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PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

terça-feira, 1 de outubro de 2013

ENTREVISTA 76 - GM ANDRÉ DIAMANT.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://xadrezunderground.blogspot.com.br/2010/10/entrevista-gm-andre-diamant.html


TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010

Entrevista GM André Diamant

Boa noite, estamos aqui mais uma vez, com mais uma entrevista com um grande jogador brasileiro, desta vez o GM André Diamant.

Grande Mestre desde o ano de 2009, campeão brasileiro em 2008, com um rating atual de 2498 e com Live Rating de 2513, tendo feito uma ótima Olimpiada em 2010 e atualmente morando no Texas, EUA, ele nos conta como esta sendo a vida fora do Brasil, família e claro, Xadrez.
Diamant tem 20 anos, é marido de Mara e pai de Isaac de quase 2 anos.


Vamos à entrevista:
Xadrez Underground: Como anda a vida de casado? e de pai?
André Diamant: A vida de casado é muito boa! Eu e a Mara estamos nos saindo muito bem, agente dividi as tarefas (óbvio que ela faz quase tudo) e no fim tudo se encaixa. O Isaac está falando mais agora e vive pedindo Coca Cola.
XU: Você está morando nos EUA, como foi parar aí?
Diamant: Ano passado joguei a Spice Cup (detalhe da produção: ele jogara novamente este ano o torneio com inicio nesta quarta feira), em Lubbock e a Susan Polgar me convidou para morar aqui e acabou rolando.
XU: Como é a vida de um brasileiro fora do Brasil? Se virando bem com o inglês?
XU: O que mais faz falta da vida no Brasil? O que tem de mais espetacular em morar nos EUA?
Diamant: A vida de um brasileiro fora do Brasil aparentemente é muito boa, eu estudo no maior campus universitário da América, tenho acesso a tudo nele, ainda não ouvi falar de um assalto, essa é uma tranquilidade que não tenho no Brasil. No Brasil eu frequentava a Hebraica e não falta estrutura por lá, acho que só peca no professor de xadrez de lá, um tal de Salama que é uma prego, rs! Sinto falta também da família, dos meus amigos, da Vivi Bigio, que me aturou pelos longos 3 anos, do meu apoiador José Luis Goldfarb que levava a gente nos melhores restaurantes de SP, risos! Sinto falta das conversas com ele também.
XU: Você pretende vir ao Brasil jogar algum torneio seja este ano ou ano que vem?
Diamant: Ainda não sei o que vai rolar mais para frente, acho bem difícil jogar alguma coisa no Brasil já que o ritmo aqui ta bem puxado, mas quem sabe!
XU: Você esteve muito bem na Olimpiada. Qual foi sua preparação para ela?
Diamant: A Olimpiada foi um torneio a parte para mim. Acho que o mais importante para o meu desempenho ter sido acima da média, foi a tranquilidade que eu tinha para as partidas, já que as coisas estavam muito bem na minha nova casa, a unica coisa que me preocupava era o bem estar dos cidadãos de Lubbock, já que a Mara estava no volante na minha ausência.
XU: Como estava o clima dos brasileiros na Olimpíada?
Diamant: O clima dos brasileiros não poderia estar melhor, fora dos tabuleiros a equipe estava sempre junta, jogando winning eleven/dance evolution inclusive algumas integrantes do time feminino se arriscaram, o espirito era de ser campeão mesmo, todas as vitorias foram muito bem comemoradas com o patrocínio dos nossos superiores e a derrota contra a Itália foi o momento em que a casa realmente caiu, rolou brigas internas, pareceu que o mundo ia acabar para todos da equipe.
XU: Estar entre as estrelas do xadrez mundial, e no fim do torneio ter a 6a melhor porcentagem em uma Olimpíada. Qual a sensação? Trouxe algum "brinde" de lá?
Diamant: Sobre esta pergunta eu conto uma história. Na segunda rodada, estávamos jogando contra a China e eu cometi um erro muito grotesco de abertura. Simplesmente joguei uma Catalan de pretas dando um tempo limpo pro meu adversário. Nessa hora o Wang Yue e o Wang Hao começaram a olhar os dois para a minha cara e começar a rir, eu por ali havia sacado a viagem da minha parte e quando olho para trás ninguém mais ninguém menos que o Kramnik olhando minha posição sem entender nada (ele, o lord da Catalan e de todo o xadrez antes que eu me esqueça) e a Jacqueline conta que a cara de aterrorizado que eu olhei pro Kramink quando eu vi ele olhando a minha partida era de quem ia ter um ataque cardíaco.
Eu tive a minha história animadora quando conversei com os italianos no dia seguinte do nossa match e o GM Vocaturo comentou que eles ficaram bem contentes com o emparceiramento quando eles viram que eu não estava escalado (Krikão e Fier que me perdoem por comentar isto aqui)
XU: Rolam festas em um torneio como esses? Como se comportam os jogadores Top?
Diamant: Claro que rola festa, teve 2 grandes, festas e todos marcaram presença. Eu e Krikão chegamos a marcar uma partida de futebol com o Carlsen, que ficou todo empolgado mas para o dia seguinte, da bermuda Party, só ele deve ter aparecido para o futebol, risos!
XU: Sabemos que você tem vários apelidos (Tina, Tinamaid, Daia)... tem mais algum que a gente não saiba? Comente um pouco sobre isso.
Diamant: Sobre meus apelidos o mais usado ultimamente é o Tinamaid, Tina é zoação e Daia só bambi me chama assim risos!
XU: Faça uma auto-pergunta e uma auto-resposta sobre qualquer assunto que você queira comentar. (Aqui deixo claro que não houve qualquer interferência dos autores do blog, que só viram as respostas quando do recebimento das mesmas...)
Diamant: O que eu acho do Salama e do Cirilo? Apesar dos caras não serem os melhores enxadristas, pokerplayer, blogueiros, professor, faxineiro e tudo o que resta na face da Terra, tenho muito carinho pelos 2, já que um deles me dava carona todos os dias para casa e o Cirilo fez eu ir no aniversário dele até Poá, com o Abdalla, Torsani e o Catraca pra no fim ganhar o torneio junto com o Abdalla e a gente dividir a esmola entre todos.
XU: Agradecimentos, beijos, contato, este é seu espaço.
Diamant: Queria comentar que na Olimpiada perdi o número de vezes que discuti com o presidente da CBX, o Pablyto e que todas as vezes em que ele estava errado ele abaixou a cabeça e todas as vezes em que estava certo colocou moral. Apesar de tudo, foi super gente boa comigo e meu freguês no Winning Eleven. Deixo um abraço para ele e as palavras, que hoje só tenho admiração por ele.
E claro, mais importante, deixar um eu te amo para minha patroa e agradecer ela por me aguentar e de não me por para dormir na rua!
Agradecemos ao Diamant pela entrevista, desejamos muito sucesso a ele nessa nova empreitada e esperamos poder nos rever em breve.
Abraços e beijos.
André Salama.

