detalhes que pareçam insignificantes, mas que realmente afetam ao jogo. Por exemplo: uma discussão com a mulher, comer excessivamente antes da partida, etc…
- Tens três linhas para dizer o que queiras, a quem queiras.
Por que só três linhas? Não querias que fizesse outro artigo? Sempre me causa alegria quando vejo que alguém entra no mundo do xadrez com tanta energia como tu o fizeste. É um mundinho bastante fechado e se sente falta de ideias novas e de gente com vontade de fazer as coisas. Felicitações pela página e boa sorte!
Como já te contei em alguma ocasião, Zona de Ajedrez tem uma seção em que os usuários podem fazer perguntas a nossos entrevistados. Estas são as perguntas que selecionamos:
(Nogueira): Queria perguntar-lhe algo que imaginei e não sei se é verdadeiro, suponhamos que sim: O que se sente, ou sentiu, por ter sido sempre (desde menino, muito precocemente) a "esperança espanhola", como se "tudo" dependesse de que "Paco dê certo"? Se não seria melhor livrar-se desse peso de "quartas de final", "pênaltis" etc... dos ombros (caso seja verdadeira minha hipótese) e ver-se como um jogador GM dos top do mundo que, além disso é espanhol, mas sem esse ônus de responder por todo um país... Quais são seus planos para o futuro quanto a aspirações e ambições no xadrez e em sua vida em geral?
Creio que eu mesmo tenho sido o que mais me tenha pressionado, e provavelmente isso não tem me ajudado. Para os que viram Spiderman :), me sentia um pouco identificado com a frase “um grande poder pressupõe uma grande responsabilidade”. Por outro lado, como latino, creio que sou um jogador que depende muito de fatores externos e psicológicos. Para mim, foi doloroso ver como jogadores que na juventude não tinham mais “talento” que eu tenham ultrapassado a barreira dos 2700 e a mim não tenha sido possível há anos.
A respeito de minhas aspirações enxadrísticas, está claro que quero voltar à minha melhor forma. Creio que tenho um potencial muito maior do que o que se tem visto de mim. Estou convencido de que se verá o melhor Vallejo não dentro de muito tempo… e para isso tenho que corrigir os defeitos que mencionei anteriormente.
Suponho que na vida aspiro a ser feliz (como todo o mundo) . Tento não incomodar ninguém, valorizo muito a amizade. Gostaria de um dia ter a calma e a honestidade para seguir um estilo de vida que admiro; li um livro sobre o Tao faz alguns anos, me impressionou muito, porém só coloquei em prática as ideias mais básicas.
(ironmaiden): Com qual dos jogadores da chamada "elite" gostas mais de jogar?
Me dá igual prazer jogar com qualquer um. A verdade é que me agradaria jogar contra aqueles que tenho piores resultados(Ponomariov, Sutovsky, Ivanchuk) para demonstrar a mim mesmo que posso ser tão bom ou melhor do que eles.
(Un Virgen): O que acreditas que te falta para chegar a essa famosa elite? Talvez um pouco mais de confiança em ti mesmo? Ou acreditas que teu jogo é pior?
Sobretudo me faltam muitos pontos elo :). A confiança em si mesmo é fundamental e, às vezes (sobretudo quando as coisas não vão de todo bem), perco a fé em meu jogo e isso me leva a jogar pior. Quanto à qualidade de meu jogo, sinceramente creio que poderia estar entre os 5 melhores do mundo, mas me falta corrigir um monte de coisas que mencionei antes…
(Anônimo): Tenho lido sua web e me chamou a atenção as críticas que realiza à FEDA. Poderia me dizer três grandes pecados de nossa Federação Espanhola de Xadrez, em sua opinião?
Hmm, bom, eu não critico demais à FEDA (talvez devesse?):). Se se refere ao "Gruñón" (Resmungão), esse é meu pai e não eu. Em muitas coisas que diz estou de acordo, ainda que não necessariamente em todas.
- Depois de muitos anos e muitíssimos torneios de alto nível na Espanha, os enxadristas seguimos sendo uns desconhecidos
- Quanto a sponsors, não estamos para soltar foguetes.
- Continua-se gastando essa dinheirama em coisas como ir votar em assembléias, quando cada um poderia votar desde sua casa com um grande invento como o e-mail (talvez devesse ter aplicado esse conto e dizer a Vanesa que me pagasse diárias e viagens para ir fazer a entrevista… ), embora entenda que assim não se cobrariam diárias nem viagens… (segue parecendo-me muito miserável).
- Creio que não se conseguiu criar algum tipo “de estrutura” que permita a um jogador formar-se e progredir adequadamente. Refiro-me a que, se com 18 anos não tens ao menos 2550, é melhor dedica-te ao encanamento…
(Poyito): Por que continuas empenhado em não mudar seu repertório de aberturas? Você acredita que deveria ser mais ambicioso com as peças brancas?
Hmm, a que aberturas se refere? Creio que sou o jogador que mais muda de aberturas no mundo. :) Para mencionar alguns detalhes… com brancas jogo: 1.Cf3, 1.e4, 1.d4 e 1.c4 ; com negras: espanholas variadas, sicilianas variadas, Caro-Kann, Francesa, Grunfeld, Semi-Eslava, Ragozin etc… O que me falta com brancas não é ambição… são ideias frescas e bem analisadas. Para isso, há que trabalhar mais e melhor.
(Gloderhel): Dos TOP 50 da FIDE, mais da metade nasceram nos anos 80, ou posteriormente. Tem tanta importância assim a forma física que se supõe ter um menino jovem? Ou pode ser atribuído mais a outros fatores, como a acomodação, desmotivação, etc. dos jogadores mais veteranos.
Está claro que os jovens têm mais energia e mais ilusão, mas menos conhecimentos. Muitas vezes umas coisas compensam as outras. Nesse sentido, o xadrez é bastante imprevisível.
(Gloderhel): O que há de verdadeiro nas declarações de Mirzoev em Zona de Ajedrez a respeito de que os jogadores do TOP TEN jogam pouco e só entre si para manterem-se ali em cima?
Bom, os jogadores do TOP TEN chegaram lá por algum motivo… isso ninguém vai discutir. Também é verdade que os circuitos são bastante fechados, e é difícil entrar neles. Mas, basicamente, é um problema de concorrência, muitos jogadores fortes para poucos grandes torneios com boas condições. Alguns organizadores são mais imprevisíveis, mas haveria torneios em que me atreveria a dizer quem seriam os participantes nos próximos dois anos, e não creio que me equivocasse muito.
Entrevista realizada por Vanessa R. M. para o site Zona de Ajedrez.

ENTREVISTA 48 - Entrevista com a campeã brasileira de xadrez, Agatha Hurba Nunes.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA: http://www.youtube.com/watch?v=M3E3mQRzNOo&feature=related



Entrevista com a campeã brasileira de xadrez, Agatha Hurba Nunes