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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ENTREVISTA 34 - “Sempre tive muita vontade de vencer”.



FOTO DE GIOVANNI PORTILHO VESCOVI.
“Sempre tive muita vontade de vencer”
16.12.2009.

Por Jeferson Peres.

No auge de sua forma e à luz de mais um título de campeão brasileiro de xadrez, o GM Giovanni Portilho Vescovi fala ao Xadrez de Guarujá sobre sua vida, patrocício e conquistas. Mais do que detalhes de sua carreira Giovanni revela seus pensamentos e ponderações de uma história de talento e paixão.


Aos 31 anos Giovanni Vescovi é mais uma vez campeão brasileiro de xadrez.(Foto: Acervo de Giovanni)
Xadrez de Guarujá: Quem é Giovanni Vescovi? Como tu começou a jogar xadrez? Que tipo de apoio te ajudou no início?

Giovanni Vescovi: Nasci em Porto Alegre, mas sempre morei em São Paulo. O xadrez surgiu por iniciativa de meu pai, que me ensinou as regras por volta de meus 3 ou 4 anos de idade. Aos 8 anos comecei a treinar no Club Paulistano e logo passei a ter bons resultados nacionais e internacionais. No início meu pai foi um grande incentivador, o próprio Club Paulistano me ajudou como podia e até os 11 ou 12 anos as aulas com o amigo e MI Pelikian foram muito importantes. Tive a oportunidade de ter algumas aulas de finais com os MIs James Toledo e Herman Claudius, e também estudei algumas vezes com o GM Milos. Todo tipo de intercâmbio é sempre positivo, mas também devo dizer que já naquela época eu estudava bastante sozinho. Fora isso, também diria que os breves patrocínios que tive (principalmente dos chicletes Bubbaloo) ajudaram bastante pois pude participar de torneios internacionais.

Xadrez de Guarujá: Para ti o que te diferenciou dos outros jogadores e o fez despontar?

Giovanni: É difícil dizer. Acho que sempre tive muita vontade de vencer e todo meu tempo livre eu dedicava ao xadrez, por puro prazer. Como eu disse, também estudei bastante sozinho, embora eu tenha consciência de que poderia ter estudado muito mais, principalmente se tivesse um direcionamento melhor. Mas acho que não tenho uma resposta precisa para sua pergunta.

Xadrez de Guarujá: Para ti o que é necessário para um jogador hoje seguir os teus passos?

Giovanni: Primeiramente gostar do que faz. Depois se dedicar bastante e saber que é preciso sacrificar outros prazeres em muitos casos. O apoio de amigos e familiares também vale muito.



Giovanni em match com Anatoly Karpov (esquerda) em 2006. (Foto: Acervo de Giovanni)
Xadrez de Guarujá: Que tipo de treinamento ou preparação te levaram a se tornar um GM e agora mais uma vez campeão brasileiro de xadrez?

Giovanni: Nenhum método em especial. Sempre tive o hábito de ler muito xadrez de forma aleatória, mas também lia de forma sistemática o que era essencial, como teoria de finais. Minhas aberturas nunca foram boas, mas pelo menos de pretas eu sempre buscava linhas arriscadas. Hoje é um pouco diferente. O título de GM é uma consequencia natural do trabalho, mas demora em média uns 10 anos.

Xadrez de Guarujá: Neste ano Magnus Carlsen se tornou o mais jovem enxadrista a liderar o ranking da FIDE e ano passado André Diamant tornou-se o mais jovem campeão brasileiro. Pra ti, como se explica um avanço cada vez maior dos jovens no xadrez. Isto é uma tendência?

Giovanni: Não vejo como algo surpreendente. O Carlsen sim é um fenômeno, mas sempre existiram jovens talentosos. Eu fui campeão brasileiro absoluto com 15 anos em janeiro de 94. O Mequinho com 13. O Rafael com 17. A realidade é que hoje é mais fácil se tornar um jogador forte rapidamente, mas principalmente porque o estudo está disponível para todos e há muitos professores de alto nível em todo o mundo. Antigamente era muito mais difícil e tedioso estudar. Hoje dá para conseguir tudo pela internet. Inegável que há um avanço e uma tendencia, mas não é tão dramática como se fala por aí.