2 comentários:

Salustiano disse...
Parabens Andre Diamant
Edmundo disse...
Caro Cirilo,
Desejaria que o vc comentasse as denúncias sérias que estão sendo feitas pela imprensa, Ministério público Federal e polícia sobre o programa segundo, federação paulista de xadrez e ministério do esporte na cidade de Americana. Veja as matérias http://blogdocruz.blog.uol.com.br/ http://www.oliberalnet.com.br/cadernos/cidades_ver.asp?c=3AB48DC6211

sábado, 7 de setembro de 2013

ENTREVISTA 75 - EVANDRO AMORIM BARBOSA.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.jornaldosudoeste.com.br/coluna_info.php?codigo=1486



Entrevista com Evandro Amorim Barbosa



Perfil
Nome completo: Evandro Amorim Barbosa
Nome completo dos pais: Maria Ivanete de Paula e Vandeir Amorim Barbosa
Cidade onde nasceu/reside: São Sebastião do Paraíso/MG
Data de nascimento: 24/8/1992
Cidade que representa nos Regionais e Abertos de SP: São Caetano do Sul
Escolaridade: ensino médio completo
Profissão: enxadrista
Rating (1º de maio de 2012): 2401 pontos
Título na Fide: mestre internacional

Entrevista
Fale sobre a conquista da norma de grande mestre no Magistral Internacional Cidade de Osasco 50 anos, realizado de 25 de abril a 1º de maio.
A princípio quem jogaria o torneio era o MF Wagner Madeira. Com sua desistência e a convite deste eu entrei no torneio. Eu não esperava conseguir essa norma de GM, a ideia era jogar pra ganhar mais experiência e melhorar meu jogo. Mas, aconteceu e acabei fazendo um ótimo torneio!
Como é o seu treinamento no xadrez?
Eu tento ver xadrez todos os dias e estudar cerca de 4h por dia, e quando está se aproximando de torneios importantes aumento um pouco o ritmo de estudo.
Qual a importância dos programas de xadrez hoje na preparação?
Hoje em dia é essencial o uso de programas de xadrez, especialmente para a preparação de aberturas.
E o livros, quais recomenda?
Não li muitos livros, mas alguns que foram importantes para meu desenvolvimento: Estratégia Moderna do Xadrez, Pense Como Um Grande Mestre, Zurich 53, Imagination in Chess. Estou lendo os livros do Dvoretsky e recomendo todos deste autor.
Por morar numa cidade do interior de Minas, você sente alguma dificuldade para evoluir no xadrez? Hoje ainda há diferença no progresso enxadrístico viver nos grandes centros ou no interior?!
Com relação ao meu desenvolvimento no xadrez é indiferente morar numa capital ou numa cidade do interior, já que você consegue toda a informação necessária pelo uso da informática. O único problema é o deslocamento para participação nos torneios, onde as viagens ficam mais longas.
E sua carreira de treinador? Fale dos seus alunos e como tem sido o trabalho com eles.

