RESPEITE AS CRIANÇAS!

RESPEITE AS CRIANÇAS!
AS CRIANÇAS NÃO SÃO LIXO.




FOTOS E IMAGENS.

114 FOTOS E IMAGENS, NESTE BLOG.
AGRADECIMENTO PELAS FOTOGRAFIAS, IMAGENS, GRAVURAS E TEXTOS, DOS COLABORADORES, NOS SITES E BLOGS.
PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA 13 - ANA BAPTISTA.


FOTO 15.
Ana Baptista, bicampeã nacional feminina e campeã nacional absoluta de sub-20, concedeu uma entrevista a Mariana Pinheiro, do jornal i, a propósito da sua participação numa simultânea de 20 tabuleiros de jovens com o ex-campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, em 1999.



Ana tinha nove anos quando defrontou Kasparov pela primeira vez. Hoje tem 19, é campeã nacional feminina sénior e campeã nacional de sub20 absolutos, categoria que inclui rapazes e raparigas. E estava a estudar para um exame quando falou ao i.

Que perguntava a Kasparov se o reencontrasse?

Perguntava-lhe se se lembrava de uma miúda que há dez anos jogou com ele uma simultânea em Lisboa. E também gostava de saber se não tem saudades da competição. Ele agora está mais voltado para a política.

O que recorda desse dia?

Na altura, eu era uma miúda e ele era um dos meus ídolos, um dos melhores do mundo, senão o melhor e, claro, andava entusiasmada. Pensar que o ia ver ao vivo era completamente surreal. Perdi o jogo, como é óbvio, mas no fundo a vitória foi minha. Era uma alegria estar ali e ter tido a oportunidade de jogar com ele.

Dizem que o Kasparov fica muito tenso. É verdade?

De facto, costumam dizer isso., mas eu achei-o descontraído. Ele não tinha muito com que se preocupar [risos].

Como é que surgiu essa vontade de jogar xadrez ainda tão jovem?

Comecei a jogar na primária. Por acaso, foi engraçado porque, quando eu era pequena, era irrequieta. O normal seria não me interessar pelo xadrez. As pessoas olham para este desporto como uma actividade enfadonha e praticada sentada, o que não corresponde totalmente à verdade. O xadrez consegue ser um desporto bastante dinâmico, tem imensas combinações e diferentes ataques. Se pensarmos bem, são dois exércitos que se estão a defrontar numa batalha. Qualquer criança fica entusiasmada com isso.

Tags: Ana Baptista, jornal i
Posted in Entrevista | No Comments »

Entrevista com a MI e GMF Anna Muzychuk da Eslovénia
Wednesday, November 11th, 2009
Recebi do segundo vice-presidente do Ateneo de Cáceres, Ignacio García, a informação de ter sido publicada no sítio do clube, uma entrevista com a jogadora da Eslovénia, a MI e GMF Anna Muzychuk [533 FIDE]. De acordo com Ignacio García,


PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://xadrezpt.com/blog/category/entrevist

ENTREVISTA 12 - UMA VIDA PARA O XADREZ..



Uma vida para o xadrez.

FOTOS 13 E 14.

Do alto de seus 22 anos o MI brasileiro Krikor Sevag Mekhitarian fala ao Xadrez de Guarujá sobre sua vida, xadrez e expectativas. Krikor revela além de muita simpatia e entusiasmo alguns empolgantes detalhes da tragetória de alguém que acredita no futuro do esporte.

Xadrez de Guarujá: Quem é Krikor Sevag?

Krikor: Sou paulistano, nascido em 15 de Novembro de 1986. Tenho origem armênia, por parte de pai e mãe. Atualmente curso o último ano de administração de empresas, no Mackenzie-SP. Me formo em Dezembro agora. Gosto muito de seriados, ouço música de tudo que é tipo – principalmente eletrônica e latina. Moro na cidade onde nasci até hoje, mas sempre tive e ainda tenho vontade de me mudar para o interior.

Xadrez de Guarujá: O que é o xadrez e o que ele fez por ti?

Krikor: O xadrez deve representar uns 80% da minha vida até hoje. Por meio dele, já fui a diversas cidades e países que eu nunca imaginaria conhecer, tive contato com pessoas de todas as idades e regiões do Brasil e do mundo. Gosto de pensar que ao longo desses 16 anos de prática (aprendi aos 6), fiz uma faculdade de graduação, um mestrado e um doutorado nesse esporte. Abri mão de muitas coisas para me dedicar integralmente, mas cresci muito desde o primeiro momento e não me arrependo de ter vivido dessa maneira até hoje.


Krikor contra o GM Rafael Leitão na final do campeonato brasileiro de 2008 em Recife.
Xadrez de Guarujá: Como você aprendeu a jogar?

Krikor: Aprendi aos 6 anos – em 1992 – com o meu pai (que conhecia o jogo por causa do meu tio, muitos e muitos anos atrás. Hoje, meu tio, que mora na Espanha, sempre foi e sempre será um amante do xadrez e deve ter seus 1800 de força). Eu gostava muito de quebra-cabeças nessa idade, e certo dia, tive a brilhante (ou estúpida?) idéia de montá-lo com as peças viradas para baixo. Daí meu pai imaginou que poderia ser uma idéia me ensinar os movimentos desse novo jogo. Depois de muitas e muitas e muitas derrotas contra ele, comecei a ter aulas e aos poucos aquele passatempo se transformou em grande parte do que eu sou hoje.

Xadrez de Guarujá: Como tu te preparas?