Xadrez de Guarujá: Em entrevista Magnus Carlsen disse que “ainda podemos derrotar as máquinas”, ao memso tempo que não aceitou desafiar Deep Fritz. Pra ti esta afirmação é verdadeira? Qual o futuro do xadrez frente o avanço tecnológico? Como usar estas tecnologias pra avançar na prática esportiva?

Giovanni: A tese defendida é que se o ser humano conseguir vencer uma partida em 100, significa que ele estava na sua melhor performance e foi superior à máquina (pois ela sempre joga na sua melhor performance). Se os dois – humanos e máquinas – estiverem em igualdade de condições (no seu 100%), então os humanos seriam melhores. Faz sentido, pois o problema do ser humano é não conseguir estar em 100% todo o tempo. Uma noite mal dormida, uma dor de barriga ou a briga com a namorada acabam influindo sempre.

Xadrez de Guarujá: Tu desafiarias hoje o Deep Fritz? Por que?

Giovanni: Não sei qual o sentido e não vejo porque. Mas se alguém quiser organizar esse desafio eu poderia estudar a possibilidade.



"Estou feliz jogando e espero poder continuar fazendo o que gosto", diz Giovanni sobre seu futuro no xadrez. (Foto: Acervo de Giovanni)
Xadrez de Guarujá: Que tu esperas para o futuro do xadrez no Brasil? Quais as maiores dificuldades da modalidade e de seus competidores? É possível “viver de xadrez” hoje?

Giovanni: Não espero nada. Estou feliz jogando e espero poder continuar fazendo o que gosto. Evidentemente é possível melhorar muitas coisas e condições, inclusive de treinamento e planejamento. Mas isso é uma tarefa dos dirigentes. Uma grande dificuldade é a falta de patrocinadores grandes. Há algumas formas de criar eventos atrativos e interessantes, e acho que é o objetivo de todos. Algumas empresas de visão começaram a perceber que o xadrez traz benefícios para seus praticantes e resolveram apoiar projetos sociais, como é o caso da Semp Toshiba. Eles apoiam um projeto de xadrez na favela de Heliopolis em São Paulo e estão muito satisfeitos com os resultados, principalmente por entederem que estão contribuindo para um futuro melhor para muitas crianças, afastando-as de atividades negativas e mostrando-as que elas também são capazes de ter sucesso, até mesmo num jogo complexo como o xadrez.

Xadrez de Guarujá: Com o título de 2009 tu te igualas a Gilberto Milos. Quais as tuas ambições no cenário nacional? E no cenário mundial?

Giovanni: É engraçado como todo mundo acaba se esquecendo que eu venci o Brasileiro de 93, disputado em janeiro de 94. Fiz a mesma pontuação que o Aron Correa e o derrotei no confronto direto, além de ter melhor sistemas de desempate. Por uma casualidade o match acabou nunca se realizando – como já havia sido o caso em outras edições – mas por entenderem que eu havia me recusado a jogar, acabei sendo prejudicado e o título não foi dividido entre ambos. Eu já tinha 100 pontos de rating a mais que o Aron e estava em boa fase, não tinha o menor problema em jogar com ele um match. Aliás, menos de um mês depois derrotei-o novamente no Aberto do Brasil. Mas, vai entender… De todo modo, eu contabilizo esse título, pois fiz por merecer. E o de 2009 passa a ser meu sétimo título.

Xadrez de Guarujá: O que o xadrez representa pra ti?

Giovanni: Não sei explicar. Tenho muitos amigos e adoro o ambiente dos torneios. O jogo em si é fascinante, pois é extremamente rico e complexo. É um desafio constante. Poderia discorrer muito mais, mas no fundo é uma grande paixão.


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Tags: Campeonato Brasileiro de xadrez 2009, Giovanni Vescovi, xadrez, Xadrez de Guarujá
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“Ainda podemos derrotar as máquinas”
21

11

2009
Da Revista ÉPOCA

O pupilo de Kasparov e mais jovem número 1 do mundo da história do xadrez – façanha obtida na semana passada – fala a ÉPOCA sobre o futuro do jogo.