No momento tento manter poucos alunos para não atrapalhar no meu treinamento no xadrez. Mas é bem legal ver quando seu aluno está evoluindo, tendo bons resultados nos torneios com a sua ajuda.
Você namora há muitos anos uma enxadrista, a bicampeã mineira feminina Camila Marques de Pádua. É mais fácil o relacionamento com alguém que também joga xadrez?
Sim, já que a Camila joga entende melhor a questão de eu estar sempre viajando. Ela também é muito importante porque está sempre torcendo e me dando força!
Assim que terminou o 2º grau você fez a opção por ser enxadrista profissional. Como tem sido lidar com esta profissão? Quando for fazer faculdade, já sabe que curso será?
Tem sido muito bom, pois faço o que gosto e consigo viver bem tranquilo com essa profissão. Já a faculdade, no momento não vejo necessidade já que pretendo continuar trabalhando com xadrez. Provavelmente farei o curso de Direito, no futuro.
Sua família o apoia em sua profissão?
Sim, minha família sempre me apoiou desde o início, pois sabe que estou fazendo o que realmente gosto.
Recentemente você fez um tour de xadrez pela Europa. Como foi a experiência de jogar lá?
Essa viagem eu já queria fazer há um tempo para me testar, e como resultado vi que para jogar torneios em um nível mais alto é preciso estar melhor preparado. Gostei bastante dos torneios e pretendo voltar em breve para obter melhores resultados.
E as demais viagens internacionais que fez para jogar xadrez? Que países você foi e para disputar quais campeonatos?
Já joguei alguns Mundiais e Pan-americanos de categoria: Equador/2006, Turquia/2007, Grécia/2010 e Equador e Índia/2012.
E os Jogos Regionais e Abertos deste ano, você jogará por qual cidade?
Jogarei pela cidade de São Caetano do Sul.
Próximos torneios importantes.
Disputarei, entre outras competições, o Sul-americano Juvenil (Paraguai), Pan-americano Juvenil (Brasil) e o Continental (Argentina). Também pretendo participar do Mundial Juvenil, na Grécia.
Principais títulos.
Campeão mineiro absoluto – 2007.
Campeão brasileiro sub16, sub18 e sub20.
Vice-campeão do Zonal 2.4 – Araruama/2011.
Campeão do Regional Sudeste – São Paulo/2011.
Melhor partida.

Segue minha partida com Mareco no Magistral de Osasco. Escolhi ela nem tanto pela partida em si, mas por ter sido decisiva da minha primeira norma de GM.

Mareco,Sandro (2579) - Barbosa,Evandro Amorim (2399) [B38]
Magistral Osasco 50 Anos Osasco (7.3), 29/4/2012
1.Cf3 c5 2.c4 Cc6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 g6 5.e4 Bg7 6.Be3 Cf6 7.Cc3 0–0 8.Be2 d6 9.0–0 Cxd4 10.Bxd4 Bd7 11.Dd2 Bc6 12.f3 a5 13.b3 Cd7 14.Bf2 Cc5 15.Tab1 e6 16.Bd1 Be5 17.Bc2 f5 18.exf5 gxf5 19.Tfe1 b6 20.Ce2 Ta7 21.f4 Bf6 22.Tbd1 Ba8 23.Cg3 Dc8 24.Bxc5 dxc5 25.Dd6 Bd4+ 26.Txd4 cxd4 27.Dxe6+ Dxe6 28.Txe6 Td7 29.Bd3 Be4 30.Cxe4 fxe4 31.Txe4 Rf7 32.Rf2 a4 33.b4 a3 34.g4 Ta8 35.Te5 Te8 36.Txe8 Rxe8 37.Be4 Tc7 38.Re2 Txc4 39.Rd3 Txb4 40.Bxh7 Tb2 41.Bg8 b5 42.g5 b4 43.Bc4 b3 0–1
Espaço para agradecimentos e/ou considerações finais.
Agradeço minha família, minha namorada e meus amigos por sempre me apoiarem na minha carreira como enxadrista e ao CXOL pela entrevista.

Fonte: entrevista publicada no
site Clube de Xadrez Online

Tags: Amorim  Barbosa  Entrevista  Evandro 


ENTREVISTA 74 - JORGE FERREIRA, CAMPEÃO BAIANO DE XADREZ.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://xadrezdeconquista.blogspot.com.br/2010/11/entrevista-com-jorge-ferreira.html



9.11.09


Entrevista com Jorge Ferreira


Nome: Jorge Ferreira
Idade: 34 anos
Rating FBX: (2290)
Campeão Baiano
2 vezes Campeão Semi final do Baiano entre outros titulos.
Quando começou a jogar xadrez?
Comecei um pouco tarde aos 16 anos. Um amigo da escola, Milton, me ensinou os movimentos das peças e foi paixão a primeira vista! Após isso entrei no clube baiano de xadrez e lá tive a chance de aprimorar meu jogo.

Qual foi a sua maior conquista no mundo enxadrístico e como foi?
 Foram várias, pois já venci um considerável número de torneios, mas ninguém lembra mais deles (hehe!). Bom o mais importante, sem sombra de duvida, foi o campeonato baiano absoluto de xadrez. Venci também por duas vezes a semifinal do campeonato baiano de xadrez e o campeonato baiano de xadrez relâmpago e interclubes. Também teve um torneio nacional de xadrez pensado que venci copa ouro verde, jogado em Minas Gerais, mas com certeza ninguém se lembra desse evento. Além desses houve muitos outros também.

Qual a melhor e mais importante partida que já jogou em sua vida?(se tiver em PGN) poderia passá-lapara os leitores?