Krikor: Nesses últimos anos, já tive diferentes fases quanto ao estudo. Em certas épocas, foquei mais em livros de finais, outras em livros de partidas, e durante certo tempo, eu só resolvia problemas artísticos. Entretanto, algo que eu nunca deixei de fazer (desde, digamos 2004, quando comecei a me dedicar bem mais por conta própria), foi a preparação de aberturas e análise de partidas recentes junto ao Chessbase. Esse último tópico me deixa em ótimas condições de ter um xadrez competitivo, utilizando-se de material novo e sempre com o repertório de aberturas em dia. Agora, é importante que fique claro, que antes dessa dedicação às aberturas, é necessária uma base bem reforçada com análise de partidas de ex-campeões do mundo, estudo de finais básicos e variados, e muito, muito, muito cálculo, que é uma área bastante menosprezada por muitos e faz uma diferença estratosférica na prática. Basicamente pelo fato de que toda uma preparação de abertura e todo um plano perfeito no meio-jogo pode ir abaixo com uma falha tática. Por isso, aí vai a dica para quem esteja motivado a dedicar-se: as aberturas são importantes, mas de fato são um diferencial apenas depois do nível de 2300, 2400. Até lá, um bom conhecimento estratégico, um cálculo afiado e uma noção boa de finais não vão te deixar na mão.



Krikor contra Neuris Delgado em 2008 na Colômbia.
Xadrez de Guarujá: Que dicas tu tens pra crianças que estão aprendendo agora e querem competir?

Krikor: As últimas dicas acima são direcionadas para um nível já mais avançado. Para as crianças, o que eu gosto de ressaltar sempre é que o xadrez, deve ser praticado com prazer, acima de tudo. Afinal das contas, ninguém gosta de fazer o que não quer né? Parece meio óbvio, mas na prática não é. Eu falo isso, pois muita gente que está começando, e de fato está motivada, acaba parando cedo por razões diferentes. Às vezes, pressão dos familiares, outras vezes pode ocorrer um esforço muito grande para certo campeonato e a frustração que vem depois, em caso de não sucesso é muito negativa. Por isso, antes de mais nada, divirtam-se. Se parece chato treinar, tente fazer com que o treino não seja um momento de chatice, mas sim algo agradável e divertido a se fazer. Durante as partidas, se você fica entediado de tanto pensar (pedir a uma criança que fique 100% do tempo concentrada a partida toda não é algo saudável), pense na vida, lembre de uma música. E claro, dê o melhor que você puder de si.

Xadrez de Guarujá: Pra ti, o esporte, ou o xadrez pode ter uma função de inclusão social?

Krikor:Acredito que o xadrez principalmente pode ter essa função. Como estudos provam, e muita gente já está careca de saber, esse nosso esporte traz muitos benefícios, como melhora de concentração, facilidade de raciocínio, etc. Esses benefícios são uma forte arma para difundir o xadrez Brasil afora, e se adicionarmos os inúmeros projetos de xadrez nas escolas pelo país, é possível enxergar que a inclusão social vem acontecendo em escalas cada vez maiores. O xadrez tem esse poder de melhorar habilidades e porque não dizer – melhorar as pessoas. Em caso do xadrez conseguir um espaço forte na mídia (talvez com a exibição de partidas com ritmo de tempo mais curto e socialização do aprendizado do jogo), as iniciativas públicas se multiplicarão mais rapidamente, e com o setor privado enxergando uma oportunidade, inúmeras portas serão abertas para todos que praticam – aqueles que estão começando, e outros que já estão em nível principiante, intermediário ou avançado.

Xadrez de Guarujá:Pra ti, qual o futuro do xadrez frente ao avanço tecnológico e a internet?

Krikor:Muita gente gosta de acreditar que o xadrez um dia vai ser refutado por completo e vamos ter que mudar as regras, mudar a formação inicial das peças. Na minha opinião, isso não vai acontecer, se continuarmos com nossos cérebros como eles são hoje. Mesmo se uma máquina revolucionária hiper-mega potente aprofunde-se ao máximo, na prática temos emoções em jogo, um tempo limitado e um cérebro que não funciona tão linearmente como um computador. Acredito sim, que cada vez mais, no xadrez de alto nível, a preparação de abertura será mais importante (como já é atualmente), e a posse de uma máquina mais potente é um detalhezinho a mais para quem já conhece o jogo de ponta a ponta. Hoje em dia, a Internet dá a possibilidade para qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, entrar em contato com praticamente todo o material de ponta disponível. E o fato disso ser tão distante da realidade de 15, 20 anos atrás. Tenho certeza que a revolução está apenas começando. Novos talentos surgirão cada vez mais precocemente, e daqui um tempo, ninguém se impressionará com a trajetória de Carlsen, Karjakin. Posso estar sendo um pouco radical, mas depois que minha prima de 9 anos começou a me dar uma aula avançada de como mexer no orkut e no photoshop, não duvido de mais nada.


Comentários : 1 Comentário »
Tags: Krikor, vida, xadrez
Categorias : Grandes Entrevistas

--------------------------------------------------------------------------------



--------------------------------------------------------------------------------
Categorias
Acontecimentos
Editorial
Grandes Entrevistas
Internacional
Opinião
Personagens
Política e xadrez
Tome nota
Torneios
Tags
Auxiliar técnico Campeonato Brasileiro de xadrez 2009 Carlos Alberto Sega clube Clube de Xadrez Santos cofres Copa Franco Montoro dinheiro Diário Oficial equipe equipe juvenil Esporte FIDE FPX Giovanni Vescovi golpe Guaibê Guarujá Jogos Abertos Jogos Abertos do Interior Jogos Regionais juventude enxadrista Krikor meninas Milos Nova fase Paulo Piasenti política políticas resultismo Rio de Janeiro sanguessugas Santo André Santos secretaria de esportes Secretaria de esportes e lazer Secretari de Esportes e Lazer Suzi São Caetano do Sul tabu torneio unidade vida xadrez xadrez femininoComentários
Romeu Fontes em O sucesso mora ao lado.
Jaqueline Pitarko em Giovanni Vescovi é o novo camp…
Giovanni Vescovi é o… em Uma vida para o xadrez.
xadrezdeguaruja em O dia internacional do xadrez …
Elizete Aparecida Da… em O dia internacional do xadrez …
Jose Saravio Jr. em Equipe de Guarujá não particip…
Jose Saravio Jr. em Equipe de Guarujá não particip…
Davi S.M. de Melo em Equipe de Guarujá não particip…
xadrezdeguaruja em Equipe de Guarujá não particip…
Jeferson Peres em Equipe de Guarujá não particip…
Prof. Arnaldo Bispo em Equipe de Guarujá não particip…
Tiago Conceição em Equipe de Guarujá não particip…
Natiele Silva em Xadrez de Guarujá é 14° nos Jo…
Jose Saravio Jr. em Xadrez de Guarujá é 14° nos Jo…
mizael rodrigues em Xadrez de Guarujá é 14° nos Jo…

