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PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

sábado, 31 de agosto de 2013

ENTREVISTA 72 - Robert James Fischer revisitado.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://xadrezparaler.blogspot.com.br/search?updated-max=2013-04-05T05:13:00-07:00&max-results=7&reverse-paginate=true


Robert James Fischer revisitado

DO BLOG DO EIDER. Postado, quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


É comum de tempo em tempo sair reportagem sobre o lendário enxadrista Estadunidense Bobby Fischer em diversos veículos de comunicação. Não é para menos, pois a revolução que ele causou no mundo do xadrez é digna de ser lembrada, estudada e louvada sem sombra de dúvidas. Dessa vez a reportagem que saiu no jornal on-line britânico TheGuardian foi a respeito de uma entrevista feita com o atual campeão mundial, o indiano Vishwanatan Anand, na qual ele declara ter se encontrado com Fischer em 2006. Alguns detalhes do relato de Anand me perturbam desde que eu comecei a ler sobre a biografia do Grande Mestre que no início da década de 70 mudou o rumo dos acontecimentos do xadrez mundial. Pretendo nesse post comentar sobre alguns desses detalhes que na minha opinião fazem toda a diferença quando discutimos a repeito de Robert James Fischer.
Na primeira frase da entrevista Anand diz: " eu encontrei Bobby Fischer surpreendentemente normal e calmo". Baseado em décadas de um discurso preconceituoso a respeito da personalidade de Fischer, Anand esperava encontrar uma pessoa louca e descontrolada. Sabemos que a mídia enxadrística vem reproduzindo sempre a mesma coisa desde a década de setenta: excêntrico, maniático, esquizofrênico, paranóico e coisas mais nessa mesma linha de raciocínio. E conceituando-o dessa maneira tão veementemente e por tanto tempo acabou-se criando um senso comum muito forte na imagem desse gênio. O resultado é que não vemos mais os fatos com os nossos olhos e sim a partir de um discurso pre-estabelecido. Discurso esse que tem uma finalidade muito específica: silenciar a perigosa visão de mundo do maior jogador de xadrez de todos os tempos.




Perigosa pra quem? essa pergunta é muito ingênua pra ser respondida secamente. Mas lembramos que o auge do gênio em questão coincide com o auge da guerra fria onde tudo era uma questão de ponto de vista, de posicionamento e que as opiniões eram formadas a seu respeito levando-se em conta o lado em que se estava na luta política. Fischer, inevitavelmente, levava consigo o peso de sua nacionalidade para onde quer que fosse e era símbolo de uma ideologia capitalista anticomunista pautada pelo individualismo exacerbado. Portanto, podemos dizer sem medo de errar que ele não era visto com bons olhos pelo lado socialista do mundo - e, como sabemos, a nação ícone do socialismo era a união soviética que, por sua vez, dominava o cenário do xadrez mundial. Korchnoi, Petrosian, Spassky, Tal, são apenas alguns das dezenas de nomes que podem ser citados.

Como o xadrez acabou se tornando mais uma extensão da intensa luta política entre duas ideologias antagônicas que apenas se aproximavam em seus paradoxos, não era interessante para a URSS um herói norte-americano, sobretudo se esse herói fosse carismático. E Fischer em 1962 teve um dos seus maiores sucessos em sua curta trajetória no xadrez: ele venceu o Interzonal de Estocolmo com 2,5 de vantagem sobre os seus maiores rivais soviéticos, finalizando com 80% de aproveitamento e sem ter sofrido uma derrota sequer. Segundo Korchnoi nos conta em sua autobiografia intitulada no castelhanoEl ajedrez es mi vida... y algo más a imprensa soviética tinha grande influência sobre os meios de comunicação, ainda mais quando se tratava de xadrez e foi desde então que começou a campanha de difamação da personalidade de Bobby Fischer.

"Fischer comenzó a ser criticado en todo el mundo del ajedrez como una persona que se comportaba de forma inapropriada, causaba escándalos y violaba las reglas elementales de conducta, provocando innumerables problemas en los torneos tanto a los organizadores como a los participantes". (P.52) 


No entanto, Korchnoi na sequencia de seu relato, diz que pelo que ele recorda pouquíssimos jogadores tinham do que reclamar de Fischer, pois sua conduta diante do tabuleiro era impecável e que suas "chatices" em relação aos organizadores contribuiram de forma decisiva para a profissionalização do xadrez. Mas nesse momento os problemas com a imprensa e com a construção do discurso do senso-comum dos enxadristas pelo mundo todo tinha em contrapartida os meios de comunicação ocidentais que prestigiavam Bobby e faziam uso de sua imagem como propaganda política Estadunidense. Até então tudo ocorria bem para Fischer, pois era assim mesmo que funcionava o jogo de opostos na guerra fria - mal falado lá, bem falado aqui, não havia como ser diferente.

É quando as idéias políticas de Fischer começam a se tornar mais complexas e perigosas também para o ocidente que seus reais problemas com seu posicionamento perante as coisas do mundo iniciam. No entender dele os paradoxos da sociedade capitalista se tornam tão nocivos quanto os paradoxos da sociedade socialista. A "ditadura do capital" sustentada e legitimada pela aparente imaculável democracia é tão sanguinária quanto a "ditadura do proletariado" soviética. Tudo se mescla, o bem e o mal se fundem no turbilhão de idéias do gênio. Seu anticomunismo acaba se tornando também antimericano e ele solitário abandona tudo. Numa carta de boas vindas ao Ocidente destinada ao dissidente soviético Korchnoi, Fischer chama essas forças de Forças do Mal. Para tentarmos entender melhor essas idéias, abaixo disponibilizo essa carta traduzida por mim ao português:

Pasadena 9 de junho de 1977

Querido Victor, como está você?Fico feliz que as coisas estejam funcionando para você em sua nova vida. Eu vi seu amigo Ives Kraushaar hoje e nós nos demos muito bem. Fico feliz que ele esteja te ajudando a se ajustar à vida do ocidente. Por causa de minha atitude intransigente em relação ao comunismo, eu tive meus problemas, mas assim é a vida. Eu não acredito em comprometimento, acomodação e submissão ao mal. É assim que são todas as coisas. Espero te ver nos Estados Unidos, na Europa ou em qualquer outro lugar logo.

Tudo de melhor e felicidades para você.