É bastante difícil escolher uma partida como a mais importante da minha vida. Minha derrota contra Karpov foi muito importante! Joguei contra um jogador que simplesmente é um dos monstros sagrados da história do xadrez. Mas, há uma partida que gosto muito e foi jogada contra o forte jogador e ex campeão juvenil argentino Christian Faig. Joguei a defesa siciliana variante do dragão de pretas e finalizei o jogo com uma sequência inesperada. A partida aconteceu em 2003 no Bahia chess open, torneio de xadrez pensado muito bacana que aconteceu aqui em Salvador. Vocês podem conseguir o jogo no site da federação baiana.
Você joga xadrez pela Internet? Se sim, você poderia nos dizer seu nick?
Jogo, mas não com muita frequência. Sou sócio do jaquemate e tenho um Nick chamado sou mestre! Criei o nome em protesto a uma atitude injusta da administração do site. Eles me expulsaram de um torneio de bullet. Os organizadores acharam que eu era um mestre chamado Narciso e não era permitida a entrada de mestres fiquei revoltado e criei esse nome.
Na Internet se costuma jogar blitz (ou seja, partidas rápidas). Em sua opinião, o xadrez virtual ajuda a desenvolver o jogo ou é apenas passatempo?
A internet é hoje em dia uma ferramenta útil para os jogadores de xadrez. Partidas jogadas por mestres podem ser acompanhadas ao vivo o que permite a possibilidade de ver os grandes nomes do xadrez em tempo real. Agora o enxadrista pode inclusive baixar partidas e programas via net! Com relação ao blitz, ele é a forma mais adequada à internet por ser um jogo mais dinâmico e divertido.
Como é ganhar um campeonato Baiano?
A sensação é muito boa! Ser campeão estadual significa muito, pois quem vence esse evento simplesmente vence o principal torneio do estado. Lembro do Julio Ramos que em cada torneio que eu participava sempre dizia que eu seria o próximo campeão baiano. Suas palavras serviram de incentivo para mim.
Sabemos que você já deu aula de xadrez, algum aluno que se destacou?
Muitos jovens talentos foram treinados por mim e muitos destes jogadores obtiveram grandes resultados com o xadrez. Um deles é Mario Henrique Fiaes que vem se destacando nos torneios do nosso estado ultimamente
o xadrez relâmpago no tabuleiro ajuda em algo? Ou é só diversão mesmo?
É passatempo e também uma forma de desenvolver a velocidade de raciocínio que é muito importante para os enxadristas. Também serve para ajudar na preparação de aberturas, pois ajuda o jogador a memorizá-las com mais facilidade.
Para torneios, qual o ritmo de tempo que prefere jogar?
Sem sombra de duvida, para torneios o meu ritmo preferido é o pensado, onde o enxadrista pode extrair o melhor do seu jogo. Além disso, é o único ritmo de jogo que oferece aos jogadores a possibilidade de conquistar um titulo de mestre.
Você leu muitos livros de xadrez? Pode citar alguns deles?
Eu li vários, mas o que importa não é a quantidade e sim a qualidade dos livros. Citarei o nome de alguns livros que podem auxiliar um enxadrista em sua face de desenvolvimento: Piense Como un Gran Maestro, de Alexander Kotov; Estratégia Moderna, de Ludek Pachman; Tratado General Del Ajedrez, tomo III, de Roberto Grau.
Quais são suas aberturas e defesas prediletas?
Em 99% dos meus jogos meu primeiro lance com as brancas é E4. Então, com o branco gosto de jogar Ruy Lopes, gambito Evans e abertura italiana. As defesas que me agradam são a siciliana e suas variações, a defesa grunfeld e a eslava.
Bispos ou cavalos?
Em posições abertas os bispos e em fechadas os cavalos!
Jogo aberto ou fechado?
Tanto faz aberto ou fechado contanto que haja bastante tática na posição.
O que prefere contra e4?
A sempre forte siciliana.
Quem foi o maior jogador de todos os tempos, em sua opinião?
Pergunta nada fácil de responder, mas acho que o maior jogador está entre cinco grandes nomes: Fischer, kasparov, Capablanca, Alekhine e Karpov. Só não me peça para dizer qual deles é, porque realmente não sei!
Contra as brancas, o que você não  gosta que joguem contra você?
Quando me sinto bem preparado teoricamente não temo enfrentar nenhuma abertura das brancas. Quando não estou temo qualquer coisa!
Pelo que temos acompanhado você está um pouco afastado dos torneios. Você pretende voltar a jogar?
Minha última participação em um evento sério de xadrez aconteceu em 2005 na cidade de  Recife. Joguei o torneio internacional Chesf onde fiz um bloco fide de 2269! Muitos amigos insistiram para que eu tentasse jogar outro torneio fora do estado. Eles acreditavam que eu poderia ter um desempenho melhor conseguindo assim me tornar MF, mas resolvi não mais participar de torneios muito competitivos.
 Em sua Opinião, o nível do xadrez conquistense está muito abaixo do xadrez da capital?
Conquista produziu um Campeão baiano, Pedro Ferreira, um vice campeão baiano, Arminio Santos, e o atual vice campeão baiano, Romulo Aguiar. Essa é a prova de que o xadrez conquistense merece ser respeitado e não podemos esquecer que depois de Salvador os mais fortes jogadores da Bahia estão em Vitória da Conquista.
Faça uma auto-pergunta e uma auto-resposta sobre qualquer assunto que você queira comentar.
A pergunta é a mesma que muitos jogadores têm me perguntado ultimamente: Por que você parou de jogar?
A resposta é simples, parei por falta de motivação, falta de apoio. 2001 foi o meu grande momento no xadrez baiano, mas como todo jovem de família humilde, que precisa dar duro na vida, eu precisei parar de jogar para trabalhar e ajudar minha mãe em casa. Com isso, parei de estudar xadrez e me dediquei ao trabalho e aos estudos. Por muitas vezes viajei para torneios fora do estado por conta própria jogando sob pressão para não perder jogos e tentar pelo menos garantir uma premiação que ajudasse a recuperar parte do meu dinheiro investido na viagem. Ás vezes voltava sem prêmio e passava o mês seguinte na pior. Meu grande amigo Deive tentou me ajudar com patrocínio de um time de futebol, mas eu já estava sem muita motivação para jogar e bastante depressivo, sempre procurando esconder esses problemas dos meus amigos. Participava dos eventos, mas não conseguia me concentrar o suficiente nas partidas.
Terminei a faculdade de língua estrangeira, Inglês, e trabalho na área de ensino de línguas. Ainda ministro aulas de xadrez em duas unidades de uma escola de Salvador. Voltar a jogar xadrez com a mesma assiduidade está cada vez mais difícil para mim, mas quem sabe um dia eu volte a participar das finais do baiano!
Vou participar da copa sigma, mas sem nenhuma pretensão, quero apenas me divertir e acompanhar meus alunos no evento. Estou muito fora de forma para pensar em obter um bom resultado na copa sigma.
Uma frase sobre "xadrez".