Páginas
Quem somos

fevereiro 2010 S T Q Q S S D
« dez
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28

Arquivos
dezembro 2009
novembro 2009
outubro 2009
setembro 2009
agosto 2009
julho 2009
junho 2009
maio 2009
agosto 2008
Blogroll
WordPress.com
WordPress.org
Meta
Login
Posts RSS
RSS dos comentários
WordPress.com

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://xadrezdeguaruja.wordpress.com/category/grandes-entrevistas/

domingo, 21 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA 11 - ARTEMIS PÂMELA GUIMARÃES CRUZ.


FOTO 12.
ARTEMIS PÂMELA GUIMARÃES CRUZ.
14 ANOS
RESIDENTE: PRAIA GRANDE

Pica pau: Com quantos anos você iniciou no xadrez?

Artemis: Com 10 anos.

Pica pau: Como surgiu o gosto e a paixão pelo xadrez?

Artemis: Foi na escola com 10 anos.

Pica pau: Quais foram seus campeonatos ou torneios mais importantes?

Artemis: Brasileiro em 2009, Paulista, Copa Ayrton Sena - Vice Campeã com 10 anos meu primeiro torneio.

Pica pau: Ganhar troféus e medalhas fazem você se sentir como?

Artemis: No inicio era muito importante e ficava feliz, hoje fico feliz, mas não igual. Hoje eu avalio o nível das partidas.

Pica pau: Quantos Campeonatos e torneios você lembra ter participado?

Artemis: Perdi as contas, foram muitos.

Pica pau: Qual ou quais os títulos mais importante para você?

Artemis: O brasileiro em 2009 onde fui Campeã.

Pica pau: O que o pessoal da escola e amigos acham de você ser uma enxadrista?

Artemis:Alguns gostam, outras tem ciumes.

Pica pau: Para você, qual o valor de seu primeiro troféu ou medalha?

Artemis: Adquiri mais confiança, foi um estímulo.

Pica pau: Na sua opinião, qual o jogador ou jogadora de xadrez que você mais admira?

Artemis: Judite Polgar.

Pica pau: Quantas horas você se dedica no estudo do xadrez?

Artemis: 3 horas diárias em casa e as outras com professor.

Pica pau: Qual a pessoa mais importante que te incentiva a jogar xadrez?

Artemis: Minha mãe.

Pica pau: Na escola que você estuda, são ministrada aulas de xadrez?

Artemis: Sim, mas eu não participo são turmas de iniciantes.

Pica pau: O que você gosta de fazer nas horas vagas?

Artemis: Gosto de ler, e assistir TV.

Pica pau: Você pratica um outro tipo de esporte? Qual?

Artemis: Não.

Pica pau: O que mudou na sua vida depois que você começou a praticar xadrez?

Artemis: Conheci muitas pessoas, fiz novas amizades.

Pica pau: Qual o recado que você deixa para a galerinha que esta iniciando no xadrez?

Artemis: Nunca desista! No inicio é difícil,
mas não parar e estudar muito.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://xadrezdopicapau.blogspot.com/2010/02/entrevista-da-semana.html

sábado, 20 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA 10 - JÔ SOARES ENTREVISTA O ENXADRISTA ÉDSON MESQUITA.

ENTREVISTA REALIZADA EM 25 DE JULHO DE 2003.
FOTOS 10 E 11.

Por volta da 1h da manhã do dia 25 de julho foi ao ar na Rede Globo a entrevista de Jô Soares com o estudante Édson Mesquita, de 15 anos e que ficou conhecido como o primeiro aluno a conseguir uma bolsa de estudos no tradicional Colégio Bandeirantes, em São Paulo.

O jovem vinha se destacando frente aos demais colegas em uma escola pública em Parelheiros, zona sul da cidade, o que motivou sua professora a buscar o apoio de um colégio que lhe desse melhor estrutura para desenvolver todo o seu potencial. "Ele é o sonho de toda professora" - afirmou.

Acompanhado ainda de sua mãe e do irmão, Édson disse que as disciplinas que mais lhe interessam são a matemática e a física. Essa afirmação fez com que Jô Soares brincasse: "Pois é, e essas são as matérias que eu mais detestava na escola! É preciso ter excelentes professoras nessas áreas para aprendê-las...".

Jô então perguntou a Édson se ele gostava de xadrez, pois tinha ouvido falar que ele era um excelente jogador. Ao que André respondeu que apesar de não jogar tão bem era o esporte que mais lhe agradava e que fazia aulas de xadrez no Colégio Bandeirantes, tendo participado inclusive de um campeonato.

Por volta da 1h da manhã do dia 25 de julho foi ao ar na Rede Globo a entrevista de Jô Soares com o estudante Édson Mesquita, de 15 anos e que ficou conhecido como o primeiro aluno a conseguir uma bolsa de estudos no tradicional Colégio Bandeirantes, em São Paulo.