Na semana passada, ao derrotar o húngaro Peter Leko em um torneio em Moscou, o norueguês Magnus Carlsen se tornou o mais jovem número 1 do xadrez desde a criação do ranking mundial, em 1970. Ele atingiu 2.806 pontos, um a mais que o búlgaro Veselin Topalov. Ironicamente, ele superou o recorde de seu atual mentor – o ex-campeão mundial (1985-2000) Garry Kasparov, que chegou ao topo aos 20 anos, em 1984. O bizantino sistema do xadrez faz com que Carlsen não seja o campeão mundial – o título pertence ao atual número 3, o indiano Viswanathan Anand. A julgar pela evolução de Carlsen, essa distorção é uma questão de tempo.











QUEM É

Nasceu em Tonsberg, em 30 de novembro de 1990. Quando tinha 8 anos, o pai o ensinou a jogar xadrez



O QUE FAZ

Aos 13 anos, tornou-se grande mestre e empatou um jogo com Kasparov



VIDA PESSOAL

Não tem namorada. Gosta de futebol e de tomar laranjada durante os jogos



ÉPOCA – Você esperava ser o mais jovem número um da história?

Magnus Carlsen - Honestamente não. E é por isso que tem sido tão divertido. Sei que há muitas outras metas a cumprir. A mais imediata é conservar ao máximo este ranking.
ÉPOCA – Sua próxima ambição é ser o mais jovem campeão mundial?
Carlsen – Meu objetivo é ser campeão, não importa quando. Não tenho pensado muito no Mundial ou no ciclo para chegar até lá. Uma coisa é ser um simples candidato ao título, outra bem diferente é estar preparado para a disputa. Minha meta é melhorar meu jogo. O título mundial será uma extensão.
ÉPOCA – O atual campeão do mundo é o indiano Viswanathan Anand, o terceiro do ranking, e não você, o número um. Tal disparidade não confunde o público?
Carlsen - Não penso nisso. Deixo esta resposta para a Fide (a Federação Internacional de Xadrez).
ÉPOCA – Ser treinado pelo Kasparov foi iniciativa sua?
Carlsen - A ideia inicial foi dele. Quando soube por um amigo em comum que Garry gostaria de colaborar, imediatamente aceitei. Logo acreditei que seria bom para o meu desenvolvimento. Começamos em janeiro, e nosso acordo vale até o final do ano que vem. Passamos alguns dias juntos na Croácia, em Moscou e na Noruega. Não vou entrar em detalhes sobre nossa rotina, mas temos dado ênfase às aberturas (lances iniciais das partidas). Mantemos contato mesmo à distância. Ele segue meus torneios pela internet, em tempo real.
ÉPOCA – E por que ele te procurou? Pelo dinheiro?
Carlsen – Ele sempre fala em oferecer um legado, em dar algo ao xadrez. Campeões do passado ajudaram na formação do seu jogo, e ele agora quer fazer algo parecido no papel de treinador. Eu não poderia querer um técnico melhor. A contribuição dele é ótima tanto na técnica quanto na psicologia do jogo. Sua energia é impressionante. Sempre fico cansado quando termino um dia ao seu lado. Mas é bom.
ÉPOCA – Nos jogos entre vocês, quem ganha?
Carlsen - Há muito equilíbrio, são bons jogos. Nenhum de nós quer perder.
ÉPOCA – Teme decepcioná-lo?
Carlsen – Nunca se tem certeza de nada. Confio no meu potencial, e meu papel agora é buscar minhas metas e jamais desistir.
ÉPOCA – O que conversaram depois que assumiu o topo do ranking?
Carlsen – Nada diferente do que vínhamos falando antes, que o importante é seguir focado no desenvolvimento do jogo e não desistir nunca.
ÉPOCA – Como os programas e sites de xadrez melhoraram seu nível de jogo?
Carlsen – Hoje é possível jogar e reproduzir online as partidas dos grandes torneios. Como a Noruega não tem tradição no xadrez, a internet foi uma grande ferramenta durante meus primeiros anos no tabuleiro. Só depois é que passei a treinar na academia de Simen Agdestein (seu primeiro treinador). No passado, nascer em país de forte tradição, como a União Soviética, representava uma importante vantagem, mas o xadrez moderno é mais democrático. A internet e os softwares nivelaram o jogo.
ÉPOCA – O domínio da máquina sobre o homem não torna o xadrez monótono e menos criativo?
Carlsen - A capacidade de cálculo dos computadores é claramente maior, mas isso não diminui o xadrez como esporte mental praticado entre pessoas, por mais que elas tentem decorar aquilo que o computador sugere. Humanos sofrem pressão e estafa, o que interfere muito no resultado final. Acho benéfica a interferência das máquinas no xadrez. Ela facilita muito a compreensão do público nas partidas disputadas entre os jogadores de elite. Isso tem sido importante para o aumento do número de praticantes.
ÉPOCA – Os computadores hoje são imbatíveis?
Carlsen - Não afirmaria isso. Os humanos seguem com chances na metade do jogo (fase em que, segundo os enxadristas, a intuição é tão importante quanto o cálculo).
ÉPOCA – Você pensa em desafiar um programa de ponta, como o Deep Fritz?
Carlsen - Por enquanto não. Se houvesse um match assim, não entraria esperando ganhar.
ÉPOCA – Você começou a jogar aos oito anos. Qual a melhor idade para iniciar no xadrez?
Carlsen – Não há uma regra. Mais importante que a idade é a motivação para entender o jogo. Acho que uma criança está pronta para isso dos 4 aos 10 anos.
ÉPOCA – Quando percebeu que era um talento raro?
Carlsen - Nunca me considerei assim, mesmo hoje. Mas tive uma noção da minha qualidade já nos primeiros torneios. Mesmo tendo aprendido a jogar mais tarde que meus adversários, conseguia vencê-los.

