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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA 9 - Kasparov cogita presidência e diz que governo Putin desvia dinheiro.

17/09/07 - 07h09 - Atualizado em 17/09/07 - 17h07.


FOTO 9.

Ex-campeão mundial de xadrez deu uma entrevista exclusiva ao G1.
Ele afirma que há desvio de verba pública para contas particulares.

Ele derrubou milhares de reis, rainhas, peões, bispos, torres e cavalos. Já ganhou, inclusive, de uma supermáquina construída apenas para derrotá-lo no xadrez. Garry Kasparov, porém, ainda quebra a cabeça para encontrar uma maneira de vencer o presidente russo Vladimir Putin em outro tipo de tabuleiro: o político.

Com sua projeção na mídia internacional, o ex-campeão mundial de xadrez deu voz à reprimida oposição russa e agora cogita ser candidato à Presidência do país em 2008, como ele afirmou em entrevista exclusiva ao G1, feita através de e-mails ainda antes da dissolução do governo russo, ocorrida na última quarta-feira (12).

E, após derrotar inúmeros rivais no xadrez, Kasparov tem pela frente, em suas próprias palavras, "Don Putin" e um governo que "dedica-se inteiramente a extrair dinheiro do país e destiná-lo a contas e ativos privados da minúscula elite que comanda o país".

Conheça a vida de Kasparov

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Veja os bastidores desta entrevista

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William Waack: Vladimir Putin e a arte de entender o Kremlin

Críticas semelhantes ao governo Putin já haviam sido feitas pelo bilionário russo Boris Berezovsky, homem que as autoridades brasileiras acreditam que está envolvido na lavagem de dinheiro com a venda de jogadores ao Corinthians. Mas o governo russo sempre nega as acusações. Diz que não passam de denúncias infundadas.



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Considerado um dos melhores jogadores de xadrez da história, Kasparov mergulhou no mundo político logo que se aposentou dos tabuleiros, em março de 2005. Ele formou o grupo "Frente Civil Unida" e se uniu à principal coalizão de oposição a Putin, chamada de "A Outra Rússia". Sua atuação lhe valeu uma detenção de dez horas durante um protesto em abril deste ano -ele foi solto após pagar uma multa.

Nesta entrevista, Kasparov fala sobre Boris Berezovski e o milionário Roman Abramovich, solta o verbo contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez (a quem chama de "bufão"), afirma que a política é muito mais complexa do que o xadrez e diz que conta com a ajuda do Brasil e de outros países ocidentais para diluir o poder de Putin.

Confira abaixo a íntegra da entrevista ao G1:

G1 - O sr. afirma que não há democracia na Rússia. Por quê?
Garry Kasparov - Em primeiro lugar, trata-se de uma hierarquia rígida com todo o poder emanando do homem no topo de tudo, o "Don Putin", como o descrevi naquele editorial do "Wall Street Journal". As estruturas democráticas foram enfraquecidas ou totalmente destruídas e o Kremlin controla as esferas públicas e privadas. Em segundo lugar, tem tudo a ver com dinheiro. Nada a ver com ideologia ou influência geopolítica. Este governo dedica-se inteiramente a extrair dinheiro do país e destiná-lo a contas e ativos privados da minúscula elite que comanda o país. Existem outras semelhanças, como a eliminação implacável da oposição.
Tentei ser otimista quando Putin assumiu o poder, em 2000. Yeltsin obviamente não era forte o suficiente para combater a burocracia. Mas não deveria causar surpresa o fato de um homem da KBG (a agência de serviços secretos da antiga União Soviética) fazer jus ao seu passado.

G1 - No artigo do "Journal of Democracy", você escreveu que quando ingressou na política estava em xeque-mate. Por que? O que aconteceu? O que é mais difícil: derrotar o Deep Blue (computador da IBM que venceu uma partida de Kasparov, em 1996, mas perdeu outras três) ou o governo de Putin?
Kasparov - A diferença é que agora meu oponente pode mudar as regras quando quiser. E não estou na briga sozinho, mas sim trabalhando com uma ampla coalizão, "A Outra Rússia". Então é mais complicado.

G1 - Você se lançará candidato a presidente em 2008 ou em algum outro ano?
Kasparov - Bem, ao contrário do método de Putin, "A Outra Rússia" de fato adota a escolha democrática! Ainda creio que existam outros candidatos mais qualificados. Se os representantes me nomearem, então eu poderei optar. Mas estou ocupado demais trabalhando como moderador desta frágil coalizão.

G1 - É possível comparar política e xadrez?
Kasparov - O xadrez ensina que não há posição invencível, porque você é obrigado a se mover. Da mesma forma, a posição do Kremlin parece forte, mas não pode ser mantida. As eleições de março de 2008 forçaram uma crise e a pressão já está provocando rachas. Além disso, em ambos os casos a falta de equilíbrio representa falta de simetria que pode ser explorada para a vantagem do outro. Mesmo que sua posição geral seja inferior, você ainda possui chances de vencer se conseguir aproveitar as fraquezas do seu oponente. É claro que política é muito mais complexa, infinitamente mais. Porém os ensinamentos do xadrez se aplicam muito bem.