O jovem vinha se destacando frente aos demais colegas em uma escola pública em Parelheiros, zona sul da cidade, o que motivou sua professora a buscar o apoio de um colégio que lhe desse melhor estrutura para desenvolver todo o seu potencial. "Ele é o sonho de toda professora" - afirmou.

Acompanhado ainda de sua mãe e do irmão, Édson disse que as disciplinas que mais lhe interessam são a matemática e a física. Essa afirmação fez com que Jô Soares brincasse: "Pois é, e essas são as matérias que eu mais detestava na escola! É preciso ter excelentes professoras nessas áreas para aprendê-las...".

Jô então perguntou a Édson se ele gostava de xadrez, pois tinha ouvido falar que ele era um excelente jogador. Ao que André respondeu que apesar de não jogar tão bem era o esporte que mais lhe agradava e que fazia aulas de xadrez no Colégio Bandeirantes, tendo participado inclusive de um campeonato.

Foi então que Jô Soares afirmou ter lido recentemente a biografia de Bobby Fischer, o único norte-americano a conquistar o título mundial no xadrez, e até falou do confronto de Fischer contra Spassky, passando em seguida a dizer sobre a retirada de Bobby dos tabuleiros, sua volta posterior (em 1992) e de seu novo afastamento...

Jô citou ainda o ex-campeão mundial cubano Capablanca e mais adiante o livro de Malba Tahan (O Homem que Calculava), que relata a lenda do jogo de xadrez, com o famoso cálculo dos grãos de trigo!

Mas, se Jô Soares mostrou um razoável conhecimento da literatura enxadrística, na parte prática disse que nunca conseguiu aprender as regras básicas. Solicitou então ao Édson que lhe desse uma primeira lição, tomando emprestado um modesto jogo de peças que Miltinho, um dos integrantes do sexteto, carregava sempre consigo.

Édson falou dos movimentos das peças e de como elas tomavam umas as outras.

Miltinho então foi convidado por Jô a disputar uma partida contra Édson. Milton começou com 1.e4, ao que foi respondido por Édson 1...e5. Seguiu-se 2.Df3 (tentando aplicar o mate pastor) 2...Cf6 3.Bc4 Cc6.

Nesse momento foi interrompida a partida, pois já estava praticamente findado o tempo de 20 minutos destinado a cada entrevistado.

Encerrando a entrevista, Jô parabenizou Édson pelo bom desempenho nos estudos e disse que precisa arrumar um professor de xadrez...

Na condição de enxadrista, ficamos contentes que o xadrez esteja se tornando cada vez mais popular, tendo sido abordado em programas conceituados como o do Jô Soares, que é assistido por milhões de pessoas.

Torcemos para que a modalidade que tanto temos lutado para se desenvolver continue com esse crescente interesse por parte da mídia, governo e, naturalmente, da população brasileira!

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ)

REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/menu_artigos.asp?s=cmdview1797

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA 9 - Kasparov cogita presidência e diz que governo Putin desvia dinheiro.

17/09/07 - 07h09 - Atualizado em 17/09/07 - 17h07.


FOTO 9.

Ex-campeão mundial de xadrez deu uma entrevista exclusiva ao G1.
Ele afirma que há desvio de verba pública para contas particulares.

Ele derrubou milhares de reis, rainhas, peões, bispos, torres e cavalos. Já ganhou, inclusive, de uma supermáquina construída apenas para derrotá-lo no xadrez. Garry Kasparov, porém, ainda quebra a cabeça para encontrar uma maneira de vencer o presidente russo Vladimir Putin em outro tipo de tabuleiro: o político.

Com sua projeção na mídia internacional, o ex-campeão mundial de xadrez deu voz à reprimida oposição russa e agora cogita ser candidato à Presidência do país em 2008, como ele afirmou em entrevista exclusiva ao G1, feita através de e-mails ainda antes da dissolução do governo russo, ocorrida na última quarta-feira (12).

E, após derrotar inúmeros rivais no xadrez, Kasparov tem pela frente, em suas próprias palavras, "Don Putin" e um governo que "dedica-se inteiramente a extrair dinheiro do país e destiná-lo a contas e ativos privados da minúscula elite que comanda o país".

Conheça a vida de Kasparov

Entenda a atual situação política da Rússia

Veja os bastidores desta entrevista

As imagens da carreira de Kasparov

Veja vídeos históricos de Kasparov

William Waack: Vladimir Putin e a arte de entender o Kremlin

Críticas semelhantes ao governo Putin já haviam sido feitas pelo bilionário russo Boris Berezovsky, homem que as autoridades brasileiras acreditam que está envolvido na lavagem de dinheiro com a venda de jogadores ao Corinthians. Mas o governo russo sempre nega as acusações. Diz que não passam de denúncias infundadas.



saiba mais
Parlamento russo aprova nome indicado por Putin para premiê Após virar 'Rambo', Putin beija peixe Jornal traz guia para ficar como 'Rambo' Putin Conheça a história de Kasparov Rússia diz que ordem para matar jornalista anti-Putin veio do exterior Veja vídeos históricos de Kasparov Entenda a situação política na Rússia Kasparov compara Putin a Franco e Pinochet Após declaração de Kasparov, Putin admite virar primeiro-ministro Após declaração de Kasparov, Putin admite virar primeiro-ministro Jovens levam 'Putin' para manifestação pró-governo
--------------------------------------------------------------------------------
Considerado um dos melhores jogadores de xadrez da história, Kasparov mergulhou no mundo político logo que se aposentou dos tabuleiros, em março de 2005. Ele formou o grupo "Frente Civil Unida" e se uniu à principal coalizão de oposição a Putin, chamada de "A Outra Rússia". Sua atuação lhe valeu uma detenção de dez horas durante um protesto em abril deste ano -ele foi solto após pagar uma multa.

