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PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

terça-feira, 29 de junho de 2010

ENTREVISTA 17 - HEBERT DE CASTRO, MESTRE DA FIDE.


HEBERT CARVALHO E WILTON YOKOMITO.
Wilton Yokomizo - Herbert Carvalho, gostaria que o Sr. fizesse uma apresentação breve, da trajetória do senhor no xadrez durante a sua vida.

Herbert Carvalho - Meu pai me ensinou e deu um pequeno livro, mas eu não tinha muito com quem jogar, então eu rapidamente decorei todas as partidas que tinha no livro. O livro era escrito em espanhol, então, eu não só aprendi xadrez como aprendi um pouco de espanhol também. Era um livro muito fininho, devia ter umas 20 partidas. Desde essa época que eu penso na questão de que a bibliografia do xadrez, em português, é escassa.
Aprendi a jogar xadrez com 7 anos e rapidamente me tornei um dos melhores jogadores de São Paulo; fui vice-campeão paulista, com 12 anos, já jogava dos 15 aos 17 o campeonato brasileiro e com 20 anos, pouco menos do que isso, entre 18 e 20 anos, eu já era o técnico do Mequinho (Henrique Mecking, o melhor enxadrista do Brasil em todos os tempos) nos anos 70. Em 73, quando Mequinho se destacou no torneio regional de Petrópolis, eu já era o técnico dele e depois em 74 quando ele disputou com o Korchnoi (Viktor, "o terrível"; fortíssimo Grande Mestre russo/suíço), na cidade de Augusta, Estados Unidos, pelo campeonato mundial, eu, de novo, era o técnico dele.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://xadrezguarulhense.blogspot.com/2010/02/entrevista-com-o-mestre-fide-herbert.html

ENTREVISTA 16 - MESTRE INTERNACIONAL (M.I.) WELLINGTON ROCHA.


M.I. WELLINGTON ROCHA.

No sábado, 16.5.2009, o MI Wellington Rocha, de 37 anos, natural de Montes Claros/MG, visitou São Sebastião do Paraíso/MG. Na oportunidade, além de ministrar aulas aos principais enxadristas da cidade, concedeu entrevista ao Clube de Xadrez On-Line – CXO.

O talentoso jogador, que aprendeu a jogar xadrez aos cinco anos, ficou afastado dos tabuleiros por cerca de seis anos e voltou a jogar no fim do ano passado continua, mesmo assim, em primeiro lugar no ranking internacional da modalidade em Minas Gerais (com 2429 de rating Fide). No mesmo ranking, entre todos os enxadristas brasileiros, é o 15º.

Para ratificar sua força, o ilustre entrevistado teve, ao longo da carreira, atuações destacadas em diversos campeonatos. É tetracampeão mineiro (1989; 1993; 2001; e 2002) e detém títulos memoráveis em etapas do tradicional Aberto do Brasil (conquistados entre 1998 e 2002), bem como nos brasileiros juvenil (1991) e de jovens (1989).

Acompanhe algumas das perguntas e respostas extraídas do extenso e descontraído bate-papo com esse modesto e carismático enxadrista mineiro.

CXO – Você aprendeu a jogar xadrez aos cinco anos com seu irmão Washigton. Essa é a idade certa para se aprender, pelo menos, as regras?

- Não existe idade ideal. Inclusive, aos cinco, aprendi velho (risos), eu poderia ter aprendido bem antes, talvez aos três ou quatro anos.

CXO – Por falar em ensino de regras, você chegou a residir em Paraíso no início da última década. Inclusive, participou do pontapé inicial do projeto escolar local, ministrando uma memorável aula inaugural que serviu de exemplo para várias gerações na E.E. Paula Frassinet, no ano de 1994. Qual a sensação de fazer parte de um projeto que trouxe tantos talentos e títulos para essa cidade?