G1 - Como ficou a situação de "A Outra Rússia" com a morte de Boris Yeltsin (em 23 de abril de 2007)?
Kasparov - Yeltsin empossou Putin e era protegido por Putin. Sua morte nos fez lembrar que, embora ele fosse uma pessoa com falhas em diversos aspectos, acabando mal-sucedido, sua liderança ousada em um momento crítico deu à Rússia oportunidades de conquistar uma democracia legítima. Agora, Putin está minando essas oportunidades.

G1 - Quem são as oligarquias na Rússia? Quais são as alternativas de "A Outra Rússia"?
Kasparov - Não faz sentido dar nome aos bois. Os oligarcas de Putin chegam e partem, como [Boris] Berezovsky (que é o dono da MSI, segundo o Ministério Público Federal do Brasil), que o colocou no poder e depois foi forçado a sair. Hoje, [o magnata Vladimir] Potanin e [o milionário Roman] Abramovich (dono do time de futebol inglês Chelsea) estão ajudando Putin a administrar seu orçamento e realizar as operações para fazer o que chamo de "privatizar os lucros e nacionalizar as despesas". É a KGB Inc.!

G1 - Você escreveu no artigo do "Journal of Democracy" que a Rússia não pode se tornar uma Arábia ou uma Venezuela em termos de petróleo. Você é a favor do governo Hugo Chávez? O que a Rússia pode oferecer a outros países?
Kasparov - A Rússia possui uma vasta tradição de excelência em cultura e indústria. Contudo, na gestão Putin nossa habilidade em setores como educação, arte e indústria está entrando em colapso. Todo o dinheiro que deveria ser investido nessas áreas está saindo do país, embora tenhamos lucros recordes em gás e petróleo. Gostaria de ver a Rússia como mais um membro do mundo das nações democráticas. Um país que ajude seus vizinhos em vez de ameaçá-los.
Chávez é apenas mais um bufão que ascendeu graças ao elevado preço do petróleo. O padrão é sempre igual. Primeiro, o Estado quer controlar algumas empresas, depois mais empresas, depois impor restrições a alguns jornais ou a uma emissora de televisão, e depois a cada vez mais órgãos de imprensa. O sistema totalitário nunca adormece e está sempre faminto. Neste momento, ele possui dinheiro suficiente para dominar, persuadir ou intimidar quem reclamar. No entanto, muitos venezuelanos e seus vizinhos já perceberam o direcionamento tomado por Chávez. Agora, se o preço do petróleo cair, ele e muitos outros regimes repressores sustentados pelo petróleo também irão cair.

G1 - O que "A Outra Rússia" pode fazer para evitar a máfia?
Kasparov - Demorará muitos anos para desarticular a burocracia corrupta existente hoje na Rússia e para reconstruir instituições democráticas. Transparência e um sistema judiciário independente, além de uma imprensa livre, são a única receita.

G1 - Boris Berezovski é seu amigo? O que acha dele?
Kasparov - Não somos amigos e ele não tem nada a ver com "A Outra Rússia". Ele tem suas próprias prioridades, principalmente chamar a atenção. Se ele estivesse fazendo metade do que diz fazer para combater Putin eu já ficaria feliz!

G1 - Como o Brasil pode ajudar a Rússia e "A Outra Rússia"?
Kasparov - O Kremlin já demonstrou ser vulnerável às pressões externas. Não gosta que seja dada atenção às suas negociatas sujas. Durante anos todos ignoraram o que acontecia na Rússia enquanto Putin destruía nossa democracia que começava a se constituir. Mas quando começamos a chamar a atenção eles reagiram. Eles possuem dinheiro no Ocidente e não podem perder completamente suas credenciais, ou podem perder o acesso a todo aquele dinheiro. Qualquer declaração do Brasil e de outros países ajudaria a voltar a atenção internacional para o problema. De pequenas iniciativas podem surgir uma grande mudança.

G1 - Você sente saudades de jogar xadrez como profissional?
Kasparov - Às vezes, apesar de estar tão ocupado com outras coisas agora que nem daria para voltar ao xadrez profissional! O meu livro "Xeque-Mate, A vida é um jogo de xadrez" está sendo lançado no mundo todo e tenho muitas palestras agendadas. Sem contar, é claro, meu trabalho em tempo integral na política! E minha família, é claro. Nem dá tempo de sentir saudade do xadrez. Só jogo de vez em quando o fast chess (blitz) pela internet.

G1 - Quais são as diferenças entre a Moscou da União Soviética e a de agora?
Kasparov - São incontáveis, tanto boas quanto ruins. Ainda há mais liberdade em diversos aspectos, heranças da era Yeltsin, quando teve início a nossa democracia. Mas elas estão sendo eliminadas e, em alguns aspectos, as coisas na verdade pioraram. Estávamos começando do zero em 1991. Agora a cabeça das pessoas foi feita contra a democracia devido às falhas e ao colapso da economia na gestão Yeltsin e à debilitação das instituições democráticas na gestão Putin. As pessoas não sabem ao certo o motivo pelo qual devem estar a favor disso porque isso foi usado muitas vezes contra elas. O povo da Rússia enfrenta um nível de instabilidade que gera uma enorme pressão.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL105597-5602,00.html

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