Nesta entrevista, Kasparov fala sobre Boris Berezovski e o milionário Roman Abramovich, solta o verbo contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez (a quem chama de "bufão"), afirma que a política é muito mais complexa do que o xadrez e diz que conta com a ajuda do Brasil e de outros países ocidentais para diluir o poder de Putin.

Confira abaixo a íntegra da entrevista ao G1:

G1 - O sr. afirma que não há democracia na Rússia. Por quê?
Garry Kasparov - Em primeiro lugar, trata-se de uma hierarquia rígida com todo o poder emanando do homem no topo de tudo, o "Don Putin", como o descrevi naquele editorial do "Wall Street Journal". As estruturas democráticas foram enfraquecidas ou totalmente destruídas e o Kremlin controla as esferas públicas e privadas. Em segundo lugar, tem tudo a ver com dinheiro. Nada a ver com ideologia ou influência geopolítica. Este governo dedica-se inteiramente a extrair dinheiro do país e destiná-lo a contas e ativos privados da minúscula elite que comanda o país. Existem outras semelhanças, como a eliminação implacável da oposição.
Tentei ser otimista quando Putin assumiu o poder, em 2000. Yeltsin obviamente não era forte o suficiente para combater a burocracia. Mas não deveria causar surpresa o fato de um homem da KBG (a agência de serviços secretos da antiga União Soviética) fazer jus ao seu passado.

G1 - No artigo do "Journal of Democracy", você escreveu que quando ingressou na política estava em xeque-mate. Por que? O que aconteceu? O que é mais difícil: derrotar o Deep Blue (computador da IBM que venceu uma partida de Kasparov, em 1996, mas perdeu outras três) ou o governo de Putin?
Kasparov - A diferença é que agora meu oponente pode mudar as regras quando quiser. E não estou na briga sozinho, mas sim trabalhando com uma ampla coalizão, "A Outra Rússia". Então é mais complicado.

G1 - Você se lançará candidato a presidente em 2008 ou em algum outro ano?
Kasparov - Bem, ao contrário do método de Putin, "A Outra Rússia" de fato adota a escolha democrática! Ainda creio que existam outros candidatos mais qualificados. Se os representantes me nomearem, então eu poderei optar. Mas estou ocupado demais trabalhando como moderador desta frágil coalizão.

G1 - É possível comparar política e xadrez?
Kasparov - O xadrez ensina que não há posição invencível, porque você é obrigado a se mover. Da mesma forma, a posição do Kremlin parece forte, mas não pode ser mantida. As eleições de março de 2008 forçaram uma crise e a pressão já está provocando rachas. Além disso, em ambos os casos a falta de equilíbrio representa falta de simetria que pode ser explorada para a vantagem do outro. Mesmo que sua posição geral seja inferior, você ainda possui chances de vencer se conseguir aproveitar as fraquezas do seu oponente. É claro que política é muito mais complexa, infinitamente mais. Porém os ensinamentos do xadrez se aplicam muito bem.

G1 - Como ficou a situação de "A Outra Rússia" com a morte de Boris Yeltsin (em 23 de abril de 2007)?
Kasparov - Yeltsin empossou Putin e era protegido por Putin. Sua morte nos fez lembrar que, embora ele fosse uma pessoa com falhas em diversos aspectos, acabando mal-sucedido, sua liderança ousada em um momento crítico deu à Rússia oportunidades de conquistar uma democracia legítima. Agora, Putin está minando essas oportunidades.

G1 - Quem são as oligarquias na Rússia? Quais são as alternativas de "A Outra Rússia"?
Kasparov - Não faz sentido dar nome aos bois. Os oligarcas de Putin chegam e partem, como [Boris] Berezovsky (que é o dono da MSI, segundo o Ministério Público Federal do Brasil), que o colocou no poder e depois foi forçado a sair. Hoje, [o magnata Vladimir] Potanin e [o milionário Roman] Abramovich (dono do time de futebol inglês Chelsea) estão ajudando Putin a administrar seu orçamento e realizar as operações para fazer o que chamo de "privatizar os lucros e nacionalizar as despesas". É a KGB Inc.!

G1 - Você escreveu no artigo do "Journal of Democracy" que a Rússia não pode se tornar uma Arábia ou uma Venezuela em termos de petróleo. Você é a favor do governo Hugo Chávez? O que a Rússia pode oferecer a outros países?
Kasparov - A Rússia possui uma vasta tradição de excelência em cultura e indústria. Contudo, na gestão Putin nossa habilidade em setores como educação, arte e indústria está entrando em colapso. Todo o dinheiro que deveria ser investido nessas áreas está saindo do país, embora tenhamos lucros recordes em gás e petróleo. Gostaria de ver a Rússia como mais um membro do mundo das nações democráticas. Um país que ajude seus vizinhos em vez de ameaçá-los.
Chávez é apenas mais um bufão que ascendeu graças ao elevado preço do petróleo. O padrão é sempre igual. Primeiro, o Estado quer controlar algumas empresas, depois mais empresas, depois impor restrições a alguns jornais ou a uma emissora de televisão, e depois a cada vez mais órgãos de imprensa. O sistema totalitário nunca adormece e está sempre faminto. Neste momento, ele possui dinheiro suficiente para dominar, persuadir ou intimidar quem reclamar. No entanto, muitos venezuelanos e seus vizinhos já perceberam o direcionamento tomado por Chávez. Agora, se o preço do petróleo cair, ele e muitos outros regimes repressores sustentados pelo petróleo também irão cair.

G1 - O que "A Outra Rússia" pode fazer para evitar a máfia?
Kasparov - Demorará muitos anos para desarticular a burocracia corrupta existente hoje na Rússia e para reconstruir instituições democráticas. Transparência e um sistema judiciário independente, além de uma imprensa livre, são a única receita.

