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PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

sábado, 6 de abril de 2013

ENTREVISTA 56 - Prof. Luiz Fernando Zampa.

Perfil. Nome: Luiz Fernando Zampa Residência: São João Nepomuceno Data de nascimento: 12/02/1962 Profissão: Professor de espanhol (SESI), de inglês (particular) e de xadrez (SESI). Luiz Fernando Zampa. Fale um pouco sobre a sua história no xadrez. Como começou o seu envolvimento com este esporte? Meu contato com o xadrez foi aos doze anos no ginásio, antiga 5º série, hoje 6º ano fundamental. Eu presenciei dois amigos jogando xadrez, quando nós íamos fazer um trabalho escolar. Foi a primeira vez que eu vi alguém jogando, e logo em seguida um primo meu se dispôs a me ensinar os movimentos das peças. Aí nós começamos a brincar de xadrez sem um professor, de uma forma bem simples, em uma biblioteca escolar. Era nosso costume, todos os dias freqüentar uma biblioteca na parte da noite no centro de São João Nepomuceno. Ali a gente fazia pesquisa escolar, também aprendi a tocar violão dentro desta biblioteca. Era um ambiente muito cultural, foi quando eu tive o primeiro contato com o xadrez, brincando com alunos de escola. Você já participou de algum campeonato ou torneio como jogador de xadrez? Não. Nunca participei de torneio exceto no ano passado em umas duas ou três edições da Liga-X, mas com o meu envolvimento com os alunos, eu achei mais importante em vez de estar participando do torneio da Liga-X, dar mais assistência aos meus alunos. Então fora estes, eu nunca participei de outro evento de xadrez. E como foi o seu desempenho nas três etapas da Liga-X que você participou? Em uma eu consegui ficar em segundo lugar, na outra eu tive uma medalha de participação e na última fiquei em sexto ou sétimo lugar. Você dedica algum tempo ao estudo do xadrez? Infelizmente eu não tenho este tempo, porque como professor de espanhol e de inglês, me toma praticamente o dia todo e nas horas vagas, como eu moro com a minha mãe, eu dou assistência a ela. A gente sai pra fazer uma caminhada, vai ao supermercado fazer compras. Então no meu horário vago eu dedico à minha mãe e também a outro esporte que é o meu favorito, o número um, que é a corrida. Eu normalmente corro de dez a doze quilômetros por dia em estradas de roça. Como foi que começou o seu envolvimento como professor do SESI? Em 2005 foi inaugurada em São João Nepomuceno, a unidade do SESI com o nome de Robson Braga de Andrade, e eu me candidatei para dar aulas de espanhol. Passei nas provas seletivas e fui contratado. O vice-presidente da FIENG de minas Gerais setor Zona da Mata, me fez o convite para iniciar o xadrez no SESI, mostrar como se joga xadrez, enfim dar aquela aula inicial básica para os alunos. Então foi a partir de 2005 que nós começamos a introduzir o xadrez no SESI e eu fui como voluntário deste projeto. Quando foi em 2006 viemos pela primeira vez aqui em Juiz de Fora participar do Campeonato organizado pelo Colégio Academia, que a gente considera o Campeonato Escolar da Zona da Mata. A partir daí participarmos quatro anos consecutivos do Campeonato da Academia e depois conhecemos a Liga-X. Em 2010 viemos em apenas uma edição da Liga-X e em 2011 viemos em todas as edições e das 32 escolas participantes, nós ficamos em primeiro lugar. Este ano também estamos em primeiro lugar entre as escolas. Isto é muito importante porque vai dando experiência aos nossos alunos e motivando aos demais alunos da escola a participar deste projeto. Alunos do SESI - São João Nepomuceno Quantos alunos do SESI praticam xadrez? Estes alunos também são alunos do seu cursinho de inglês? No SESI nós temos 50 alunos aproximadamente, que treinam conosco todas as sextas-feiras. De 14:00 às 16:00 horas eu faço um treinamento de xadrez dentro da escola. A gente faz uma seletiva, um campeonato interno destes