- É muito gratificante. Apesar de termos, à época, idealizado tudo isso juntos (Wellington Rocha; Érlon Braghini; Joel Borges; Gérson Peres; e Sebastião Lopes), sei que minha parcela de contribuição foi mínima, pois, apesar de nosso entusiasmo, ainda era tudo muito amador. Afinal, quando eu já nem estava mais aqui é que o projeto realmente cresceu, através da iniciativa dos outros professores, sobretudo a do Gérson. O grande trabalho estaria por vir. Só sei também que foi uma época em que meu xadrez evoluiu bastante, estudávamos muito naquele tempo. De verdade, é uma honra, de alguma forma, ter feito parte disso.

CXO – Quais livros você recomenda para um jogador candidato a mestre?

- Recomendo El Ajedrez de Torneo – Zurich 53 (Bronstein), Tratado General de Ajedrez (Grau), Predecessores (Kasparov), entre outros de autores como Watson e Dvoretsky, que possuem visão renovada.

CXO – Comente o avanço tecnológico a serviço da evolução enxadrística.

- Antigamente, para reunir partidas anteriormente jogadas era preciso esperar a publicação em um jornal ou revista (especializados). Nessa época, muitos furos enxadrísticos aconteceram porque os autores não tinham alguém confiável para checar o que publicavam. Hoje, existem programas para computador evoluídos que podem auxiliar nessa tarefa e as informações são veiculadas instantaneamente. Por outro lado, como todos têm acesso a essas informações, é importante saber separá-las. Portanto, o que vai diferenciar de uma pessoa para outra é o como cada uma vai aproveitar o que leu. Da mesma forma, se duas pessoas têm acesso ao melhor computador do mundo, o diferencial no rendimento de ambas é o método como elas utilizam esse computador. Nesse rumo, você tem que ter um plano de ação para que o programa trabalhe para lhe ajudar nesse plano, para que seus esforços realmente tenham sentido. Apesar de todas as inovações, sinto falta da época que eu não tinha um computador, porque eu era muito mais esforçado para aproveitar as poucas oportunidades que tinha.

CXO – De repente, percebendo todas essas novidades tecnológicas, vários jovens podem deixar de lado a leitura dos livros. Vai chegar o momento em que os livros perderão seu espaço?

- Não acredito. Por mais que existam livros em áudio, DVDs com vídeoaulas, softwares avançados, entre outras facilidades tecnológicas, eu, por exemplo, ainda tenho um grande prazer em abrir um livro e deitar em uma cama para lê-lo. Portanto, na minha vida, pelo menos, eles sempre terão o seu espaço. Naturalmente, os autores terão que ser cada vez mais criteriosos, utilizando todas as ferramentas disponíveis, para publicar livros realmente confiáveis.

CXO – Quais são seus os ídolos no xadrez nacional e internacional?

- São muitos. No Brasil, admiro toda essa nova geração de mestres e grandes mestres: MI Krikor Mekhitarian, GM Alexandr Fier, GM Giovanni Vescovi, entre outros. Aliás, por aqui também, gosto dos estilos dos GMs Darcy Lima, Gilberto Milos e do Rafael Leitão. No exterior, entre outros também: GM Anand (Índia), GM Kasparov (Rússia), GM Kramnik (Rússia) e o jovem GM Carlsen (Noruega).

CXO – É importante um enxadrista contratar um treinador?

- Se ele tiver condições de contratar um jogador mais forte, um GM ou até mesmo alguém que não tenha titulação, mas que seja de sua confiança, que tenha algum conhecimento para passar, acho uma experiência muito válida. Eu mesmo, agora, depois de muito tempo, por exemplo, gostaria de tentar fazer isso, de fazer aulas com algum MI ou GM. Em geral, esses especialistas são organizados, preparados para ensinar, pois viajaram para campeonatos mundiais, possuem material didático direcionado às aulas e sabem onde os alunos erram com maior frequência, ou onde poderiam errar.

CXO – A fim de ajudar novos talentos, você já pensou em trabalhar como treinador?