Fonte: Revista ÉPOCA


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Tags: xadrez
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O sucesso mora ao lado.
16

09

2009
Por Jeferson Peres

Em entrevista ao Xadrez de Guarujá, Carlos Alberto Sega, vice-presidente do Clube de Xadrez Santos fala sobre o esporte e a burocracia que deu certo na cidade.

Xadrez de Guarujá: O que é o Clube de xadrez de Santos?

Sega: O Clube de Xadrez – Santos é uma associação sem fins lucrativos fundada em 01/01/1925 que tem por objetivo incentivar e desenvolver a prática do xadrez.


Aos 84 anos, Clube de Xadrez Santos ainda mantém seus objetivos.
Xadrez de Guarujá: O que é o xadrez pra vocês?

Sega: Xadrez é uma atividade que gostamos de realizar em suas diversas formas (jogando uma partida, estudando, resolvendo diagramas…), uma espécie de paixão que nos entretêm com seus desafios.

Xadrez de Guarujá: Qual projeto de xadrez vocês desenvolvem?

Sega: O principal projeto é o incentivo ao xadrez escolar e o desenvolvimento de seus talentos, para isso realizamos um Circuito Escolar, todos os anos realizamos Campeonatos Paulistas de categorias menores e mesmo nas competições de categoria absoluta distribuímos premiações para as categorias menores.


Para Sega, o principal projeto do Clube é o incentivo ao xadrez escolar.
Xadrez de Guarujá: Que tipo de estrutura vocês possuem? O quê lhes falta?

Sega: A estrutura física do clube é uma sala onde ficam 2 computadores, livros, relógios, peças e tabuleiros. Nos últimos anos para promover o xadrez escolar realizamos cursos para professores e cursos de arbitragem, o que aumentado a qualificação no ensino e nas competições.

Xadrez de Guarujá: O que é necessário pra construir um clube de xadrez?

Sega: Um clube de xadrez é sempre uma manifestação da vontade comum de um grupo de pessoas, então só requer isso. Claro que existe o aspecto formal como elaborar um estatuto, registrar em cartório, etc.

Xadrez de Guarujá: Pode se dizer que Santos tem as melhores equipes de xadrez da Baixada Santista. A que se deve isto?

