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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ENTREVISTA 36 - José Alberto Ferreira dos Santos




Entrevista: José Alberto Ferreira dos Santos

No dia 20 de janeiro, José Alberto Ferreira dos Santos atual vice-presidente da Federação Paulista de Xadrez, esteve em Nova Odessa e concedeu a seguinte entrevista ao Xadrez Regional:

Quando foi seu primeiro contato com o xadrez?

Meu primeiro contato com xadrez foi na época de Bobby Fischer/Spasky. Eu aprendi a jogar xadrez nesse boom de markenting internacional que os EUA fez em cima de Fischer. Eu tinha um vizinho que veio de Porto Alegre, colega de infância, nós tinhámos 12 a 13 anos de idade e ele sabia jogar xadrez. E ele me ensinou, eu aprendi a jogar xadrez na rua, sentado em cima daqueles cavaletes de água que as casas tinham antigamente, a gente colocava um tabuleiro ali no meio e aprendi a jogar ali. Outro dia estava arrumando minhas coisas lá em casa e achei meu primeiro jogo de xadrez, hoje ele deve ter uns 35 anos.
Primeiro contato com a Federação Paulista de Xadrez?

Desde garoto até a faculdade eu sempre gostei de jogar, disputei em São Paulo os Jogos da Primavera organizado pelo Clube Ipiranga, mas um xadrez totalmente amador. Quando eu mudei para Americana, em 1991. Em primeiro de maio de 1992 estava lendo o jornal e uma notícia me chamou a atenção: um garoto precisava de apoio (patrocínio), era o Rodrigo Fernandez. Eu comentei com minha esposa sobre a possibilidade de apoiá-lo através de nossa empresa. Então eu liguei, foi meu primeiro contato com o xadrez de competição. Em 1992 eu não tinha idéia do que era Mestre Internacional, Grande Mestre, o que era Federação, o que era FIDE. Para mim xadrez era montar o tabuleiro e jogar, era o que fazia. Através deste contato, gostei, e o Rodrigo é uma pessoa muito boa, um garoto esforçado e estava indo bem. Alías, quando eu o procurei ele estava em Manaus disputando o Campeonato Brasileiro, como não o encontrei deixei recado em sua casa, na segunda-feira o pai dele me ligou, conversamos e passei a apoiá-lo.

Quando organizou o primeiro torneio?

Em junho de 1992, organizei o primeiro Aberto em Americana. Naquela época já com premiação equivalente a R$ 2.000,00. Jogaram entre 80 a 90 enxadristas entre eles Herman e Cristian Toth que acabara de conquistar o título de MI. Conhencendo as pessoas envolvidas com o xadrez conclui que rodrigo precisava de uma ajuda e contratei o Cristian como professor dele. Ele passou 120 dias em Americana ensinando o Rodrigo, diariamente. Assim eu passei a entender um pouco mais como era o xadrez e a sua organização. E como tenho três filhas, ofereci a elas, na época tinham 12, 10 e 8 anos, a oportunidade de jogar, treinar... e a Fernanda se interessou, foi quando começei acompanhá-la nos torneios.

Quando foi o primeiro mandato?

Vi que o xadrez era administrado muito amadoramente. Assim ajudei o Herman a voltar ser o presidente da FPX e assumi com ele como vice-presidente do interior, passando a me envolver com a administração do xadrez, em 1993/94. Em 94 foi o primeiro mandato do Herman nesta nova era do xadrez paulista, ele foi eleito presidente em 1994 e fiz parte da diretoria dele em 94/95. Como minha filha continuou a jogar, ganhando alguns campeonatos, continuei organizando torneios. Em 94/95 fiu vice-presidente do interior, o Herman era o presidente. Em 96/97 foi meu primeiro mandato como presidente e fui re-eleito 98/99.

Como surgiu o Circuito de 21 minutos?

E tive a oportunidade em janeiro de 96 criar o Circuito de 21 minutos. Existia o Circuito Prosdócimo antigamente no Paraná e o Milos me contou como é que era, achei interessante e criei. Todo mundo me pergunta por que 21 minutos? Primeiro foi para ganhar tempo e depois por sete e sete são 14 com mais sete 21 e eu tinha isso de criança na cabeça. E assim da para fazer um torneio de 7 rodadas em um dia. Fomos criando projeto atrás de projeto, e eu tenho a felicidade de fazer o maior torneio em premiação da América Latina, hoje não por causa do Mundial, em 98 o Campeonato Paulista distribuiu 30 mil Dólares, um valor bastante representativo.

Analisando este período de 1993 até agora, o que ainda não foi realizado?

O único projeto que daqui para fente me interessa é a realização de uma Olímpíada de Xadrez no Brasil, depois de ter feito o evento dos 450 anos de São Paulo, de você colocar Kasparov, Karpov e Anand no mesmo espaço físico no Brasil foi um grande sonho realizado. A convivência com estes jogadores parece agora ser até comum, eles ficaram quatro dias com a gente. Karpov já esteve no Brasil umas duas ou três vezes e neste evento ficou quinze dias, tive a oportunidade de recebê-lo em Americana, na minha chácara, participou de um churrasco. Isso eram coisas que estavam distantes, eram sonhos. O evento dos 450 foi um sonho realizado, trazer um ministro de estado para jogar com Kasparov, são coisas que marcam. Não só a minha vida mas todo enxadrista que teve a oportunidade de acompanhar este evento. O Brasil passou a fazer parte do cenário internacional, por exemplo a manchete do Chess Base destacando a presença de Anand no torneio que jogou com Milos e Rafael.

Quando teremos a Olímpiada no Brasil?