G1 - Boris Berezovski é seu amigo? O que acha dele?
Kasparov - Não somos amigos e ele não tem nada a ver com "A Outra Rússia". Ele tem suas próprias prioridades, principalmente chamar a atenção. Se ele estivesse fazendo metade do que diz fazer para combater Putin eu já ficaria feliz!

G1 - Como o Brasil pode ajudar a Rússia e "A Outra Rússia"?
Kasparov - O Kremlin já demonstrou ser vulnerável às pressões externas. Não gosta que seja dada atenção às suas negociatas sujas. Durante anos todos ignoraram o que acontecia na Rússia enquanto Putin destruía nossa democracia que começava a se constituir. Mas quando começamos a chamar a atenção eles reagiram. Eles possuem dinheiro no Ocidente e não podem perder completamente suas credenciais, ou podem perder o acesso a todo aquele dinheiro. Qualquer declaração do Brasil e de outros países ajudaria a voltar a atenção internacional para o problema. De pequenas iniciativas podem surgir uma grande mudança.

G1 - Você sente saudades de jogar xadrez como profissional?
Kasparov - Às vezes, apesar de estar tão ocupado com outras coisas agora que nem daria para voltar ao xadrez profissional! O meu livro "Xeque-Mate, A vida é um jogo de xadrez" está sendo lançado no mundo todo e tenho muitas palestras agendadas. Sem contar, é claro, meu trabalho em tempo integral na política! E minha família, é claro. Nem dá tempo de sentir saudade do xadrez. Só jogo de vez em quando o fast chess (blitz) pela internet.

G1 - Quais são as diferenças entre a Moscou da União Soviética e a de agora?
Kasparov - São incontáveis, tanto boas quanto ruins. Ainda há mais liberdade em diversos aspectos, heranças da era Yeltsin, quando teve início a nossa democracia. Mas elas estão sendo eliminadas e, em alguns aspectos, as coisas na verdade pioraram. Estávamos começando do zero em 1991. Agora a cabeça das pessoas foi feita contra a democracia devido às falhas e ao colapso da economia na gestão Yeltsin e à debilitação das instituições democráticas na gestão Putin. As pessoas não sabem ao certo o motivo pelo qual devem estar a favor disso porque isso foi usado muitas vezes contra elas. O povo da Rússia enfrenta um nível de instabilidade que gera uma enorme pressão.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL105597-5602,00.html

ENTREVISTA 8 - Alexandr Fier, Campeão Brasileiro. Por: Felipe Betschart, em Fevereiro de 2006.


FOTO 8.

É possível diferenciar um grande campeão dos outros jogadores, pela maneira dele conversar, pelas suas idéias. E é justamente isso que Alexandr Fier, o atual Campeão Brasileiro de xadrez, mostra nesta entrevista (por email) concedida ao site "Xadrez em Atibaia". Como todos os enxadristas brasileiros, ele se diz prejudicado pela falta de apoio, mas não mostra desânimo frente a essa adversidade, afinal, ele joga xadrez e a vida é só um hobbie...


1 – Onde nasceu e em qual ano?
Nasci em Joinville, em 1988.

2 – Você mora em qual cidade? Você gosta dela?
Atualmente moro em Curitiba, e gosto muito de lá. Acho uma cidade muito bonita e Tranqüila.

3 – Quando começou a jogar xadrez?
Comecei a jogar de 3 pra 4 anos. Eu via meus pais jogando por brincadeira e fiquei curioso. Eles me ensinaram e gostei, depois disso não parei mais.

4 – Você se interessa por outro jogo além do xadrez?
Já tentei de tudo: futebol, basquete, judô, handebol, atletismo, mas sempre desisti depois de Pouco tempo, pois viajava e faltava muito, além de ter sérios problemas com rotina.

5 – Pratica algum esporte (tipo futebol, tênis, basquete)?
Bom, no momento não faço nada, só futebol quando o pessoal resolve se reunir, mais por diversão mesmo.

6 – Você joga xadrez pela Internet (ICC, FICS, etc.)? Se sim, você poderia nos dizer seu nick (handle)?
Jogo só no icc, com o nick Fier (não muito criativo).

7 – Na Internet se costuma jogar blitz e bullet (ou seja, partidas rápidas). Na sua opinião, o xadrez virtual ajuda a desenvolver o jogo ou é apenas passatempo?
Eu acredito que é uma das coisas que mais me ajudou a evoluir no xadrez. Durante uma partida, mesmo sendo de blitz na internet eu atinjo um nível de concentração que jamais alcançaria durante os estudos. Além de ser importante também para estudar aberturas e procurar as falhas no próprio jogo.

8 – Para chegar onde chegou você precisou estudar muito xadrez? Como foi seu estudo e seu treinamento?
É realmente necessário muito estudo. Mas só estudar não adianta, o ideal é achar um equilíbrio entre a teoria e a prática. Eu, por exemplo, joguei mais de 200 partidas de torneio no ano passado.

9 – Você leu muitos livros de xadrez? Pode citar alguns deles?
Li poucos, mas gostei bastante dos que li. Vou citar os que eu lembrar aqui:

Estratégia moderna de xadrez
Livro de problemas do Polgár
Finales artísticos
Zurich 53

São todos livros muitos bons que certamente impulsionaram meu xadrez e me ajudaram a ficar fascinado pelas 64 casas.

10 – Quais são suas aberturas e defesas prediletas?
Gambito do Rei e Alekhine são minhas aberturas de estimação, pois jogo cada uma há mais de 10 anos, então deu tempo de me identificar com cada uma.