Bobby Fischer

Nessa carta fica claro o seu anticomunismo, mas se pensarmos no que ele diz a respeito de ser contrário ao "comprometimento, acomodação e submissão ao mal" talvez possamos pensar em algo muito mais abrangente. Em 1992 Fischer deliberadamente desobedece o decreto que diz que nenhum cidadão Estadunidense pode em hipótese alguma entrar num país socialista sem autorização do Estado Americano: sabemos que ele jogou o match revanche comemorativo dos 20 anos de sua vitória pelo título mundial em 1972 contra Spassky na Ioguslavia que era um país de regime socialista. Na ocasião, Fischer cuspiu publicamente num documento oficial do estado americano que o proibia de entrar no país Ioguslavo, demonstrando total negligência com suas leis e com a sua própria cidadania. Essas idéias eram perigosas demais para a manutenção do status quo capitalista. Bobby se identificava com a luta de Victor contra as forças opressoras da ditadura soviética, pois ele mesmo tinha uma luta parecida no ocidente. Era preciso silenciar o seu discurso. Por essa razão a imprensa ocidental também comprou o discurso a respeito de Fischer que já era muito bem conhecido e aceito no leste europeu e começa a insistente reiteração às suas deficiências psicológicas. A idéia que até hoje é estampada em qualquer reportagem que tenha relação a Bobby Fischer é a de desvalorização de seus pensamentos, de seus discursos políticos, taxando-os simplesmente de paranóicos: não há como dar valor para o que um louco fala.

Voltando a entrevista citada no início do texto, Anand influenciado por décadas de prática discusiva sobre Bobby Fischer em Jornais, Revistas, Rádio e Televisão, não consegue ver outra coisa a não ser Bobby preocupado com gente que o esteja seguindo e segundo Anand isso simbolizava que sua paranóia nunca o abandonou. Talvez ele estivesse preocupado com jornalistas - apenas isso.
Embora Fischer pudesse ter vivido uma vida muito bem ajustada como campeão mundial, com muito dinheiro e fama, ele escolheu ir para um outro lado na luta política mundial ao não se submeter, ao escolher um lado muito específico em sua ideologia quase anarquista, ao se negar ser marionete no complexo jogo das relações de poder. Num jargão muito bem conhecido pela psicologia podemos concluir que Robert James Fischer era umDesajustado.


Referências

KASPAROV, Garry. Meus Grandes Predecessores V.4. Ed. Solis. Santana de Parnaíba, SP: 2006
KORCHNOI, Viktor. El ajedrez es mi vida.... y algo más. Ed, Chessy. Santa Eulalia de Morcín, ES: 2010
http://www.guardian.co.uk/sport/2011/dec/02/vishy-anand-small-talk-interview
Bobby Fischer tells the truth nothing but the truth 
http://www.youtube.com/watch?v=QryuMf8qZ0g Acesso em: 23/12/2011
Bobby Fischer Spits
http://www.youtube.com/watch?v=RjbaSVXUq5c&feature=related Acesso em 23/12/2011 


Fonte: http://www.cruzeider.blogspot.com/2011/12/robert-james-fischer-revisitado.html

ENTREVISTA 71 - MAGNUS CARLSEN ENTREVISTADO PELA REVISTA ÉPOCA.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:

http://xadrezparaler.blogspot.com.br/search?updated-max=2012-01-05T01:58:00-08:00&max-results=7&start=14&by-date=false






Magnus Carlsen entrevistado pela Revista Época
"Ainda podemos derrotar as máquinas"

O pupilo de Kasparov e mais jovem número 1 do mundo da história do xadrez – façanha obtida na semana passada – fala a ÉPOCA sobre o futuro do jogo
Na semana passada, ao derrotar o húngaro Peter Leko em um torneio em Moscou, o norueguês Magnus Carlsen se tornou o mais jovem número 1 do xadrez desde a criação do ranking mundial, em 1970. Ele atingiu 2.806 pontos, um a mais que o búlgaro Veselin Topalov. Ironicamente, ele superou o recorde de seu atual mentor – o ex-campeão mundial (1985-2000) Garry Kasparov, que chegou ao topo aos 20 anos, em 1984. O bizantino sistema do xadrez faz com que Carlsen não seja o campeão mundial – o título pertence ao atual número 3, o indiano Viswanathan Anand. A julgar pela evolução de Carlsen, essa distorção é uma questão de tempo.

ÉPOCA – Você esperava ser o mais jovem número um da história?
Magnus Carlsen - Honestamente não. E é por isso que tem sido tão divertido. Sei que há muitas outras metas a cumprir. A mais imediata é conservar ao máximo este ranking.

ÉPOCA – Sua próxima ambição é ser o mais jovem campeão mundial?
Carlsen - Meu objetivo é ser campeão, não importa quando. Não tenho pensado muito no Mundial ou no ciclo para chegar até lá. Uma coisa é ser um simples candidato ao título, outra bem diferente é estar preparado para a disputa. Minha meta é melhorar meu jogo. O título mundial será uma extensão.

ÉPOCA – O atual campeão do mundo é o indiano Viswanathan Anand, o terceiro do ranking, e não você, o número um. Tal disparidade não confunde o público?
Carlsen - Não penso nisso. Deixo esta resposta para a Fide (a Federação Internacional de Xadrez).

ÉPOCA – Ser treinado pelo Kasparov foi iniciativa sua?
Carlsen - A ideia inicial foi dele. Quando soube por um amigo em comum que Garry gostaria de colaborar, imediatamente aceitei. Logo acreditei que seria bom para o meu desenvolvimento. Começamos em janeiro, e nosso acordo vale até o final do ano que vem. Passamos alguns dias juntos na Croácia, em Moscou e na Noruega. Não vou entrar em detalhes sobre nossa rotina, mas temos dado ênfase às aberturas (lances iniciais das partidas). Mantemos contato mesmo à distância. Ele segue meus torneios pela internet, em tempo real.

ÉPOCA – E por que ele te procurou? Pelo dinheiro?
Carlsen - Ele sempre fala em oferecer um legado, em dar algo ao xadrez. Campeões do passado ajudaram na formação do seu jogo, e ele agora quer fazer algo parecido no papel de treinador. Eu não poderia querer um técnico melhor. A contribuição dele é ótima tanto na técnica quanto na psicologia do jogo. Sua energia é impressionante. Sempre fico cansado quando termino um dia ao seu lado. Mas é bom.