Sega: Acho que Santos tem boas equipes devido a um trabalho contínuo, outras cidades da região estão tendo boas equipes nos últimos anos também devido a isso. Os eventos que realizamos em Santos tem auxiliado a toda região, ficaria melhor ainda se todas as cidades realizassem um pouco desse trabalho o que daria melhores condições aos eventos. Sobre as equipes de base felizmente desde 90 estamos com treinadores qualificados na cidade.


Xadrez de Guarujá: O que o Clube de xadrez de Santos faz para incentivar o xadrez escolar? E a prefeitura da cidade? Que benefícios isto traz para a cidade?

Sega: O clube de xadrez, em parceria com a prefeitura, tem realizado capacitação e palestras para professores, cursos de arbitragem, simultâneas e diversos torneios durante todo o ano. Estas atividades têm difundido o xadrez e feito com que novos enxadristas de nível se desenvolvam na região e especialmente em Santos.


Xadrez de Guarujá: Que tipo de parceria existe entre o Clube e a prefeitura para viabilizar este projeto?

Sega: A prefeitura apóia em 3 frentes o xadrez em Santos. A FUPES é encarregado do esporte de alto rendimento, através dela os representantes da cidade recebem uma ajuda de custo estipulada em lei. A SEMES apóia o esporte como desenvolvimento esportivo e muitas vezes cede local para a realização de eventos, outras vezes arca com as despesas de arbitragem e taxas, outras ainda disponibiliza transporte. Na SEDUC existe um projeto de xadrez utilizado como instrumento pedagógico, em algumas escolas de Santos como o Bernal isso já é uma realidade e gera bons frutos.


Xadrez de Guarujá: O que diferencia a gestão santista do xadrez das outras cidades da região?

Sega: Creio que é a continuidade do trabalho e a disposição de pessoas a manter o sonho estabelecido em 1925: desenvolver e difundir o xadrez.



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As poucas palavras de um campeão.
15

06

2009
por Jeferson Peres e Raphael Gomes

Aos 37 anos, o Grande Mestre e hexacampeão brasileiro Gilberto Milos Júnior fala ao Xadrez de Guarujá sobre sua vida e carreira. Gilberto revela profissionalismo e coragem ao escolher viver pelo xadrez.


Para Milos, dedicação e empenho constroem um bom jogador.

Xadrez de Guarujá: Quem é Gilberto Milos?

Milos: Sou um jogador profissional de xadrez que vive do esporte. Todas as minhas fontes de renda vêm do xadrez. Não tenho nenhuma formação acadêmica.

Xadrez de Guarujá: Como você conheceu o xadrez? E quando percebeu que poderia se profissionalizar?

Milos: Meu pai me ensinou quando eu tinha 5 anos. No começo eu jogava em clubes com meus amigos. Perto dos 13 anos, eu percebi que tinha um talento maior que o normal, que tinha futuro no xadrez.

Xadrez de Guarujá: Quem apoiou Gilberto Milos no xadrez até a grande maestria?

Milos: Apenas de amigos e da minha família. Não tive nenhum grande auxílio de um clube ou patrocinador, por exemplo.

Xadrez de Guarujá: Quais as dificuldades dos enxadristas no Brasil?

Milos: No Brasil o esporte é muito pouco popular, portanto conta com menor visibilidade, apoio e injeção de dinheiro. Há poucos torneios. É muito complicado conseguir patrocínio e apoio de clubes.

Xadrez de Guarujá: Tu acreditas na função social do xadrez?

Milos: De fato ele agrega valores às pessoas. Como jogo, aprende a respeitar as regras, ajuda a compreender melhor a sociedade. É interessante como outras modalidades esportivas.

Xadrez de Guarujá: Pra ti, qual o futuro do xadrez mediante a tecnologia e a internet?

Milos: Pra mim, acontecerá o mesmo que já ocorre hoje. O virtual toma o espaço do físico. A popularidade da prática esportiva certamente aumentará, mas cada um na sua casa.

Xadrez de Guarujá: Como você vê o aparecimento de grandes jogadores de xadrez cada vez mais jovens?