alunos para definir aqueles que vão participar dos eventos como Liga-X, o InterSesi que é os jogos do SESI e o Campeonato Brasileiro. E dos alunos que jogam xadrez, 80% são meus alunos de inglês. Também nos intervalos de uma aula para outra eu vou orientando estes alunos que estudam inglês comigo. Eu tenho uma sala onde eles ficam treinando praticamente todos os dias. O projeto do SESI é aberto para toda a cidade de São João Nepomuceno, para os alunos de escolas municipais e estudais, enfim a gente dá esta oportunidade a estes alunos de aprenderem xadrez com a gente e levar o xadrez para as escolas deles. Eu tenho recebido convites para estar implantando o xadrez nas escolas municipais e estaduais também. Infelizmente o meu tempo é restrito e eu tenho recusado estes convites, mas a partir do ano que vem eu vou analisar esta possibilidade de estar expandindo um pouco mais as nossas aulas para outras escolas. Como você disse, para trazer os alunos em torneios como a Liga-X, o InterSESI e o Intercolegial, você precisa fazer uma seletiva. Nós sabemos como é difícil deixar alguns para trás, entretanto é necessário fazer esta seleção, pois questões como condução impedem de poder trazer todos os alunos. Como você lida com esta separação? Eu procuro ser bastante honesto com os meus alunos. Por exemplo, o campeonato brasileiro tinha 20 vagas. A gente fez uma seletiva e todos os alunos sabiam que havia 20 vagas. A minha função é mais motivadora do que um professor, porque eu não tenho como pegar um aluno e fazer um trabalho de “personal trainer”, individualizar um treinamento específico para cada aluno devido a minha profissão de professor. Chega um ponto que eu falo para os alunos o seguinte: “agora vai partir para o talento individual de cada um, aquele que treinou mais, dedicou mais e estudou um pouquinho mais, agora nós vamos ver os talentos”, então quando a gente faz um torneio interno que passa a ser uma seletiva para os campeonatos, ali vai destacar aquele aluno que prestou um pouquinho mais de atenção nas nossas aulas e aquele talento individual. A partir dali começa a definir a equipe que vai participar dos campeonatos. Então para mim, às vezes, quando um aluno perde, muitos saem chorando, eu fico realmente triste, mas ao mesmo tempo restrito a quantidade de vagas que a escola disponibiliza para gente vir aos eventos. Muitas vezes a gente aprende no choro mais do que aquele que pula de alegria. Aqueles que choram, eles estão continuando a ter oportunidades para participar de outros eventos. Por exemplo, neste brasileiro, muitos alunos gostariam de estar aqui, mas não foi possível pela restrição de vagas que foram disponibilizadas pra nós. Tenho certeza que muitos vão ver o exemplo destes que vieram e a experiência dos que estão aqui, que vão levar para eles, motivação para que eles possam estar participando de futuros campeonatos. Alunos do SESI de São João Nepomuceno durane o Campeonato Brasileiro Escolar de 2012. Como você disse o seu tempo é muito escasso e com isso você não consegue ser um “personal trainer”. Como você faz para que os alunos continuem se desenvolvendo individualmente? Nós temos no SESI uma biblioteca bem vasta de xadrez. Nós temos excelentes livros e os nossos alunos têm o hábito de freqüentar a biblioteca, não só para usar os livros de xadrez, mas também os livros didáticos, a nossa turma é afiada na leitura. Então, está à disposição dos nossos alunos a biblioteca que tem no SESI. Eles também têm uma senha individualizada de um site que se chama Buho21. É um site espanhol e ali eles têm a possibilidade de jogar on-line com pessoas do mundo inteiro. Eu estou sempre disponível para eles, quando acaba a aula, eu consigo ficar ali mais meia hora a quarenta minutos para tirar alguma dúvida, jogar com um ou com outro e ajustar neste estrito limite de tempo alguns alunos. Os nossos alunos têm