11 – Infelizmente, o xadrez no Brasil não está tão bem quanto queríamos... Na sua opinião, qual é o maior problema do xadrez brasileiro?
O maior problema certamente é o apoio. Quando comparado com outros esportes chega a ser patético. Jogadores de futebol, vôlei, e outros esportes têm muito mais facilidade para conseguir patrocínio, enquanto eu sofro, às vezes, para conseguir dinheiro para uma passagem de 100 reais. Acho que não tem comparação.
12 – Você acompanhou os jogos do Vescovi no torneio Corus, realizado na Holanda? Se sim, o que achou?
Acompanhei pouco, pois estava e estou viajando, portanto com pouco acesso à internet. Mas pelo que vi, ele teve um começo bom ganhando uma partida muito interessante do Jobava e se manteve bem até a quinta ou sexta rodada. Depois acho que não manteve a performance inicial. É uma pena, estava torcendo por ele, assim como todo brasileiro, creio eu.

13 – Para você, qual o melhor jogador brasileiro atual? E o melhor jogador brasileiro de todos os tempos?
Acho que no momento Vescovi e Milos estão em melhor forma, ambos jogam e conhecem muito xadrez. O maior de todos os tempos acho que foi Mecking, quando estava em seu auge.

14 – Quem foi o maior jogador de todos os tempos, na sua opinião?
Tal foi o melhor. Ele mostrou a magia existente no xadrez, que existe algo mais além de variantes e variantes.

15 – Você pretende conquistar quantos títulos mais? Você pensa em se profissionalizar no xadrez? Pretende alcançar quantos pontos ELO?
Pretendo conquistar tudo o que puder. Não consigo me ver fazendo outra coisa a não ser jogar xadrez. Acho que se um dia eu for um professor de matemática, ou um vendedor, é porque alguma coisa deu errado. Eu jogo xadrez, a vida é só um hobbie... Quanto ao rating digo o mesmo. Acho que são poucos os que dizem que querem chegar até certo ponto e depois se dão por satisfeitos.

16 – Como você vê a aposentadoria de Kasparov e seu início na carreira política?
Ele escolheu um outro rumo e acho que é compreensível. Porém fico triste quando qualquer pessoa pára de jogar...

17 – Num match entre Kasparov e Topalov, em quem você apostaria?
No momento Topalov se encontra na melhor forma, mas mesmo assim é difícil, pois num match existe toda uma preparação, toda uma equipe e nessas duas coisas acho que Kasparov é melhor. Acho que o resultado é imprevisível, mas o que é certo é que seria um grande espetáculo.

18 – Conte-nos uma cena que marcou sua vida enxadrística.
Uma cena que me marcou muito foi quando eu estava num palco, recebendo o troféu de vice no mundial e vi a felicidade do pessoal do Brasil que estava lá comigo. Foi lá que vi o quanto o esforço é gratificante.

19 – Você freqüenta ou freqüentou algum clube de xadrez?
Vou esporadicamente ao Clube de Xadrez de Curitiba, mas só para jogar blitz e me divertir com os amigos.

20 – Você teve professor de xadrez ou fez seus estudos sozinho?
Quanto aos professores, já tive vários: primeiramente meus pais que me ensinaram o básico. Depois, Wilson da Silva e Augusto Tirado, que me treinaram no Clube Erbo Stenzel (Curitiba), e na Academia Espaço X, respectivamente. Logo após tive aula com o Everaldo Matsuura e, quando me mudei para Santa Catarina, com o Renan Levy. Em 2001 voltei para Curitiba e de lá para cá treinei sozinho.

21 – Dê um recado para seus fãs e todos aqueles que admiram sua carreira enxadrística!
Espero que consiga dar motivos de alegria para todos os que torcem por mim. E que me vejam mais como um amigo do que como um ídolo.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.clubedexadrez.com.br/portal/xadrezematibaia/fier.htm

ENTREVISTA 7 - ROBERTO CARLOS HENGLES.


FOTO 7.
Entrevista - Roberto Carlos Hengles

Entrevista com o enxadrista Roberto Carlos Hengles (deficiente visual) que participou do Aberto do Brasil na cidade de Botucatu-SP de 21 a 23 de abril de 2006, num torneio de elevadíssimo nível técnico, fez três pontos em seis possíveis.
Trata-se de uma pessoa extremamente simpática, e muito bem humorada. Com rating FIDE de 1972, foi entrevistado por Cássio Roberto Pucci.

XR - Como você começou a jogar xadrez?

RC - Eu comecei a jogar xadrez na Biblioteca Municipal de Itapecerica da Serra-SP, onde eu moro, e lá que eu aprendi a movimentar as peças.Por volta dos 18 anos eu comecei a participar das competições, torneios, na Academia Borba Gato e no Clube de Xadrez de São Paulo.

XR - A deficiência visual, você já nasceu com ela, ou teve algum acidente ou doença, como isto ocorreu em sua vida?

RC - Não, eu sofri um acidente, graças a Deus eu enxerguei. Eu estou sem enxergar porque há 11 anos atrás eu levei um tiro em um assalto (Neste momento humoradamente, ele ressalvou: “Não era eu que estava assaltando não, me assaltaram”). Foi quando tomei o tiro que me fez perder a visão. A partir de então parei de jogar por cinco ou seis anos e depois eu comecei a jogar na biblioteca, na faculdade, nos torneios que aconteciam na FUP. Um torneio que é realizado entre as Faculdades de São Paulo. Houve numa ocasião até um desafio para mim, que se eu estivesse entre os primeiros colocados do evento estaria dispensado do pagamento da mensalidade e isto me ajudava.

XR - Do ponto de vista médico, a sua perda de visão é irreversível?

RC - Sim, pelo menos por enquanto não é possível voltar a enxergar, mas eu penso em duas coisas: -A medicina está avançando então é possível que no futuro através destes avanços eu volte a enxergar. E também que para Deus tudo é possível.

XR - Como foi então o seu processo de adaptação no xadrez após o acidente?