ÉPOCA – Nos jogos entre vocês, quem ganha?
Carlsen - Há muito equilíbrio, são bons jogos. Nenhum de nós quer perder.

ÉPOCA – Teme decepcioná-lo?
Carlsen - Nunca se tem certeza de nada. Confio no meu potencial, e meu papel agora é buscar minhas metas e jamais desistir.

ÉPOCA – O que conversaram depois que assumiu o topo do ranking?
Carlsen - Nada diferente do que vínhamos falando antes, que o importante é seguir focado no desenvolvimento do jogo e não desistir nunca.



ÉPOCA – Como os programas e sites de xadrez melhoraram seu nível de jogo?
Carlsen - Hoje é possível jogar e reproduzir online as partidas dos grandes torneios. Como a Noruega não tem tradição no xadrez, a internet foi uma grande ferramenta durante meus primeiros anos no tabuleiro. Só depois é que passei a treinar na academia de Simen Agdestein (seu primeiro treinador). No passado, nascer em país de forte tradição, como a União Soviética, representava uma importante vantagem, mas o xadrez moderno é mais democrático. A internet e os softwares nivelaram o jogo.

ÉPOCA – O domínio da máquina sobre o homem não torna o xadrez monótono e menos criativo?
Carlsen - A capacidade de cálculo dos computadores é claramente maior, mas isso não diminui o xadrez como esporte mental praticado entre pessoas, por mais que elas tentem decorar aquilo que o computador sugere. Humanos sofrem pressão e estafa, o que interfere muito no resultado final. Acho benéfica a interferência das máquinas no xadrez. Ela facilita muito a compreensão do público nas partidas disputadas entre os jogadores de elite. Isso tem sido importante para o aumento do número de praticantes.

ÉPOCA – Os computadores hoje são imbatíveis?
Carlsen - Não afirmaria isso. Os humanos seguem com chances na metade do jogo (fase em que, segundo os enxadristas, a intuição é tão importante quanto o cálculo).

ÉPOCA – Você pensa em desafiar um programa de ponta, como o Deep Fritz?
Carlsen - Por enquanto não. Se houvesse um match assim, não entraria esperando ganhar.

ÉPOCA – Você começou a jogar aos oito anos. Qual a melhor idade para iniciar no xadrez?
Carlsen - Não há uma regra. Mais importante que a idade é a motivação para entender o jogo. Acho que uma criança está pronta para isso dos 4 aos 10 anos.

ÉPOCA – Quando percebeu que era um talento raro?
Carlsen - Nunca me considerei assim, mesmo hoje. Mas tive uma noção da minha qualidade já nos primeiros torneios. Mesmo tendo aprendido a jogar mais tarde que meus adversários, conseguia vencê-los.

Fonte: Revistas Época, VEJA e ISTOÉ

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

ENTREVISTA 70 - EDVALDO BEZERRA DINIZ

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.jcnet.com.br/noticias.php?codigo=269670&p=


09/12/12 03:00 - Geral

Entrevista da Semana: Edvaldo Bezerra Diniz

Professor e técnico enxadrista, ele fala sobre sua trajetória em Bauru e em sua terra natal

Ana Paula Pessoto
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Neide Carlos
Professor e técnico enxadrista, ele fala sobre sua trajetória em Bauru e em sua terra natal
Foi com o sorriso solto e a simpatia hospitaleira que dá fama aos nordestinos que Edvaldo Bezerra Diniz, mais conhecido como Paraíba, recebeu a equipe do JC em sua casa para falar sobre sua profissão como professor e técnico enxadrista e suas muitas histórias vividas em sua terra natal e em Bauru, sua cidade de coração. 
 
Quando aqui chegou, em 1978, a adaptação foi difícil por questões climáticas e culinárias... “Antes de vir para cá eu não sabia o que era comprar um blusão ou mandar fazer uma camisa de flanela”, lembra com bom humor. 
 
Professor e técnico de xadrez do Bauru Tênis Clube (BTC) desde 1980, o entrevistado de hoje também trabalha na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel) há 26 anos como assistente desportivo e técnico de xadrez. “Trabalho em escolas do município, no Colégio Educare e há três meses comecei um trabalho no Consórcio Intermunicipal de Promoção Social (CIPS)”, acrescenta. 
 
Apaixonado pelo ensinar, o professor acredita que o xadrez ajuda a desenvolver a atenção, concentração, paciência, memória, sensibilidade e a criatividade das crianças, além de ensinar sobre o saber ganhar e perder. 
 
Homem religioso, ele já viajou muito e foi premiado pela profissão. Em Bauru, já recebeu 16 edições do Troféu Ligado como técnico e um como notável do esporte. Confira estas e outras histórias do Paraíba de Bauru, a seguir.     
 
 
Jornal da Cidade - Você nasceu na Paraíba e construiu a sua vida em Bauru. O que o trouxe ao Interior de São Paulo?
Edvaldo Bezerra Diniz (Paraíba) - Eu vim para Bauru em 1978 por causa de uma tia que é enfermeira padrão e que veio trabalhar no Hospital de Base. Eu sempre morei com meus avós e essa tia ajudou a me criar. Bem, ela se formou na Paraíba e veio para São Paulo em busca de melhores salários. Eu admiro muito a coragem da minha tia, uma jovem recém-formada, na época. Cerca de um ano mais tarde eu vim com a minha avó e a minha irmã.  
 
JC - O xadrez veio na bagagem?
Paraíba - Eu aprendi a jogar xadrez na escola onde estudei, em João Pessoa, em 1975. Um professor e alguns colegas de escola me despertaram o interesse pela atividade, mas eu era um principiante e não sabia muito sobre o assunto. Na Paraíba não havia professores de xadrez, foi em Bauru que eu encontrei o primeiro. Aliás, esta ainda é uma profissão nova no Brasil. 
 
JC - E quando você se tornou o “Paraíba de Bauru”?
Paraíba - Logo que eu cheguei eu passei a frequentar o Sesc e o BTC como aluno. Era época de quartel e eu ainda não tinha emprego, uma época difícil que eu superei através das amizades e das pessoas boas que eu conheci. Logo o professor saiu do BTC e eu comecei a dar aulas, isso em janeiro de 1980, onde estou até hoje como professor e técnico de xadrez. Aqui eu sou conhecido como Paraíba, mas fora de Bauru, principalmente no universo do xadrez, eu sou o Paraíba de Bauru (risos).  
 