 Tenho pensado ultimamente numa frase dita pelo Garry Kasparov:” um mestre só se torna um mestre quando ele obtem mil derrotas pensativas, mas ele se torna um burro quando não quer pensar e para de jogar”. Tenho realmente pensado nessa frase ultimamente. 
Espaço aberto se quiser dizer algo aos leitores.
Quero na realidade parabenizar o Rômulo pelo vice-campeonato baiano absoluto conquistado com muita luta e merecimento. Agora é só trabalhar duro e voltar a Salvador no ano que vem para buscar o titulo! E aos leitores digo joguem xadrez e cultivem amizades porque isso é o que importa.



Por: Rêmulo Aguiar Freitas
Sinceros agradecimentos por nos ter concedido a entrevista, e esperamos que você volte a jogar.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ENTREVISTA 73 - MINI ENTREVISTA COM ANDREY NEVES.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.cbx.org.br/VerTexto.aspx?no=1318&nm=Comunicados


Comunicados
Comunicado CBX nº 49 : Avaliação do Zonal 2.4 mini entrevista Andrey Neves
06/05/2013 - 04:05h
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Formulamos uma pequena entrevista com um grande Batalhador do Xadrez do Norte Mestre Nacional Andrey Neves

1- Como foi levar um evento tão importante para a Região Norte e para seu estado?

O Zonal 2.4 é um dos principais torneios de xadrez da América do Sul, por isso consideramos uma grande conquista para o esporte de Manaus e do Amazonas, a realização desta competição classificatória para a Copa do Mundo. Para a concretização deste sonho, foi fundamental o apoio da Prefeitura Municipal de Manaus, por intermédio do Secretário Municipal de Esportes, Fabrício Lima, além do trabalho que a Federação Amazonense de Xadrez - FAX vem realizando nos últimos anos na gestão de Antenor Braga.
Vale destacar que antes deste Zonal, a Região Norte ainda não tinha sediado um evento enxadrístico de tamanha relevância.Pela primeira vez estamos tendo com o Presidente GM Darcy Lima uma politica voltada para a Região Norte. Vimos que foi feita por ele já a vários anos uma politica de desenvolvimento na região Nordeste e deu um excelente resultado. Ficamos felizes que estamos iniciando um novo ciclo aqui em nossa região.

2- Algum destaque individual do Amazonas no evento?
Tivemos a participação de 30 enxadristas do Amazonas, que aproveitaram a excelente oportunidade de jogar o torneio. Gostaria de destacar a participação do MF Renan Reis, que até a última rodada lutou com reais chances de obter o título de MI, mesmo não conseguindo seu objetivo, demonstrou mais uma vez que o nível técnico do xadrez amazonense tem evoluído, creio que com uma melhor preparação e mais oportunidades de participação em competições válidas para normas de mestre, em breve nós teremos mais jogadores titulados em nosso estado.

3- Você esperava esta participação recorde tanto de jogadores como de diferentes estados ?

Este número recorde de particIpantes no Zonal 2.4, demonstra que podemos realizar ótimos torneios em qualquer região do país, além dos 84 participantes, tivemos enxadristas de 18 estados que vieram a Manaus, foi uma grande alegria para nós recebê-los e saber que o Zonal no Amazonas atraiu jogadores da maioria dos estados brasileiros.

4- Como sentiu você como jogador o torneio já que o nível técnico foi altíssimo com a participação do número 1 do Brasil Rafael Leitão, do número 2, atual Alexandr Fier , do Campeão Brasileiro de 2012 Krikor Meckitarian, dos GM's Peruanos Jorge e Dayse Cori ex campeões mundiais de cadetes ?