Milos: É normal. Eles estão aprendendo e praticando muito precocemente. O Diamant, por exemplo, tem um grande apoio do clube que ele representa, a Hebraica. Há pelo menos 5 anos eu dou aula pra ele lá.

Xadrez de Guarujá: Quais conselhos tu tens pra quem está começando agora e quer seguir seus passos?

Milos: Se dedicar muito, muito. Ser um bom competidor, controlar seus medos. Estudar bastante. E no final das contas, jogar com sua própria cabeça. Tem que descobrir seu próprio caminho.

Xadrez de Guarujá: É possível ser um bom jogador de xadrez sem o apoio?

Milos: Sim, eu não tive apoio e consegui. Tem que ter muita dedicação e empenho, mas dá.


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Tags: Milos, vida, xadrez
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Uma vida para o xadrez.
25

05

2009
por Jeferson Peres

Do alto de seus 22 anos o MI brasileiro Krikor Sevag Mekhitarian fala ao Xadrez de Guarujá sobre sua vida, xadrez e expectativas. Krikor revela além de muita simpatia e entusiasmo alguns empolgantes detalhes da tragetória de alguém que acredita no futuro do esporte.

Xadrez de Guarujá: Quem é Krikor Sevag?

Krikor: Sou paulistano, nascido em 15 de Novembro de 1986. Tenho origem armênia, por parte de pai e mãe. Atualmente curso o último ano de administração de empresas, no Mackenzie-SP. Me formo em Dezembro agora. Gosto muito de seriados, ouço música de tudo que é tipo – principalmente eletrônica e latina. Moro na cidade onde nasci até hoje, mas sempre tive e ainda tenho vontade de me mudar para o interior.

Xadrez de Guarujá: O que é o xadrez e o que ele fez por ti?

Krikor: O xadrez deve representar uns 80% da minha vida até hoje. Por meio dele, já fui a diversas cidades e países que eu nunca imaginaria conhecer, tive contato com pessoas de todas as idades e regiões do Brasil e do mundo. Gosto de pensar que ao longo desses 16 anos de prática (aprendi aos 6), fiz uma faculdade de graduação, um mestrado e um doutorado nesse esporte. Abri mão de muitas coisas para me dedicar integralmente, mas cresci muito desde o primeiro momento e não me arrependo de ter vivido dessa maneira até hoje.


Krikor contra o GM Rafael Leitão na final do campeonato brasileiro de 2008 em Recife.
Xadrez de Guarujá: Como você aprendeu a jogar?

Krikor: Aprendi aos 6 anos – em 1992 – com o meu pai (que conhecia o jogo por causa do meu tio, muitos e muitos anos atrás. Hoje, meu tio, que mora na Espanha, sempre foi e sempre será um amante do xadrez e deve ter seus 1800 de força). Eu gostava muito de quebra-cabeças nessa idade, e certo dia, tive a brilhante (ou estúpida?) idéia de montá-lo com as peças viradas para baixo. Daí meu pai imaginou que poderia ser uma idéia me ensinar os movimentos desse novo jogo. Depois de muitas e muitas e muitas derrotas contra ele, comecei a ter aulas e aos poucos aquele passatempo se transformou em grande parte do que eu sou hoje.

Xadrez de Guarujá: Como tu te preparas?

Krikor: Nesses últimos anos, já tive diferentes fases quanto ao estudo. Em certas épocas, foquei mais em livros de finais, outras em livros de partidas, e durante certo tempo, eu só resolvia problemas artísticos. Entretanto, algo que eu nunca deixei de fazer (desde, digamos 2004, quando comecei a me dedicar bem mais por conta própria), foi a preparação de aberturas e análise de partidas recentes junto ao Chessbase. Esse último tópico me deixa em ótimas condições de ter um xadrez competitivo, utilizando-se de material novo e sempre com o repertório de aberturas em dia. Agora, é importante que fique claro, que antes dessa dedicação às aberturas, é necessária uma base bem reforçada com análise de partidas de ex-campeões do mundo, estudo de finais básicos e variados, e muito, muito, muito cálculo, que é uma área bastante menosprezada por muitos e faz uma diferença estratosférica na prática. Basicamente pelo fato de que toda uma preparação de abertura e todo um plano perfeito no meio-jogo pode ir abaixo com uma falha tática. Por isso, aí vai a dica para quem esteja motivado a dedicar-se: as aberturas são importantes, mas de fato são um diferencial apenas depois do nível de 2300, 2400. Até lá, um bom conhecimento estratégico, um cálculo afiado e uma noção boa de finais não vão te deixar na mão.