- Sim. Mas nunca tive essa experiência, não tenho prática. Em meus estudos recentes com o Evandro (Barbosa) por aqui, tenho aprendido bastante. Porém, não sei exatamente como é um jogador mais forte acompanhar a evolução de outro teoricamente mais fraco. Então, ainda não compreendo bem qual deve ser a metodologia. Para me ajudar, antes de qualquer coisa, gostaria de ter um acompanhamento de aula de grande mestre como um Milos, por exemplo. Para ser treinador, de certa forma, você abre mão de sua carreira de jogador. Por isso, teria que ser algo compensatório, também financeiramente.

CXO – Os bons treinadores devem ter resposta para tudo?

- Acredito que não. Em Minas, pelo respeito que têm pelo meu jogo, para ilustrar, muitos acham que eu tenho resposta para tudo. Não tenho. Isso pode acontecer até mesmo com um GM. Nas revistas especializadas, às vezes, muitos grandes jogadores comentam que absolutamente não estão entendendo nada sobre determinados momentos. Acredito que seja assim com os treinadores também.



CXO – Sua meta é ser GM?

- Pretendo tentar ser GM sim, mas não tenho isso como meta. Se eu fizer as coisas certas, talvez eu consiga. Digo dessa forma porque, quanto mais se perde tempo mais difícil fica. Entretanto, minha única meta agora é jogar o máximo que eu puder, sobretudo em termos de cálculo e análise.

CXO – O que você acha dos GMs de 2500 pontos de rating terem a mesma titulação que os GMs com rating superior a 2700?

- Sobre o tema, não tenho acompanhado as recentes discussões. Porém, é sempre difícil falar disso quando você não tem os 2700 (risos). Talvez se eu tivesse, também almejasse a diferenciação. A verdade mesmo é que não sei muito bem o que pensar sobre isso, porque não tenho sequer os 2500 de rating e não sou GM. Esses GMs tops de 2700 para cima são realmente diferenciados, isso é fato, mas de que adianta estipular um aumento nas normas ou na pontuação mínima para ser GM? Já é tão difícil ser GM. Dessa forma, quase ninguém seria.

CXO – Qual foi a melhor partida da sua carreira?

- Cada partida tem o seu valor. Às vezes um simples empate quando a gente está totalmente perdido fica marcado para sempre. Uma partida marcante para mim foi contra o Paulo Jatobá, quando me tornei MI. Assim, obviamente eu poderia enumerar várias outras partidas e explicar o porquê de cada uma delas ter sido importante. Racionalmente, não tem como você separar apenas uma. Mais recentemente, de quando eu voltei no ano passado, destaco outra partida: contra o Marlos (Damasceno), não por brilhantismo, mas sim porque foi uma partida muito clara.

CXO – No auge da carreira, você estudava quantas horas por dia?

- Cheguei a ficar 10 horas ou mais mexendo com xadrez, mas não necessariamente estudando algo específico. Tentava me imaginar jogando contra o Milos, o Kasparov, entre outros, sempre me perguntando o que eu faria se um deles estivesse ali à minha frente.

CXO – Em 2008 alguns enxadristas brasileiros (MI Krikor e companhia), ao voltar de turnê pela Europa, trouxeram bons pontos de rating e normas de GM. Essas viagens foram decisivas para melhorar o nível técnico desses jogadores?

- Às vezes nos preocupamos muito com o rating e as normas e nos esquecemos da força. O que é um MI ou um GM? É aquele jogador que tem a força, independentemente do rating. Não adianta jogar um único torneio maravilhosamente bem e inaugurar o rating com 2700, se você não tiver a força para manter essa pontuação. Antes de pisarem no avião, é certo que eles se prepararam muito. Essa é a parte que a maioria das pessoas não enxerga. Portanto, isso iria acontecer na Europa ou em qualquer lugar. Se você tem a força, o rating aparece. Quando eu conheci, através do Messenger (MSN), o Evandro (Barbosa), por exemplo, que devia ter uns 11 ou 12 anos, já conversávamos sobre esse pessoal também, eles estão levando o xadrez a sério há muito tempo.

CXO – Nessa sua volta, registre suas considerações finais.