A presença destes Grandes Mestres garantiu o alto nível técnico da competição e foi muito importante para o sucesso do Zonal, por outro lado faço parte daquele grande grupo de jogadores que tem por objetivo a conquista de uma titulação de MF ou MI, neste sentido o Zonal também é um torneio excepcional, pois permite o título direto de MI e MF, o que por si só já justifica a decisão do GM Darcy Lima de realizar o Zonal aberto, beneficiando desta forma os enxadristas brasileiros. Devido ao nível técnico dos participantes fiquei contente com a minha colocação (12º lugar), mas um pouco decepcionado como jogador, pois fiquei em terceiro lugar entre os que disputavam o título de MF, quando eram 2 vagas. Aproveito para parabenizar o GM Rafael Leitão (pelo título e pela vaga na Copa do Mundo), e o GM Alexandr Fier (pela vaga na Copa do Mundo), e agradecer a participação de todos neste evento histórico para o nosso xadrez.

sábado, 31 de agosto de 2013

ENTREVISTA 72 - Robert James Fischer revisitado.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://xadrezparaler.blogspot.com.br/search?updated-max=2013-04-05T05:13:00-07:00&max-results=7&reverse-paginate=true


Robert James Fischer revisitado

DO BLOG DO EIDER. Postado, quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


É comum de tempo em tempo sair reportagem sobre o lendário enxadrista Estadunidense Bobby Fischer em diversos veículos de comunicação. Não é para menos, pois a revolução que ele causou no mundo do xadrez é digna de ser lembrada, estudada e louvada sem sombra de dúvidas. Dessa vez a reportagem que saiu no jornal on-line britânico TheGuardian foi a respeito de uma entrevista feita com o atual campeão mundial, o indiano Vishwanatan Anand, na qual ele declara ter se encontrado com Fischer em 2006. Alguns detalhes do relato de Anand me perturbam desde que eu comecei a ler sobre a biografia do Grande Mestre que no início da década de 70 mudou o rumo dos acontecimentos do xadrez mundial. Pretendo nesse post comentar sobre alguns desses detalhes que na minha opinião fazem toda a diferença quando discutimos a repeito de Robert James Fischer.
Na primeira frase da entrevista Anand diz: " eu encontrei Bobby Fischer surpreendentemente normal e calmo". Baseado em décadas de um discurso preconceituoso a respeito da personalidade de Fischer, Anand esperava encontrar uma pessoa louca e descontrolada. Sabemos que a mídia enxadrística vem reproduzindo sempre a mesma coisa desde a década de setenta: excêntrico, maniático, esquizofrênico, paranóico e coisas mais nessa mesma linha de raciocínio. E conceituando-o dessa maneira tão veementemente e por tanto tempo acabou-se criando um senso comum muito forte na imagem desse gênio. O resultado é que não vemos mais os fatos com os nossos olhos e sim a partir de um discurso pre-estabelecido. Discurso esse que tem uma finalidade muito específica: silenciar a perigosa visão de mundo do maior jogador de xadrez de todos os tempos.




Perigosa pra quem? essa pergunta é muito ingênua pra ser respondida secamente. Mas lembramos que o auge do gênio em questão coincide com o auge da guerra fria onde tudo era uma questão de ponto de vista, de posicionamento e que as opiniões eram formadas a seu respeito levando-se em conta o lado em que se estava na luta política. Fischer, inevitavelmente, levava consigo o peso de sua nacionalidade para onde quer que fosse e era símbolo de uma ideologia capitalista anticomunista pautada pelo individualismo exacerbado. Portanto, podemos dizer sem medo de errar que ele não era visto com bons olhos pelo lado socialista do mundo - e, como sabemos, a nação ícone do socialismo era a união soviética que, por sua vez, dominava o cenário do xadrez mundial. Korchnoi, Petrosian, Spassky, Tal, são apenas alguns das dezenas de nomes que podem ser citados.

Como o xadrez acabou se tornando mais uma extensão da intensa luta política entre duas ideologias antagônicas que apenas se aproximavam em seus paradoxos, não era interessante para a URSS um herói norte-americano, sobretudo se esse herói fosse carismático. E Fischer em 1962 teve um dos seus maiores sucessos em sua curta trajetória no xadrez: ele venceu o Interzonal de Estocolmo com 2,5 de vantagem sobre os seus maiores rivais soviéticos, finalizando com 80% de aproveitamento e sem ter sofrido uma derrota sequer. Segundo Korchnoi nos conta em sua autobiografia intitulada no castelhanoEl ajedrez es mi vida... y algo más a imprensa soviética tinha grande influência sobre os meios de comunicação, ainda mais quando se tratava de xadrez e foi desde então que começou a campanha de difamação da personalidade de Bobby Fischer.

"Fischer comenzó a ser criticado en todo el mundo del ajedrez como una persona que se comportaba de forma inapropriada, causaba escándalos y violaba las reglas elementales de conducta, provocando innumerables problemas en los torneos tanto a los organizadores como a los participantes". (P.52) 


No entanto, Korchnoi na sequencia de seu relato, diz que pelo que ele recorda pouquíssimos jogadores tinham do que reclamar de Fischer, pois sua conduta diante do tabuleiro era impecável e que suas "chatices" em relação aos organizadores contribuiram de forma decisiva para a profissionalização do xadrez. Mas nesse momento os problemas com a imprensa e com a construção do discurso do senso-comum dos enxadristas pelo mundo todo tinha em contrapartida os meios de comunicação ocidentais que prestigiavam Bobby e faziam uso de sua imagem como propaganda política Estadunidense. Até então tudo ocorria bem para Fischer, pois era assim mesmo que funcionava o jogo de opostos na guerra fria - mal falado lá, bem falado aqui, não havia como ser diferente.