esta oportunidade, mas eu vejo que o maior crescimento deles é exatamente participando dos eventos, na Liga-X que é a nossa realidade. Ali tem proporcionado para eles um crescimento muito grande de ter contato com alunos aqui de Juiz de Fora e da região. Existe algum enxadrista, conhecido ou não, que você tenha admiração? No Brasil eu admiro muito o Rafael Leitão. Eu tive a oportunidade de conhecer ele em 2011 no Mundial de Xadrez da Juventude, onde eu dividi o quarto com ele. Eu já o conhecia pela personalidade que ele é, pela importância que ele tem no xadrez a nível nacional, mas eu tive a oportunidade de conhecer um pouquinho mais por ficarmos hospedados por 10 dias no mesmo hotel, então ali eu vi a pessoa que é o Rafael Leitão, o carinho e a atenção que ele tem com a gente. Eu já o conhecia através da imprensa e a partir daí passei a conhecer pessoalmente e minha admiração por ele ficou maior ainda. Ele tinha acabado de chegar dos jogos interiores de São Paulo e ganhou uma medalha. Nós ficamos hospedados no mesmo quarto. Ele fez a saída do hotel primeiro do que eu e esqueceu esta medalha no quarto. Eu peguei a medalha, guardei e passei um email para ele comunicando que a medalha tinha ficado comigo, pois ele havia esquecido no quarto e a resposta dele foi a seguinte: “Zampa eu gostaria que você ficasse com esta medalha e passasse para os seus alunos um pouquinho da minha história, da minha vida como uma lembrança da admiração que eu passei a ter por você e pelos seus alunos”, então é como se fosse uma recordação do hoje, número um do Brasil que é o Rafael Leitão para mim e para os meus alunos. De vez em quando eu levo esta medalha na aula, a gente sabe que é algo simbólico, mas foi algo de coração do Rafael Leitão. A nível internacional, eu pessoalmente admiro o Garry Kasparov, uma figura notória e o Bobby Fischer por ter quebrado aquela hegemonia soviética. A União Soviética era a melhor escola de todos os tempos do xadrez, haja vista hoje que eles mantêm aquele padrão depois da divisão da República Soviética. Ainda hoje, nestas repúblicas, os países individualizados mantêm aquele padrão que fez da União Soviética a número um do xadrez mundial. Para você, quais são as características que um enxadrista deve ter para conseguir se desenvolver? Eu acho que a principal característica é o treinamento, muito mais talvez do que aquele talento próprio que a gente vê que alguns alunos têm. Vejo que o treino, a dedicação e o empenho, são os fatores mais importantes. Ao mesmo tempo, o incentivo dos pais é fundamental porque não adianta o aluno ser um talento e nunca ter sido incentivando pelos pais ou pelo professor, enfim eu acho que vai juntando o interesse, a dedicação, o professor e os pais trazendo o filho aos eventos. Acho que isto tudo faz com que ele comece a ter bons resultados. Você tem algum objetivo ou meta em relação ao xadrez com estes alunos do SESI? Tenho. Quando a gente vai participar de um campeonato, eu traço os objetivos que a gente tem. O objetivo na Liga-X é revelar alguns enxadristas e motivar outros a participarem deste nosso projeto e buscar sempre os primeiros lugares nas categorias individuais e por escola. Então o objetivo nosso na Liga-X é fazer com que os alunos levem um troféu para casa, e como escola, estar brigando ali com as outras escolas para buscar o primeiro lugar porque essa é a nossa realidade da Zona da Mata. No Campeonato Brasileiro, o nosso objetivo é colocar alguns alunos entre os 10 do Brasil. Em 2010, no primeiro Campeonato Brasileiro que nós fomos, tivemos a oportunidade de colocar 4 alunos entre os 10, com toda a minha restrição, porque eu não sou um professor de xadrez, sou mais motivador. Conseguimos colocar 4 alunos: Arthur Sequetto, Guilherme Lucas, Brenda Ferreira e Jacymara. Em 2011 nós não participamos por questões de logísticas e neste ano nosso objetivo