JC - Considera-se um bauruense?
Paraíba - Com certeza. Eu me apresento como o Paraíba de Bauru porque é assim que eu me sinto. Foi aqui que eu me formei, é onde tenho a minha profissão e foi onde eu me casei há 23 anos e formei a minha família. Bauru me deu tudo de bom. 
 
JC - Por quais caminhos o xadrez já o conduziu?
Paraíba - Olha, eu já conheço 18 estados brasileiros, e também estive fora do País por causa de um mundial realizado em 1988 na Romênia, um país do qual eu gostei muito e senti que eles também gostam do Brasil e se interessam pela nossa cultura. 
 
JC - E por falar em mundial, você participou de muitas competições? 
Paraíba - Algumas, sim. Já participei de oito pan-americanos, todos eles no Brasil, mas o contato com o povo latino-americano foi muito gratificante. Também participei de alguns mundiais, brasileiros...
 
JC - Você já foi premiado com o seu trabalho?
Paraíba - Para mim foi uma honra ter sido campeão em 1978 do Torneiro dos Capivaras,  hoje chamado de Memorial Valzinho. Depois disso eu ganhei duas vezes os Jogos Abertos como técnico, em 1987 e em 2000. Bauru ganhou por 11 anos consecutivos os Jogos Regionais. Eu tenho um bom número de medalhas e troféus, mas a maioria como técnico, e já formei 12 campeões brasileiros. Outra coisa muito importante na minha vida é o Troféu Ligado. Eu ganhei 16 troféus como técnico e um como notável do esporte.    
 
JC - Você também trabalha na Semel, certo?
Paraíba - Sim, há 26 anos como assistente desportivo, mas também faço o trabalho de técnico de xadrez. Trabalho em escolas do município, como a Emef Etelvino Rodrigues Madureira e, devido a uma parceria com a Semel, há três meses eu comecei um trabalho no Consórcio Intermunicipal de Promoção Social (CIPS). Também trabalho no Colégio Educare. 
 
JC - Como o seu trabalho é desenvolvido?
Paraíba - Como técnico eu atuo praticamente na formação de amadores, ou seja, trabalho com jogadores que não seguem a carreira para ser um futuro mestre. Há uma grande diferença entre o técnico de xadrez e o jogador. São trabalhos diferentes. O técnico conhece as técnicas do jogo, tem experiência e prepara o enxadrista corrigindo suas falhas e fazendo um trabalho de incentivo, o que é muito importante. Já o jogador estuda o xadrez e disputa competições. 
 
JC - Qual é a missão do xadrez nas escolas?
Paraíba - Ele ajuda a criança a desenvolver várias habilidades, como atenção, concentração, paciência, memória, sensibilidade, criatividade, visão espacial... E, principalmente, o saber ganhar e perder. Hoje, a gente percebe que há uma briga muito grande entre as pessoas, principalmente no esporte e na religião. E o xadrez prepara para a vida e na vida a gente ganha e perde, aliás, a gente perde muito para poder ganhar. Isso sem contar a parte lúdica que ele (xadrez) representa.  
 
JC - E você consegue passar tais mensagens para as crianças com o xadrez?
Paraíba - Sem dúvida. Todos os anos os professores do Etelvino conversam com a direção e realmente é comprovado que o rendimento escolar melhora muito depois de seis meses de prática do xadrez.  Os que gostam podem continuar e frequentar o BTC, além de participar de campeonatos da Federação Paulista de Xadrez e da Confederação Brasileira de Xadrez.    
 
JC - Voltando à Paraíba, como foi a sua infância e adolescência no Nordeste? 
Paraíba - Eu nasci em Esperança, mas vive lá só até os 6 anos de idade. Depois fui para Alagoa Grande, terra de Jackson do Pandeiro, e dos 13 aos 18 anos eu vivi em João Pessoa. Minha infância foi muito boa, eu brinquei muito. Passava as férias na casa dos meus primos, pessoas que ainda mantenho um bom contato familiar. Eu também li muito. Sem condições de comprar livros, eu ia brincar na casa de um amigo, entrava no quarto dele e ficava lendo. Na hora de ir embora, eu marcava a folhinha onde tinha parado e continuava a leitura no outro dia (risos). Eu também gostava de ver o Zorro na casa dele. Eu conto para meus alunos que eu não tinha geladeira e TV, mas eu li muito e aprendi com a leitura. 
 
JC - Foi difícil a adaptação no Interior de São Paulo?
Paraíba - Foi muito difícil por questões climáticas, culinárias, de amizade... Eu passei frio em Bauru. Antes de vir para cá, eu não sabia o que era comprar um blusão ou mandar fazer uma camisa de flanela. Mas agora eu gosto mais do frio do que do calor (risos). 
 
JC - Fale um pouco sobre o seu hobby, a filatelia. 
Paraíba - Apesar de eu ter trabalhado durante alguns anos no Correios como carteiro interno, no período noturno, esse hobby nasceu quando eu vi um anúncio de um vendedor de selos no jornal, em 1997. Eu me interessei pelo assunto e até hoje coleciono selos com a temática xadrez e Nordeste.  
 
JC - Você é um homem religioso?
Paraíba - Eu sou católico e gosto muito da minha religião e de tudo que se refere a Deus. Leio a Bíblia e livros sobre religião. Acho que a vida fica mais fácil com a fé. Eu também acredito no agradecimento. Em primeiro lugar, eu agradeço a Deus por tudo e também agradeço a todas as pessoas que acreditaram em mim em algum momento e que me ajudaram a vencer na vida, de modo especial agradeço aos meus padrinhos de casamento que sempre estiveram ao meu lado. 