É quando as idéias políticas de Fischer começam a se tornar mais complexas e perigosas também para o ocidente que seus reais problemas com seu posicionamento perante as coisas do mundo iniciam. No entender dele os paradoxos da sociedade capitalista se tornam tão nocivos quanto os paradoxos da sociedade socialista. A "ditadura do capital" sustentada e legitimada pela aparente imaculável democracia é tão sanguinária quanto a "ditadura do proletariado" soviética. Tudo se mescla, o bem e o mal se fundem no turbilhão de idéias do gênio. Seu anticomunismo acaba se tornando também antimericano e ele solitário abandona tudo. Numa carta de boas vindas ao Ocidente destinada ao dissidente soviético Korchnoi, Fischer chama essas forças de Forças do Mal. Para tentarmos entender melhor essas idéias, abaixo disponibilizo essa carta traduzida por mim ao português:

Pasadena 9 de junho de 1977

Querido Victor, como está você?Fico feliz que as coisas estejam funcionando para você em sua nova vida. Eu vi seu amigo Ives Kraushaar hoje e nós nos demos muito bem. Fico feliz que ele esteja te ajudando a se ajustar à vida do ocidente. Por causa de minha atitude intransigente em relação ao comunismo, eu tive meus problemas, mas assim é a vida. Eu não acredito em comprometimento, acomodação e submissão ao mal. É assim que são todas as coisas. Espero te ver nos Estados Unidos, na Europa ou em qualquer outro lugar logo.

Tudo de melhor e felicidades para você.

Bobby Fischer

Nessa carta fica claro o seu anticomunismo, mas se pensarmos no que ele diz a respeito de ser contrário ao "comprometimento, acomodação e submissão ao mal" talvez possamos pensar em algo muito mais abrangente. Em 1992 Fischer deliberadamente desobedece o decreto que diz que nenhum cidadão Estadunidense pode em hipótese alguma entrar num país socialista sem autorização do Estado Americano: sabemos que ele jogou o match revanche comemorativo dos 20 anos de sua vitória pelo título mundial em 1972 contra Spassky na Ioguslavia que era um país de regime socialista. Na ocasião, Fischer cuspiu publicamente num documento oficial do estado americano que o proibia de entrar no país Ioguslavo, demonstrando total negligência com suas leis e com a sua própria cidadania. Essas idéias eram perigosas demais para a manutenção do status quo capitalista. Bobby se identificava com a luta de Victor contra as forças opressoras da ditadura soviética, pois ele mesmo tinha uma luta parecida no ocidente. Era preciso silenciar o seu discurso. Por essa razão a imprensa ocidental também comprou o discurso a respeito de Fischer que já era muito bem conhecido e aceito no leste europeu e começa a insistente reiteração às suas deficiências psicológicas. A idéia que até hoje é estampada em qualquer reportagem que tenha relação a Bobby Fischer é a de desvalorização de seus pensamentos, de seus discursos políticos, taxando-os simplesmente de paranóicos: não há como dar valor para o que um louco fala.

Voltando a entrevista citada no início do texto, Anand influenciado por décadas de prática discusiva sobre Bobby Fischer em Jornais, Revistas, Rádio e Televisão, não consegue ver outra coisa a não ser Bobby preocupado com gente que o esteja seguindo e segundo Anand isso simbolizava que sua paranóia nunca o abandonou. Talvez ele estivesse preocupado com jornalistas - apenas isso.
Embora Fischer pudesse ter vivido uma vida muito bem ajustada como campeão mundial, com muito dinheiro e fama, ele escolheu ir para um outro lado na luta política mundial ao não se submeter, ao escolher um lado muito específico em sua ideologia quase anarquista, ao se negar ser marionete no complexo jogo das relações de poder. Num jargão muito bem conhecido pela psicologia podemos concluir que Robert James Fischer era umDesajustado.


Referências

KASPAROV, Garry. Meus Grandes Predecessores V.4. Ed. Solis. Santana de Parnaíba, SP: 2006
KORCHNOI, Viktor. El ajedrez es mi vida.... y algo más. Ed, Chessy. Santa Eulalia de Morcín, ES: 2010
http://www.guardian.co.uk/sport/2011/dec/02/vishy-anand-small-talk-interview
Bobby Fischer tells the truth nothing but the truth 
http://www.youtube.com/watch?v=QryuMf8qZ0g Acesso em: 23/12/2011
Bobby Fischer Spits
http://www.youtube.com/watch?v=RjbaSVXUq5c&feature=related Acesso em 23/12/2011 


Fonte: http://www.cruzeider.blogspot.com/2011/12/robert-james-fischer-revisitado.html

ENTREVISTA 71 - MAGNUS CARLSEN ENTREVISTADO PELA REVISTA ÉPOCA.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:

http://xadrezparaler.blogspot.com.br/search?updated-max=2012-01-05T01:58:00-08:00&max-results=7&start=14&by-date=false






Magnus Carlsen entrevistado pela Revista Época
"Ainda podemos derrotar as máquinas"

O pupilo de Kasparov e mais jovem número 1 do mundo da história do xadrez – façanha obtida na semana passada – fala a ÉPOCA sobre o futuro do jogo
Na semana passada, ao derrotar o húngaro Peter Leko em um torneio em Moscou, o norueguês Magnus Carlsen se tornou o mais jovem número 1 do xadrez desde a criação do ranking mundial, em 1970. Ele atingiu 2.806 pontos, um a mais que o búlgaro Veselin Topalov. Ironicamente, ele superou o recorde de seu atual mentor – o ex-campeão mundial (1985-2000) Garry Kasparov, que chegou ao topo aos 20 anos, em 1984. O bizantino sistema do xadrez faz com que Carlsen não seja o campeão mundial – o título pertence ao atual número 3, o indiano Viswanathan Anand. A julgar pela evolução de Carlsen, essa distorção é uma questão de tempo.