Krikor contra Neuris Delgado em 2008 na Colômbia.
Xadrez de Guarujá: Que dicas tu tens pra crianças que estão aprendendo agora e querem competir?

Krikor: As últimas dicas acima são direcionadas para um nível já mais avançado. Para as crianças, o que eu gosto de ressaltar sempre é que o xadrez, deve ser praticado com prazer, acima de tudo. Afinal das contas, ninguém gosta de fazer o que não quer né? Parece meio óbvio, mas na prática não é. Eu falo isso, pois muita gente que está começando, e de fato está motivada, acaba parando cedo por razões diferentes. Às vezes, pressão dos familiares, outras vezes pode ocorrer um esforço muito grande para certo campeonato e a frustração que vem depois, em caso de não sucesso é muito negativa. Por isso, antes de mais nada, divirtam-se. Se parece chato treinar, tente fazer com que o treino não seja um momento de chatice, mas sim algo agradável e divertido a se fazer. Durante as partidas, se você fica entediado de tanto pensar (pedir a uma criança que fique 100% do tempo concentrada a partida toda não é algo saudável), pense na vida, lembre de uma música. E claro, dê o melhor que você puder de si.

Xadrez de Guarujá: Pra ti, o esporte, ou o xadrez pode ter uma função de inclusão social?

Krikor:Acredito que o xadrez principalmente pode ter essa função. Como estudos provam, e muita gente já está careca de saber, esse nosso esporte traz muitos benefícios, como melhora de concentração, facilidade de raciocínio, etc. Esses benefícios são uma forte arma para difundir o xadrez Brasil afora, e se adicionarmos os inúmeros projetos de xadrez nas escolas pelo país, é possível enxergar que a inclusão social vem acontecendo em escalas cada vez maiores. O xadrez tem esse poder de melhorar habilidades e porque não dizer – melhorar as pessoas. Em caso do xadrez conseguir um espaço forte na mídia (talvez com a exibição de partidas com ritmo de tempo mais curto e socialização do aprendizado do jogo), as iniciativas públicas se multiplicarão mais rapidamente, e com o setor privado enxergando uma oportunidade, inúmeras portas serão abertas para todos que praticam – aqueles que estão começando, e outros que já estão em nível principiante, intermediário ou avançado.

Xadrez de Guarujá:Pra ti, qual o futuro do xadrez frente ao avanço tecnológico e a internet?

Krikor:Muita gente gosta de acreditar que o xadrez um dia vai ser refutado por completo e vamos ter que mudar as regras, mudar a formação inicial das peças. Na minha opinião, isso não vai acontecer, se continuarmos com nossos cérebros como eles são hoje. Mesmo se uma máquina revolucionária hiper-mega potente aprofunde-se ao máximo, na prática temos emoções em jogo, um tempo limitado e um cérebro que não funciona tão linearmente como um computador. Acredito sim, que cada vez mais, no xadrez de alto nível, a preparação de abertura será mais importante (como já é atualmente), e a posse de uma máquina mais potente é um detalhezinho a mais para quem já conhece o jogo de ponta a ponta. Hoje em dia, a Internet dá a possibilidade para qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, entrar em contato com praticamente todo o material de ponta disponível. E o fato disso ser tão distante da realidade de 15, 20 anos atrás. Tenho certeza que a revolução está apenas começando. Novos talentos surgirão cada vez mais precocemente, e daqui um tempo, ninguém se impressionará com a trajetória de Carlsen, Karjakin. Posso estar sendo um pouco radical, mas depois que minha prima de 9 anos começou a me dar uma aula avançada de como mexer no orkut e no photoshop, não duvido de mais nada.


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http://xadrezdeguaruja.wordpress.com/category/grandes-entrevistas/

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