continua a ser o mesmo. Se a gente conseguir colocar um aluno entre os 10 do Brasil eu fico muito satisfeito. Valeu à pena toda a dedicação dos alunos, da escola, nossa e cumpriu a nossa finalidade. Como você disse, a escola soviética é um exemplo a ser seguido por outros países e o Brasil ainda tem um caminho muito longo pela frente para poder atingir um nível adequado no xadrez. Que sugestão você daria para melhorar a prática do xadrez em nosso país? Acho que o fundamental para o xadrez se desenvolver em uma nação, é começar dentro da escola. Investir nas escolas. Dentro do que eu tenho visto, muitas escolas municipais e principalmente estaduais, que são a maioria das escolas hoje no Brasil e em Minas Gerais, não tem um projeto de xadrez. É lógico que muitas outras têm. Eu tenho acompanhado aí alguns resultados de escolas. Fico muito satisfeito quando eu vejo escolas púbicas com alguns talentos de alunos de xadrez, mas acho que o que falta mais é investimento nas escolas públicas e particulares. Eu vejo muito também que depende do “paitrocinio”, às vezes o filho está em uma escola particular, mas quem está investindo é o pai, o pai é que está patrocinando, o pai é que está levando o filho no evento, está arcando com as despesas de inscrição, de hotel, de alimentação. Eu acho que a escola particular tinha que ter um carinho especial no xadrez, e começar a investir nisto. Abrir o cofre das escolas e gastar um pouco de dinheiro, levar mais alunos, colocar um professor dentro desta escola, para ali estar motivando outros alunos. Eu não tenho visto isto acontecer, mas o SESI tem feito isto, Ele não mede esforços em investir, em colocar alunos em um evento de alto nível. No ano passado nós fomos ao campeonato mundial de xadrez. Eles investiram pesado nos alunos e não cobraram resultados, pelo contrário, eles sabem que o xadrez é uma ferramenta pedagógica da escola, esta é a visão que eles têm, e com isto a gente tem o apoio total do SESI local e SESI Minas Gerais. Todo evento que nós vamos, eles patrocinam a inscrição do evento, o transporte, a alimentação, não medem esforços, dão o melhor para os nossos alunos, rede de hotelaria e livros. Então o investimento no SESI, o professor passa o projeto e eles investem 100%. Eu peço uma cota eles nos dão o dobro, hotel de alto nível, motoristas, empresas que viajam conosco são empresas selecionadas. A logística toda fica por conta da escola, há uma aprovação da gerência da escola e há uma aprovação da gerência de esporte e lazer de Belo Horizonte, que dá 100% o apoio que nós precisamos. Eu vejo que é isto, que as outras escolas tinham que ter esta visão de que o xadrez não é um esporte qualquer, é uma ferramenta pedagógica e ao mesmo tempo melhora o nível de concentração, raciocínio, cálculo, disciplina. Você tem alguma consideração a fazer? Eu só queria agradecer o carinho da AJUX que está disponibilizando este tempo para minha pessoa, para o SESI, para divulgar o nosso trabalho e gostaria de agradecer o carinho que vocês de Juiz de Fora receberam a gente de São João Nepomuceno, muito mais do que às vezes um adversário no tabuleiro de xadrez onde os alunos de São João enfrentam alunos de Juiz de Fora, mas a amizade passou a ser tão grande que a gente considera todos os alunos aqui de Juiz de Fora, não como adversários, mas como amigos, como irmãos, então é esta a nossa gratidão, minha e do SESI pelo carinho que a AJUX recebe a gente, o Haroldo da Liga-X, aos pais dos alunos daqui de Juiz de Fora sempre conosco, enfim a nossa gratidão porque isto motiva os nossos alunos a estarem treinando e a quererem estar participando de eventos importantes tanto quanto a Liga-X quanto os Campeonatos Brasileiros. Alunos do SESI de São João Nepomuceno na Liga X (FOTO). PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ). REFERÊNCIA: http://www.ajux.comuf.com/Categoria/entrevistas/