ENTREVISTA 69 - C. A. FARINHO.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.damasciencias.com.br/entrevistas/entrevista_fco_marcelo.html


DUAS ESCOLAS

Estamos, sem dúvidas, diante de dois jovens talentos: Marcelo e Iuri. A formação e o desempenho deles, no entanto, convidam-nos a reflexões comparativas.
Marcelo, como se pode depreender de sua entrevista, teve como fator principal  na sua escola de Jogo de Damas a prática, a intensidade de partidas jogadas, onde a teoria participou tardiamente. A profundidade das análises não faria parte do seu desempenho eficientíssimo nas partidas de pouca duração.
Iuri teve como orientador um Mestre que o colocou em contato, desde o início de seu aprendizado, com a teoria existente. Foi convidado a calcular com profundidade e a tomar decisões próprias em consequência dessas análises elaboradas.

Dois conceitos, duas escolas. Marcelo extremamente treinado na partida rápida ou na partida relâmpago, esta hoje denominada de forma snobe por "blitz", de análise curta. Iuri treinado para a partida de análise profunda, preparado para dominar e essência de um jogo de reflexão, de racicínio.
O acima observado encontra confirmação do desempenho dos dois talentos no Campeonato Mundial Juniors de Partidas Relâmpago de 3 minutos, realizado na Ucrânia a 26 de abril de 2002, onde Marcelo obteve o título de Campeão Mundial, vencendo todos os seus adversários. Iuri classificou-se em terceiro. No mesmo Campeonato, mas na versão de 15 minutos, Marcelo repete um feito notável ao classificar-se em segundo lugar.

Já no mesmo IX Campeonato Mundial Juniors, realizado no período de 20 a 26 de abril, onde foi usado o tempo de 1 hora para os primeiros 35 lances mais 15 minutos nocaute, tivemos Iuri como campeão e Marcelo colocado em 13.º lugar entre os 24 participantes.
Este é um importante tema de reflexão para dirigentes, organizadores e responsáveis pelo nosso esporte.

A prática de partidas rápidas hoje usada em grande maioria de competições, sob vários pretextos, mas cujo objetivo predominante é o comercial, nos encaminha para um destino perigoso que é a negação da essência do próprio Jogo de Damas: o raciocínio, a análise profunda e a criação. É a transformação do Jogo de Damas no inconsequente "Jogo da Velha".

Dirk Dagoberto Riemsdick, enxadrista de renome, perguntado sobre esta modalidade de partida responde que ela é o "fast food" do xadrez, a transformação do homem no autómato, o abandono do poder de raciocinar, de criar. Enfim, a robotização dos jogos intelectuais.
A aceitar-se a partida rápida como normal, qual o papel educativo quanto ao raciocínio, planejamento, criação, caberá ao Jogo de Damas?
C. A. Ferrinho

terça-feira, 27 de agosto de 2013

ENTREVISTA 68 - IURI ANIKIEV.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.damasciencias.com.br/entrevistas/entrevista_fco_marcelo.html


 Iuri Anikiev:

Entrevista feita por Laércio Gomes da Silva e Ricardo Ferrero durante os Jogos Abertos de 2002, em Franca, SP

 Nasceu a 11/6/83, na cidade de Karkov, Ucrânia.

 - Você tem um treinador. Como você estuda e se prepara?

 Meu treinador é Boiko, Mestre em 64 casas. Ele fez com que eu adorasse o jogo de damas mostrando-me combinações fantásticas e, nas aberturas, o mínimo de variantes.  Ele diz que o próprio aluno precisa pesquisar, raciocinar por si só e, neste trabalho, escolher as melhores variantes . Ele incentiva os alunos a  ver o tabuleiro globalmente. As aulas são três vezes por semana, com a duração de três horas cada aula. Além disso, passa exercícios, análises, tarefas, pesquisas para fazer como lição de casa.

 - Quem paga esse treinador?
 O treinador recebe salário do Ministério de Esportes para ensinar de 10 a 15 alunos que variam no decorrer do tempo.

 - Quando começou a jogar?

 Comecei a jogar quando tinha seis anos de idade. Eu não era o melhor da turma mas o treinador foi melhorando meu jogo e eu, por mim mesmo, dedicando-me, estudando e participando de eventos e torneios com afinco e intensidade, fui melhorando.
 Fui campeão no Campeonato Mundial de Cadetes, quando tinha 16 anos. Eu era o quarto colocado no Campeonato de Júniors. Coloquei-me em terceiro no Campeonato da Ucrânia. Consegui o vice em Luganski. Em 2002 fui campeão no Campeonato Nacional da Ucrânia, ou seja, fui primeiro Campeão do Mundo e depois campeão Ucraniano.

 - Quais as qualidades que admira nos mestres?
 Admiro especialmente Tchizov devido à sua técnica requintada. A cada lance obtém vantagem sólida sobre o jogo adversário. Aprecio também a criatividade de Tzirik e Blinder.

 - Qual a fase do jogo a que você mais se dedica ?
 Hoje é o meio jogo, depois que estudei intensamente aberturas e finais.Estudo todas as variantes e subvariantes de dada posição em busca da continuação mais sólida, que pode levar-me à vitória.

 - Quanto a Chvartzman?
 Ele é muito bom em 100 casas mas não em 64. mesmo assim, no último campeonato de 100 casas, Gregoriev ganhou dele e o colocou em terceiro lugar.

 - Você joga 64 e 100 casas?
 Eu comecei no tabuleiro de 64 e hoje jogo também no de 100 casas.

 - Quando pretende vencer o Mundial de 64 casas?
 Pretendo estudar as partidas dos mundiais de 64 para ficar mais forte. Quero pesquisar as diferenças entre as regras russas e brasileiras para não cair em armadilhas. Vou estudar o jogo dos futuros oponentes.

 - Qual a importância dos finais?
 Fiz um curso especial, uma preparação profunda, muito importante para aprender a jogar os finais sem cometer erros, tanto de 64 como de 100.

 - O que você está aprendendo com o Marcelo?
 Estou treinando com ele para aprender uma porção de variantes brasileiras. Ele tem boa memória e conhece muitas partidas dos campeonatos jogados.

 - Existe alguma faculdade de jogo de damas em seu país?
 Em Kiev existe uma escola com um departamento de Jogo de Damas e Xadrez.

 - O que significa o Jogo de Damas para você? É a minha vida.

 - Quais suas próximas metas como damista?
 Ser Campeão Mundial Adulto. Depois ser treinador profissional e viver disso mas não como jogador.

 - Que os conselhos daria aos jovens damistas brasileiros?
 Estudar centenas de combinações existentes dentro das partidas jogadas nos principais campeonatos do país e do mundo. Procurar estímulo para estudar damas fora do currículo escolar normal.