- Fiquei muito feliz com a revelação dos novos talentos de Minas: Arthur Chiari (Belo Horizonte), Caíque Rêda (Itaúna), Fernanda Rodrigues (Belo Horizonte), João Paulo Cassemiro Marques (São Sebastião do Paraíso), Frederico Gazel (Belo Horizonte), Roberto Molina (Belo Horizonte), Sérgio Eduardo (Montes Claros), entre outros. Alguns desses foram revelados nos projetos escolares, que têm recebido muitos incentivos governamentais. Apesar disso, registro algumas sugestões para a Federação Mineira: continue incentivando o xadrez nas escolas, porém, invista mais em torneios que possibilitem aos nossos enxadristas a conquista de rating e normas, para que tenhamos cada vez mais enxadristas com títulos reconhecidos pela Fide. Para isso, os torneios fechados, são imprescindíveis. Incentivos aos principais jogadores do estado podem estimular os jogadores a melhorar o nível técnico. Finais de campeonatos mineiros com matches, similares aos de finais de mundiais, também podem ser atrativas. Tudo isso pode servir não só para melhorar o nível técnico dos enxadristas mineiros, nossos representes, mas também para estimular novos adeptos para a modalidade.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/artigo.asp?doc=857

ENTREVISTA 15 - ENXADRISTA RANGEL CAVALCANTE.


ENXADRISTA RANGEL CAVALCANTE.
Elias: Como e quando você conheceu e aprendeu a jogar xadrez?
Rangel: Eu comecei a aprender jogar xadrez quando ganhei um xadrez de plástico pequeno, com algumas instruçoes atrás. Aí me deu curiosidade de aprender, daí resolvi correr atrás para aprender e buscar conhecimento. Antes, eu jogava dama e eu era muito bom, daí resolvi desafiar mais minha mente com xadrez. Daí, minha curiosidade em aprender xadrez. Isso foi quando eu tinha uns 12 anos, hoje tenho 21 anos. Eu ganhava de todos na escola...até que conheci uma pessoa que era melhor que eu no xadrez. Isso, me fez ter mais vontade de aprender e ganhar dele. Resolvi então estudar durante um ano, até que tornei-me melhor que ele. Aí, foi aparecendo as oportunidades, me tornei professor de xadrez, montei um clube de xadrez em Paraíso e dava aulas de xadrez, na escola como volutário.

Elias: Você lecionava lições elementares de xadrez nesse clube de xadrez?
Rangel: Sim, eu gostava de usar aquele livro - Título: Xadrez Basico. Autor: D´Agostini, Dr. Orfeu Gilberto. Sempre eu pegava algumas lições deles além de partidas da internet, mas o que eu mais gostava mesmo era de promover mini campeonatos.

Elias: Os alunos do clube eram os participantes do torneio ou você abria também para a comunidade de paraíso?
Rangel: A maioria era aberta pra comunidade, mas tinhamos campeonatos fechados para testar nosso conhecimentos adiquiridos, amistosos e simultâneas.

Elias: Você era o simultanista?
Rangel: Sim, eu quase sempre ganhava, era muito bom.

Elias: E hoje como está o xadrez em paraíso?
Rangel: Depois que eu sai, não teve mais ninguem pra correr atrás e incentivar o xadrez, aconteceu que povo de dispersou.

Elias: Como foi seu primeiro contato com o xadrez da capital tocantinense?
Rangel: Foi através da Academia de Xadrez Xeque-mate. Lá encontrei os melhores daqui em Palmas. Comecei a encontrar pessoas que treinavam e estudavam. E, eu gosto de encontrar pessoas melhores que eu, pois sempre tento me superar.

Elias: Uma vez, você me ligou dizendo, que iria abandonar de jogar xadrez. Por que você tinha tomado essa decisão tão radical?
Rangel: Pois é brother, essa é uma história meio complicada.

Elias: Você pode contar um pouco dessa história complicada?
Rangel: É que eu tenho um problema.... é que tem vezes, que não consigo me equilibrar e acabo me envolvendo demais com uma coisa. E isso acaba me prejudicando. O xadrez me envolveu demais, daí aconteceu isso, que quiz tirar o xadrez da minha vida. Mas daí, eu entendi que eu podia controlar e fazer disso um lazer e desafio, para minha vida. Aprendi que eu podia conversar sobre outras coisas, além de xadrez e ter uma vida normal.