ÉPOCA – Você esperava ser o mais jovem número um da história?
Magnus Carlsen - Honestamente não. E é por isso que tem sido tão divertido. Sei que há muitas outras metas a cumprir. A mais imediata é conservar ao máximo este ranking.

ÉPOCA – Sua próxima ambição é ser o mais jovem campeão mundial?
Carlsen - Meu objetivo é ser campeão, não importa quando. Não tenho pensado muito no Mundial ou no ciclo para chegar até lá. Uma coisa é ser um simples candidato ao título, outra bem diferente é estar preparado para a disputa. Minha meta é melhorar meu jogo. O título mundial será uma extensão.

ÉPOCA – O atual campeão do mundo é o indiano Viswanathan Anand, o terceiro do ranking, e não você, o número um. Tal disparidade não confunde o público?
Carlsen - Não penso nisso. Deixo esta resposta para a Fide (a Federação Internacional de Xadrez).

ÉPOCA – Ser treinado pelo Kasparov foi iniciativa sua?
Carlsen - A ideia inicial foi dele. Quando soube por um amigo em comum que Garry gostaria de colaborar, imediatamente aceitei. Logo acreditei que seria bom para o meu desenvolvimento. Começamos em janeiro, e nosso acordo vale até o final do ano que vem. Passamos alguns dias juntos na Croácia, em Moscou e na Noruega. Não vou entrar em detalhes sobre nossa rotina, mas temos dado ênfase às aberturas (lances iniciais das partidas). Mantemos contato mesmo à distância. Ele segue meus torneios pela internet, em tempo real.

ÉPOCA – E por que ele te procurou? Pelo dinheiro?
Carlsen - Ele sempre fala em oferecer um legado, em dar algo ao xadrez. Campeões do passado ajudaram na formação do seu jogo, e ele agora quer fazer algo parecido no papel de treinador. Eu não poderia querer um técnico melhor. A contribuição dele é ótima tanto na técnica quanto na psicologia do jogo. Sua energia é impressionante. Sempre fico cansado quando termino um dia ao seu lado. Mas é bom.

ÉPOCA – Nos jogos entre vocês, quem ganha?
Carlsen - Há muito equilíbrio, são bons jogos. Nenhum de nós quer perder.

ÉPOCA – Teme decepcioná-lo?
Carlsen - Nunca se tem certeza de nada. Confio no meu potencial, e meu papel agora é buscar minhas metas e jamais desistir.

ÉPOCA – O que conversaram depois que assumiu o topo do ranking?
Carlsen - Nada diferente do que vínhamos falando antes, que o importante é seguir focado no desenvolvimento do jogo e não desistir nunca.



ÉPOCA – Como os programas e sites de xadrez melhoraram seu nível de jogo?
Carlsen - Hoje é possível jogar e reproduzir online as partidas dos grandes torneios. Como a Noruega não tem tradição no xadrez, a internet foi uma grande ferramenta durante meus primeiros anos no tabuleiro. Só depois é que passei a treinar na academia de Simen Agdestein (seu primeiro treinador). No passado, nascer em país de forte tradição, como a União Soviética, representava uma importante vantagem, mas o xadrez moderno é mais democrático. A internet e os softwares nivelaram o jogo.

ÉPOCA – O domínio da máquina sobre o homem não torna o xadrez monótono e menos criativo?
Carlsen - A capacidade de cálculo dos computadores é claramente maior, mas isso não diminui o xadrez como esporte mental praticado entre pessoas, por mais que elas tentem decorar aquilo que o computador sugere. Humanos sofrem pressão e estafa, o que interfere muito no resultado final. Acho benéfica a interferência das máquinas no xadrez. Ela facilita muito a compreensão do público nas partidas disputadas entre os jogadores de elite. Isso tem sido importante para o aumento do número de praticantes.

ÉPOCA – Os computadores hoje são imbatíveis?
Carlsen - Não afirmaria isso. Os humanos seguem com chances na metade do jogo (fase em que, segundo os enxadristas, a intuição é tão importante quanto o cálculo).

ÉPOCA – Você pensa em desafiar um programa de ponta, como o Deep Fritz?
Carlsen - Por enquanto não. Se houvesse um match assim, não entraria esperando ganhar.

ÉPOCA – Você começou a jogar aos oito anos. Qual a melhor idade para iniciar no xadrez?
Carlsen - Não há uma regra. Mais importante que a idade é a motivação para entender o jogo. Acho que uma criança está pronta para isso dos 4 aos 10 anos.

ÉPOCA – Quando percebeu que era um talento raro?
Carlsen - Nunca me considerei assim, mesmo hoje. Mas tive uma noção da minha qualidade já nos primeiros torneios. Mesmo tendo aprendido a jogar mais tarde que meus adversários, conseguia vencê-los.

Fonte: Revistas Época, VEJA e ISTOÉ