 - Recebeu apoio familiar para interessar-se pelo Jogo de Damas?
No começo gostava do Xadrez devido a meu pai ser enxadrista. Eu queria jogar Xadrez para agradá-lo. Mas o treinador Boiko é muito bom e desenvolveu em mim o gosto, o amor, o interesse, a paixão pelo Jogo de Damas.

 - Sua maior alegria no Jogo de Damas?
 Não perder com freqüência.

 - Sua maior tristeza?
No mês passado, na Crimeia, quando joguei o Campeonato Europeu, precisava apenas empatar para ser campeão mas perdi para Beliskoi, da Rússia. Fazia dois anos que eu não perdia e empatar com ele parecia ser muito fácil. Acreditei que poderia jogar com a mão esquerda, que não seria muito difícil ganhar, mas perdi.

 - Que lição tirou desse campeonato?
Que o Jogo de Damas exige extrema concentração, paciência, calma e muita seriedade diante de qualquer adversário. É preciso raciocinar muito em qualquer variante para não errar uma única jogada. Assim se fazem os campeões.

 - O treinador lhe ensinou como se concentrar?
Recomendou leituras e deu algumas dicas de comportamento, mas é você que deve ter profundo auto conhecimento e aprender a concentrar-se, abstraindo-se de tudo para pensar melhor no tabuleiro. Mas os árbitros e os organizadores têm um papel preponderante para que se consiga uma maior concentração quando zelam para que o silêncio reine no ambiente de jogo de forma absoluta .

 - Na Ucrânia joga-se apostado?
 Joga-se mas sem haver um lugar especial para isso.

 - Porque as pessoas de todas as idades e condições devem jogar damas?
 Porque o Jogo de Damas é muito bom para o raciocínio lógico das pessoas. É importante para as pessoas, da criança ao idoso, pensar ordenadamente. Infelizmente, nem todas as pessoas se dedicam ao Jogo de Damas o que seria importante tanto para a vida profissional e familiar de cada um.

 - O que pretende estudar na faculdade?
 Engenharia de Computação e viver do Jogo de Damas, o que infelizmente é muito difícil porque não existe muito profissionalismo. Creio que num futuro bem próximo os mestres poderão viver de Jogo de Damas sem pensar noutra profissão. Melhoraram os prêmios nos Mundiais e outros campeonatos e maior número de países estão participando.

 - O que o Jogo de Damas pode aprender com o Xadrez?
 Precisamos alcançar o Xadrez, que fala a mesma língua no mundo todo, no que se refere á unificação das regras em 64 casas. No tabuleiro de 100 casas essa unificação de regras já foi feita.
Marcelo concentrando-se para iniciar sua partida
 nos Jogos Abertos de 2002
Iuri (à esquerda) dando entrevista para Ricardo Ferrero (ao centro) e Laércio G. da Silva (à direita)
Vitor, Humberto, Marcelo e Iuri
(os dois últimos à direita) formaram a equipe juvenil vencedora dos Jogos Abertos de 2002
 Iuri em ação nos Jogos Abertos de 2002.
 Ao fundo, Ricardo Ferrero observa

ENTREVISTA 67 - FRANCISCO MARCELO GERALDO DE OLIVEIRA.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.damasciencias.com.br/entrevistas/entrevista_fco_marcelo.html


Francisco Marcelo Geraldo de Oliveira:

 Entrevista feita por C. A. Ferrinho, em agosto de 2002, em Franca (SP), durante os Jogos Abertos.

 Data de nascimento: 12/11/84, em Fortaleza - CE.
 

 - Quando começou a jogar damas?
Aos 13 anos de idade, mas em competições aos 15 anos. A minha primeira participação foi no I Torneio Interbairros por Equipes, organizado pela Prefeitura de Fortaleza, em 1999. Eu fiz parte da equipe campeã.

 - Com quem e onde jogava?
 Jogava na rua, no Terminal de Ônibus da Lagoa, na Praça dos Leões. O João da lanchonete também jogava e emprestava os tabuleiros. Sempre se reuniam, na rua, mais de 20 damistas. Eu jogava o dia inteiro. Almoçava correndo e percorria cerca de 4 km de bicicleta até lá. Geralmente começava a jogar às 12 horas e só parava por volta das 20 horas. Na praça existia um tobogã que dava para a lagoa. Os perdedores eram lançados na água. Não havia quem me ganhasse.

 - Tinha alguma literatura?
 O Prof. Gilson e Paulo César deram-me alguma literatura e me incentivaram bastante.

 - Que livros foram esses?
 "Lélio 2", um do Genaldo, alguns livros russos como "25 Lições", " Kypc" e um livro de finais de Nigra. Neles eu estudava e aplicava no jogo prático.

 - Como foi que o convidaram a dar aulas numa escola de Fortaleza?
 Dei aulas na Escola Júlia Jorge do CENAC. O diretor desta escola gostava muito de Damas e jogava com os outros professores. Ele era o melhor. Conheceu-me num torneio escolar. Convidou-me para jogar com ele. Fizemos vinte partidas e eu ganhei todas. Foi assim que passei a dar das aulas de damas em troca de uma bolsa de ensino. Estas aulas despertavam bastante interesse não só dos jovens como de adultos. Chegavam a reunir várias dezenas de alunos. Eu começava por combinações e depois mostrava a Forçada.

 - Como começou a participar de competições nacionais.
 Em 2000 a escola patrocinou a minha participação no Campeonato Brasileiro para Menores onde fui Campeão. Depois disso, Lélio me convidou para vir para S. Caetano - SP, onde estou sendo patrocinado pela Prefeitura local.

 - Alguma alteração no seu modo de jogar?
 Sim, eu jogava muito rápido. Estou começando a gastar mais tempo, analisando com mais mais profundidade. Para isso contribui o ter gostado do tabuleiro de 100 casas, que me força a gastar tempo.

 - Quais os seus planos no que se refere ao jogo de damas?
 Almejo ser Campeão Mundial. Está programada a minha ida para a Holanda para treinar e estudar com Wirsma para participar do próximo Campeonato Mundial em 100 casas.