Elias: Você recentemente se filiou a federação tocantinense de xadrez, como foi seu contato com a diretoria da FTX?
Rangel: Foi ótima.... bom esse é o primeiro passo para mostrar meu estilo de jogo e fazer do meu nome mais conhecido. mas meu principal objetivo é participar de compeonatos federais. sei que é difícil ganhar, mas treinando vc acaba melhorando sua perfomace e assim se tornando melhor. é a lei da envolução: se vc estar mais preparado maiores são as oportunidades.

Elias: Você pretende disputar torneios a nível nacional tipo valendo rating CBX dentro ou fora do Estado?
Rangel: Essa é minha estratégia maior, e a tática pra conseguir isso é estudando e participando de torneios. Mas o que mais me faz crescer é a prática.

Elias: Bem, deixe uma mensagem, para os enxadristas iniciantes de Palmas-TO?
Rangel: Quando alguem dizer que é melhor que você responda o seguinte..... Não sou o melhor sou apenas o mais bem treinado, sendo assim me torno invenssível!

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://www.xadrezpalmas.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=39%3Aentrevista-com-o-enxadrista-rangel&catid=2%3Ainformativo&Itemid=34

quinta-feira, 10 de junho de 2010

ENTREVISTA 14 - ANAND, APÓS A VITÓRIA, NO CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ (31.10.2008).


VISHY ANAND (CENTRO DA FOTO).

Traduzimos uma longa entrevista de Vishy Anand, ao jornal Alemão "Der Spiegel" antes da disputa do Campeonato do Mundo.

Agora gostariamos de presentear os nossos leitores, com uma outra entrevista de Anand, após a vitória deste, no Campeonato do Mundo.

Sexta-feira, 31 de Outubro de 2008 - 03:00 IST

Vijay Tagore.

Trazer de volta Kasparov diz Anand.

Vishy Anand está surpreendido pelo facto deste Campeonato do Mundo ter sido um campeonato de um só sentido.

Minutos após o empate na 11ª partida, com Vladimir Kramnik, portanto obtendo o título, o Grande Mestre Indiano falou com Vijay Tagore.

01. O que é que você fez bem?

Eu assumi certos riscos. Foi um jogo que pagou bem a cartada jogada. Eu sabia que ele iria trabalhar no meu 1. e4 (peão de Rei). Portanto, decidi jogar 1. d4 (peão de Dama). Toda a sua preparação para 1. e4 foi um desperdício. No entanto, não penso que tenha sido uma surpresa para ele, porque também preparou 1. d4. Mas eu poderia ainda pôr alguma pressão sobre ele jogando peão de Dama. A outra coisa foi que eu preparei algumas agudas e interessantes variantes com as peças negras. Isto for um conceito fantástico. Eu poderia tentar duas vitórias conduzindo as negras. Valeu bem a pena, em termos de tempo.

02. Você ficou surpreendido que o jogo fosse só num sentido?

Sim. O Kramnik nunca perdeu três jogos seguidos.

03. Quanto foi o esforço despendido para ganhar o título Mundial?

Isto esgota-nos. É preciso muito esforço e energia. Posso dizer-lhe que os últimos três dias foram muito intensos. Eu poderia ter terminado o match três dias antes. De facto, o último meio ponto exegiu de mim tanto esforço como como os primeiros seis pontos juntos. Eu tinha de pensar um dia inteiro na jogo da derrota da décima partida. Fiquei a ferver lentamente. Foi um grande alívio quando o Kramnik, hoje, me ofereceu o empate.

04. A derrota na 10ª partida fê-lo lembrar-se de Sanghinagar?

Na realidade não, apesar de ter de admitir que em certo ponto passou-me pela mente.
As coisas eram diferentes. Eu tinha três pontos de vantagem, e, sentia-me confortável.