RC - Foi assim: eu já jogava xadrez, porém depois que eu sofri o acidente eu pensei “não posso mais jogar xadrez, eu jogo assim eventualmente, jogo com os amigos, mas torneios será muito difícil jogar”. Felizmente depois conheci o tabuleiro adaptado, relógio, pois até então eu jogava as partidas de memória. O que é muito difícil, jogar seis partidas de memória a partida inteira com 21 minutos. Quando soube desta adaptação comecei a jogar, um amigo meu me deu um tabuleiro adaptado e depois eu fui jogar um torneio numa associação CADEVI em São Paulo, foi quando eles me viram jogando e logo após teve o Campeonato Brasileiro de Deficientes Visuais no ano de 2000, foi minha primeira participação em competição oficial para deficientes visuais, fui vice-campeão. Depois fui melhorando, comprei um outro relógio e tabuleiro. Disputando o Campeonato Brasileiro me classifiquei para disputar o Campeonato Mundial na Espanha e a Olimpíada na Polônia com o vice-campeonato. Posteriormente comprei outro relógio e um tabuleiro de xadrez adaptados, que me ajudaram muito, já que muitas pessoas me enganavam, mentiam com relação ao tempo, quando eu perguntava me diziam: “você tem cinco minutos” e me obrigavam a jogar rápido, na outra pergunta: “você tem dez minutos” onde invariavelmente eu dizia: “Mas não disse que eu tinha cinco minutos”. E a pessoa dizia: “Ah! Eu falei errado”.
Infelizmente tem pessoas que se transformam, como em todas as modalidades. Já pensei em parar de jogar, porque alguns achavam que levo vantagem pelo fato de terem de me falar o lance, porém eu também tenho que falar a elas meu lance antes de acionar o relógio.
Para isso tomei a seguinte atitude, ameacei gritar, chamando o árbitro “Venha até aqui, ele diz que eu estou levando vantagem, por favor, coloque este tapa olho nele, para jogar de igual para igual”. Quando falei desta forma não ouvi mais este tipo de comentário, pois ficaram com medo de passar pelo ridículo.

XR - Agora nos explique com relação a este relógio adaptado, como ele funciona?

RC - A cada acionamento ele me avisa do tempo restante. Este relógio tem dois botões para escutar o tempo, o meu tempo e o tempo do adversário.

XR - Como você disse, existe então o Campeonato Brasileiro de Deficientes Visuais?

RC - Sim, sou o Campeão Brasileiro da Categoria, já representei o Brasil em competições internacionais na Espanha na Polônia e na Turquia e no ano passado no o Pan-Americano de Deficientes Visuais realizado no Brasil onde eu conquistei a medalha de bronze. É a primeira medalha internacional de xadrez de deficientes visuais do Brasil, primeira e única até o momento.

XR - Qual é aprendizado teremos com os deficientes visuais, o que ajudaria a melhorar o nosso jogo?

RC - O poder de mentalização, o cálculo, a memorização. Eu já enxerguei, já joguei quando enxergava e na verdade vantagem eu não levo e eu já joguei dos dois lados e é muito mais fácil jogar enxergando, porém eu procurei desenvolver a minha parte de jogar as partidas com cálculo, ou seja, calcular as variantes possíveis em partidas complicadas, eu gosto de partidas bem complicadas, gosto mais do que as partidas simples. Gosto do jogo complexo, “gosto de ver o circo pegando fogo”.

XR – Temos muito que aprender principalmente do ponto de vista mental, ou seja, ver mentalmente.

RC - Nós somos obrigados a desenvolver esta parte da memorização e quando se tem mais tempo para jogar, o desempenho melhora.

XR - O jogador que enxerga normalmente talvez ele se acomode. Ele está vendo e diz: “Ah! Isso aí depois eu vejo”. E então o mais cego acaba sendo ele, pois não percebe as melhores jogadas.

RC - Há situações em que a pessoa fala: “Ah! Eu não vi esta jogada que você fez”. Eu respondo: “Nossa! Nem eu”

XR - Você já deu simultânea?

RC - Já dei aula no Dante Alighieri em São Paulo, no ano passado fiz uma simultânea de xadrez para pessoas que enxergam ou não numa feira internacional que aconteceu em São Paulo.

XR - Cite alguns colegas seus deficientes visuais que também se destacam na prática do xadrez atualmente.

RC - Tem um rapaz do Rio Grande do Sul que o nome dele é Adroildo, tem o Maurício do Rio de Janeiro, o Claudinei de São Paulo, Lucena, Crisolom. Estes são os primeiros do ranking nacional que também temos uma pontuação destes torneios que participamos.

XR - Como é seu treinamento para os torneios?

RC - A minha preparação é assim: Tenho alguns livros, uma menina lê para mim, também faço algumas aulas. Já fiz aulas com alguns mestres, tive aula com o Everaldo Matsuura e sempre jogo os torneios e dessa maneira que eu me preparo.

XR - Existe uma literatura Braille voltada para o xadrez hoje?

RC - No Brasil não, é possível que na Espanha exista literatura Braille para deficiente visual. Inclusive este relógio que eu tenho eu comprei na Espanha, o tabuleiro adaptado comprei na Polônia. Assim que fui ficando em melhores condições para competir, porque anteriormente não era fácil jogar a partida inteira de memória.

XR - Quanto ao preconceito?

RC - Ainda existe, mas já estão se tornando exceção, ainda existem pessoas que sacaneiam, mas já é uma minoria, em todo lugar tem as pessoas corretas e as nem tão corretas assim. Mas o preconceito tem diminuído bastante. No princípio as pessoas não admitiam perder para uma pessoa que não enxergava. Depois eu fui ganhando e isso já melhorou muito. Hoje eu jogo e as pessoas sabem que podem ganhar ou perder.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.xadrezregional.com.br/entrevista_rch.html