 - Na vida profissional o que pretende?
  Formar-me em Engenharia de Informática.
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ENTREVISTA 66 - OLAVO LUÍS DOS SANTOS.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.mbdesign.com.br/feed/post.asp?id=23692&titulo=Entrevista-Olavo-Luis-dos-Santos

Entrevista: Olavo Luis dos Santos14/02/2012 às 20:38
do Xadrez Cuiabano por 
 


Primeiro dia de funcionamento do Clube de Xadrez de Barra do Garças
Em pé da esquerda para direita: Eu, Mauro, Sidnei, Wendel e Kozo.
Sentados da esquerda para direita: Juarez e Dayrone.
(By Olavo Santos)

XC - Xadrez Cuiabano) Por favor Olavo, apresente-se, fale como é Barra do Garças e onde é possível encontrar Xadrez:


OS - Olavo Santos) Olavo Luís dos Santos, 34 anos, natural de Brasília-DF, residente em Barra do Garças - MT, casado, pai de duas filhas maravilhosas (LuÍsa e Gabriela), farmacêutico-bioquímico formado em Ribeirão Preto-SP (UNAERP), pós-graduado em Farmácia Clínica (PUC-GO), proprietário e responsável técnico da Farmácia Bio Barra Ltda, desde 2002.
Para quem ainda não teve o prazer de conhecer,a belíssima cidade de Barra do Garças fica a aproximadamente 500 km de Cuiabá.  O singular Rio Araguaia é a fronteira que divide Mato Grosso de nosso estado vizinho Goiás.  Somos 3 cidades co-irmãs divididas apenas pelas 2 pontes existentes. Aragarças no estado de Goiás, Barra do Garças e Pontal do Araguaia no Estado de Mato Grosso. Além das lindas praias formadas pelo Araguaia, nossa região ainda dispõe de formosas cachoeiras na Serra Azul eum manancial de águas termais muito bem estruturado.
Os encontros dos enxadristas de nossa cidade são sempre aos sábados a partir das 16 horas na sede do Clube de Xadrez de Barra do Garças. O clube fica localizado na região central de nossa cidade,na Rua Presidente Vargas, 802, segundo piso do Labvita/Clinvita.

XC: Como foi o seu início no xadrez, os seus primeiros lances?
OS: Meu primeiro contato com o xadrez foi aos 12 anos quando aprendi o nome, movimento e posição das peças no tabuleiro com um tio. Depois disso com 13 anos comecei a jogar mais frequentemente com um professor de matemática e seu filho. Quando completei 14 anos ganhei de aniversário um jogo de peças e tabuleiro de madeira tamanho oficial do meu querido pai. Presente que guardo até hoje com muita satisfação. Como naquela época o xadrez era pouco difundido acabei perdendo a motivação e jogava sóesporadicamente. Em dezembro de 2009 tive a grata satisfação de encontrar meus amigos enxadristas em Barra do Garças (Dayrone, Juarez, Kozo, Mauro eSidnei) numa escolinha de xadrez na AABB de nossa cidade. Foi a partir daí que realmente comecei minha caminhada enxadrística.

XC: Quais benefícios o xadrez já trouxe para Você?
OS: Percebo uma melhora na minha tolerância e no meu raciocínio, mas o principal benefício foi a melhora na minha qualidade de vida. O xadrez me ensinou a evitar os excessos. 

XC: Você já tem rating fide (1635), jogou diversos torneios em 2010-2011, por exemplo em Jataí, Cuiabá, Rio de Janeiro,Brasília e Goiânia. Como foi o nível de cada torneio e o que achou de jogar torneios valendo para cálculo de rating fide?
OS: Todos os 10 torneios que participei até hoje foram de alto nível (2 torneios em 2010 e 8 torneios em 2011). Estudos diários de xadrez associados à participação em torneios pensados é a melhor forma de evoluir no xadrez.

XC: Em 2012, quais os projetos, pretende continuar disputando grandes torneios?
OS: Com certeza irei continuar disputando torneios. Estou de olho no calendário dos torneios na CBX para ver quais torneios participarei este ano. Só não iniciarei este ano minha participação em torneios no Brasileiro Amador de Goiânia agora em Fevereiro de 2012, porque já tenho uma viagem marcada para esta data.

XC: Como foi jogar o Torneio CONTAUD, em Cuiabá/ MT?
OS: Gostei muito de poder participar do CONTAUD 2011, tinha muito tempo que minha família e eu não visitávamos Cuiabá. Visitar nossa capital e conhecer os enxadristas de Cuiabá e região foi muito prazeroso. Espero em 2012 poder participar do CONTAUD e de outros torneios em Cuiabá e região. Quem sabe não organizamos um na Chapada. Seria muito bom participar deum torneio lá.
Olavo Santos (MT) x Julio Eimard (MG); na disputa da 3a. Rodada do
Contaud 2011, em Cuiabá.

XC: O que é preciso para aumentar o rating?
OS: Muito dedicação, estudo, treinamento e participação em torneios.

XC: Quais as principais conquistas em sua carreira de enxadrista?
OS: A oportunidade de fazer novas amizades ou reencontrar os companheiros de tabuleiro no clube de xadrez e também em cada novo torneio disputado. Para mim é muitogratificante.

XC: Qual o seu principal objetivo no xadrez?
OS: Continuar disputando torneios para melhorar meu nível no xadrez e conhecer novos lugares, novos enxadristas, rever os enxadristas amigos. Praticar o que costumamos dizer por aqui de xadrez turístico. Outro sonho é conseguir realizar um Aberto do Brasil em Barra do Garças.

XC: Como é o Clube de Barra do Garças/MT?E quantos enxadristas assíduos temos por lá?
OS: Um clube pequeno que nasceu da vontadede enxadristas apaixonados pelo nosso esporte. Somos 12 enxadristas assíduos (6 adultos e 6 sub-18), mas existem alguns companheiros que aparecem quando podem e levando para aproximadamente 18 o número de participantes em nosso clube.

XC) Quais os principais torneios que rolaram pelo CXBG em 2011? Quem organiza os torneios?
OS: O Circuito de Xadrez de Barra do Garças é o principal torneio que realizamos no nosso clube. São 6 torneios disputados durante o ano valendo rating local. Cada torneio é disputado em 5 rodadas pelo sistema suíço e o tempo de reflexão é de 21 minutos nocaute. Também já pelo segundo ano consecutivo temos a parceria com a Escola Estadual Antonio Cristino Côrtes e realizamos anualmente o Torneio Xadrez das Cores.