05. Qual foi a vitória mais saborosa?

Eu ganhei a 3ª, e a 5ª partida conduzindo as peças negras. Mesmo a minha vitória na 6ª partida, de brancas, foi muito satisfatória, mas nada se compara ao empate de hoje.
Foi o momento de maior satisfação.

06. Qual foi o ponto de viragem?

Os três pontos de vantagem têm que ser o ponto de viragem. Para ser mais preciso, eu penso quew a segunda vitória (no jogo 5) foi uma espécie de ponto de viragem.

07. Você preparou-se devidamente para enfrentar Kramnik? Certo?

Penso que sim. Foi-nos necessária muita preparação. Nós estavamos capazes de controlar em que direcção o match deveria seguir. Particularmente na primeira metade. Na segunda metade, ele claramente recuperou e pôs-me muita pressão.

08. O Kramnik disse algumas coisas desagradáveis antes do match. Isto espicaçou-o?

Bem, você pode imaginar o que é que teria de ouvir se eu tivesse perdido o match. Quando você vê coisas desse género, só lhe dá motivação extra. Estou feliz por não ter que ouvir mais esse tipo de coisas.

09. Você perdeu muito mal em Bilbao, justamente antes do match de Bona. Lá você esteve escondendo as suas cartas?

Foi uma desilusão, mas eu sabia que não seria capaz de me concentrar completamente. Eu não estava escondendo o meu jogo, mas não estava preparado para jogar 1. d4 (peão de Dama). Por esta ordem de coisas, eu tinha de pôr de lado esse desapontamento.

10. Você pensa ter respondido aos seus críticos, especialmente aqueles vindos da Russia, os quais dizem você não ser capaz de vencer matches?

Sim. Eu penso que não terei de ouvir mais essas afirmações. O resultado do match responde por si.

11. Você venceu em todos os formatos - rápidas, knockout, e match. Concorda que não existe nenhum jogador mais completo do que você?

Pessoalmente não vejo nenhuma falha em nenhum dos formatos. Mas tendo ganho em todos os formatos, posso adiantar que me considero um jogador completo.

12. Você está pensando em Topalov ou Kamsky?

Neste momento só estou a pensar em festejar.

13.Você está a pensar num novo match de previlégio, o qual foi também dado a Campiões passados?

Não penso que algum dia o faria. Mas, na realidade ainda não pensei realmente acerca disso. Neste momento estou demasiado cansado para pensar nessas coisas.

14.Porque é que que você foi ao teste do doping depois do match?

Não teria sido necessário, mas era uma regra da FIDE, e, nós temos de seguir o regulamento. Foi uma espécie de teste electónico.

15. A quem é que você deve por esta vitória?

A muita gente. À minha familia, e, especialmente à minha esposa Aruna, que trabalhou como uma louca. Durante todo o ano ela fez todas as negociações e acordos. Depois à minha equipa - Peter Heine Nielsen, Rustam Kasimdz, Radoslaw Wojtaszek, Surya Shekhar Ganguly. Estes tipos fizeram um trabalho fantástico. Enquanto eu dormia, estes tipos trabalhavam até às 6 e 7 da madrugada.

16. Você já bateu todos excepto Kasparov. Lamentações?

Seria fantástico se ele mudasse o seu pensamento, e, saísse da sua retirada. Eu defenitivamente farei uma tentativa. Seria muito excitante jogar contra ele de novo.

17. Você está demasiado cansado para disputar a Olimpiada?

Definitivamente não jogarei a Olimpíada. Depois de todo este trabalho, estou demasiado cansado e esgotado.

18. Você ganhou tudo. Ainda tem o fogo no estômago?

Ainda está cá. Mas pensarei acerca disso mais tarde. Neste momento o meu pensamento está a trabalhar noutras coisas.

19. Finalmente, o que é que o Vishy Anand deixa como herança para o xadrez?

Não sei. Não estou ainda a pensar acerca disso. Hoje estou com espirito de celebração.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIAS:
http://mcp-crazychess.blogspot.com/2008/11/entrevista-vishy-anand-aps-o-novo-ttulo.html
http://www.dnaindia.com/
Susan Polgar blog
Traduçao by Afonsov.
Photo from FIDE.