XC: Como foi a idealização do Projeto dos Torneios Xadrez das Cores?
OS: O projeto é de autoria do Professor Júlio, professor da disciplina de matemática e de xadrez na Escola Estadual Antônio Cristino Cortes. O Clube de Xadrez de Barra do Garças é parceiro do Professor Júlio neste projeto.

XC: Quem é o melhor enxadrista de Barrado Garças? Porque ele se diferencia dos demais?
OS: Se analisarmos pelo rating local o Dayrone Soares tem melhor desempenho. Porém, na minha opinião, o Sidnei Juliani está um pouco a frente de todos nós por ter mais experiências e ser um jogador mais completo, principalmente em torneios. Na última etapa de nosso circuito ano passado tivemos também uma grande participação do enxadrista Kozo Inada que foi o grande campeão da etapa invicto. No aberto do Brasil de Jataí de 2011,Mauro Raggioto, disputou seu primeiro torneio FIDE e também teve um grande desempenho.

XC: O que é necessário fazer para o Xadrez de Barra do Garças se desenvolver ainda mais?
OS: Apoio e parceria dos governantes e empresas privadas de nossa cidade e criação da Federação Matogrossense de Xadrez.

XC: É possível mensurar a ausência daFederação Matogrossense de xadrez nesse desenvolvimento?
OS: Com certeza a ausência da Federação Matogrossense é um fator determinante para a diminuição do crescimento e desenvolvimento do xadrez em nossa cidade e em nosso Estado. Se tivéssemos uma Federação com certeza já teríamos um grande parceiro para nos ajudar a difundir o xadrez matogrossense.

XC: O CXBG lançou recentemente o Rating de Barra, como foi esse início, alguma resistência? E, também, recentemente, os Cuiabanos iniciaram o cálculo de rating Estadual, tanto rápido quanto pensado. Como vê essa iniciativa? Seria interessante a possibilidade da realização de Torneios em Barra do Garças com vínculo ao rating estadual?
OS: O cálculo do rating é importante porque estimula os enxadristas a estudarem e treinarem mais para melhorar o desempenho em torneio e consequentemente melhorar seu rating local, estadual, CBX e FIDE. Seria um grande estimulo para o desenvolvimento do xadrez de nossa região um torneio em nossa cidade valendo rating estadual.

XC: Olavo no Mato Grosso todos sabem que Você possui um blog, o Blog do Clube de Xadrez de Barra do Garças (www.cxbg.blogspot.com),notamos que há 29 postagens e quase mil acessos. Quando foi que sentiu a necessidade de registrar os eventos e atuar como um porta voz para o mundo do xadrez do CXBG?
OS: A idéia surgiu depois que fiz um curso de xadrez pedagógico e um curso de organização e arbitragem em xadrez, onde, em ambos, a idéia de criar um blog foi mencionada. Com a criação do CXBG foi possível concretizar essa idéia, pois a necessidade de divulgação dos acontecimentos do clube era fundamental para o seu crescimento.
Olavo Santos, em 2010, pela disputa do Aberto do
Brasil, em Goiânia-GO.
[Veja a matéria do Jornal A Gazeta do Araguaia]

XC: Além de Patrocínio da Bio-Barra, há outros patrocinadores ou alguma iniciativa dos governantes da cidade em prol a modalidade? 
OS: Diria que o maior parceiro do CXBG é o Laboratório de Análises Clínicas Labvita, pois sede sem ônus algum o espaço para o funcionamento do clube. Os enxadristas locais também contribuem muito para o funcionamento do clube com doações de mobiliários e empréstimos de jogos de peças, relógios e tabuleiros. Quanto à iniciativa dos governantes locais pareceque um novo horizonte começa a se abrir para o CXBG. Segundo informação do Professor Júlio, recentemente a prefeitura de nossa cidade, aprovou um projeto pelo programa Segundo Tempo, que beneficia o xadrez de Barra do Garças. O Clube de Xadrez de Barra do Garças é e sempre será parceiro de todos aqueles que buscam desenvolver o xadrez.

XC: Existem projetos escolares?
OS: O projeto Xadrez das Cores é o único projeto que conheço existir nas escolas de nossa cidade. Recentemente fiquei sabendo que o xadrez estava sendo implantado em mais três escolas locais. Acho que se realmente o apoio da prefeitura se concretizar mais projetos devem ser desenvolvidos.
  
XC: Como vê a ascensão do Xadrez Feminino? No caso, no Brasil temos a Vanessa Feliciano, Juliana Terao, a própria Ana Vitória do nosso Estado e no mundo temos a Yifan Hou, Wenjun Ju, Ana Musychuk e a Judit que sempre esteve as melhores e, em Barra do Garças, por que esse público ainda não aparece ou não foi atingido pela modalidade?
OS: As mulheres cada vez mais vêm demonstrando competência em tudo que fazem, no xadrez não poderia ser diferente, o surgimento de grandes jogadoras tem demonstrado isso. Em Barra do Garças ainda não conseguimos desenvolver satisfatoriamente o xadrez feminino, mas esperamos que com a criação do Clube de Xadrez de Barra do Garças possamos em breve revelar grandes mulheres enxadristas.

XC) Ping!

a) Ídolo: Na vida meu pai, no esporte Ayrton Senna, no xadrez Mequinho
b) Melhor Matogrossense, em atividade: Tarciano Bandeira
c) Melhor do Brasil: Mequinho
d) Melhor do Mundo: Kasparov
e) Melhor Professor: MI Leandro Perdomo
f) Melhor Filme: Game Over: Kasparov and The Machine
g) Melhor Livro: Xadrez Básico - Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini

Palavras do barra-garcense, Olavo:

"Quero agradecer primeiramente a Deus por sempre guiar os meus passos e os passos dos meus familiares, colaboradores e amigos. Agradeço também minha esposa pelo apoio, dedicação e companheirismo;minhas filhas pelo amor incondicional e aos meus pais pelos ensinamentos. Finalmentenão poderia deixar de agradecer aos enxadristas de Barra do Garças (Kozo, Mauroe Sidnei) que me incentivaram a voltar a jogar xadrez e ao meu amigo MI Leandro Perdomo que me auxilia nos treinamentos. "