O projeto esta em andamento, é um desafio, já apresentei ao presidente da CBX, existe uma grande possibilidade de nós pleitearmos a Olímpiadas de 2012. Talvez a de 2010 será na China, a de 2008 na Alemanha e este ano será na Itália. Do restante, considerando o calendário da CBX já fiz todos os torneios.

E o trabalho de popularização do xadrez?

Esta é outra meta, começamos a trabalhar em 97/98, Conclui que não adiantava fazer xadrez para as crianças. Porque faltava para nós os formadores de opinião e percebi que o grande filão para o crescimento é o xadrez escolar. Só que tínhamos uma barreira grande, o formador de opinião. Quem é o formador de opinião? É o professor, pois ele está em contato com a criança. E o professor não fala de xadrez na sala de aula por problema muito prático e simples, ele não pode falar daquilo que não sabe. Como ele vai falar de xadrez se não sabe como o cavalo e bispo se movimentam. Então nós passamos a capacitar os formadores de opinião, os professores, e assim o xadrez apresentou um grande crescimento. Eu posso assegurar que no estado de São Paulo entre os quase 12 milhões de alunos, temos hoje cerca de 3 milhões de crianças jogando xadrez. A FPX já capacitou mais de quatro mil professores, isto é um multiplicador enorme pois cada professor atende 500 a 600 alunos.

E o " Xadrez em Tampinhas" ?

Começou em 2001, foi uma idéia do Diretor de Esportes da cidade de São Paulo, de relacionar o xadrez com o meio-ambiente. Conseguimos implantar em várias cidades. E este ano com o projeto Xadrez na Praça, que começou em São Paulo dia 25 de janeiro, será ampliado.

Ele atinge os objetivos?

Veja bem, por mais barato que seja o esporte, o xadrez ainda é caro para a maior parte da sociedade. Então a criança que troca 32 garrafas por um tabuleiro e um livro que ensina como jogar, ele vai ter seu jogo de uma forma mais barata possível. Nós fizemos uma pesquisa em bairros da periferia de Americana em 300 casas e o consumo médio de cada família é de quatro garrafas. Assim em dois meses você já tem o suficiente para todas as peças. E o objetivo do projeto também é a reciclagem, pois muitas destas garrafas vão para o lixo. Neste projeto ensinamos para as crianças a importância da reciclagem e ao mesmo tempo ampliamos o número de praticantes do jogo de xadrez. É esporte e cidadania.

Qual a importância dos clubes para o crescimento do xadrez?

Esta é uma pergunta que levanta outra questão: por que se filiar a federação? A federação é uma entidade administrativa e ela existe em função dos clubes. É uma falsa afirmação que a federação deve ajudar os clubes, pois não existe verba para o xadrez, nem em órgãos públicos nem na iniciativa privada. Ninguém mais do que eu corri atrás de dinheiro para o xadrez nestes anos. o que ocorre foi que conseguimos organizar, normatizar e deixar com que todo mundo tivesse o direito de fazer xadrez. A nossa ajuda para os clubes foi organizando o sistema administrativo do xadrez no Estado de São Paulo. Logicamente nós não temos como fazer aporte de recursos ao Clube de Xadrez de São Paulo por exemplo, que é o único com sede própria, além do Clube de Xadrez de Sorocaba. A grande dificuldade é que não existe como repassar a verba, pois o recurso que conseguimos são poucos até para nossos próprios eventos. Para fazer quatro ou cinco grande evento no ano. Assim eu deixo que os eventos da Federação gerem recursos para os clubes. Isto é uma fonte de recursos, como este ano no Circuito do Clube de Xadrez de São Paulo com dez etapas, da inscrição, tirando a parcela de R$ 3,00 por jogador, o restante é receita para o clube.

Os clubes deveriam custear os jogadores, um campeonato interclubes com mais destaque não seria a solução?

É uma falsa verdade, pois posso assegurar que quatro ou cinco clubes bancam os jogadores. Quem realmente sustenta o xadrez no Estado de São Paulo são os Jogos Regionais e Jogos Abertos e as prefeituras, e a maioria não é filiada a FPX. Isto que dá sustentação ao nosso esporte. Muitas vezes os jogadores pagam suas inscrições para disputar o Interclubes. Paulistano, Pinheiros e Hebraica acho que são os únicos que bancam os jogadores, os demais não.

Com um campeonato que incentive e atraia novos clubes não seria diferente?

O problema não é atrair o clube, o problema é o clube buscar recursos. Pois todos os clubes passam por dificuldades financeiras e a primeira coisa que eles fazem é cortar a verba do esporte. Não cortam verba do social, do jantar, da festa, do domingo, dizem vamos parar de fazer xadrez, vamos dispensar o professor. Só não param com o futebol senão o clube fecha. Pois se tiver que cortar é em cima do esporte.

Qual a importância das prefeituras?

Além da contratação e manutenção dos jogadores. Também é importante o apoio das prefeituras na realização dos eventos, os grandes parceiros dos eventos são as prefeituras. É onde eu busco recurso tanto para implantar o xadrez escolar, como para fazer eventos. Por exemplo, faço o Campeonato Brasileiro em Guarulhos, a prefeitura me deu dinheiro para este campeonato. Faço a semi-final em São Paulo a prefeitura me repassou recurso para este campeonato. O Estado me ajuda a fazer os festivais, os grandes torneios internacionais. Como o evento Mário Covas, o Internacional de Rio Preto é o Estado que me ajuda a fazer estes eventos.

Então o dinheiro público é fundamental?

Sim, pois todo dinheiro público que conseguimos, revertemos para os eventos. Por que nem todo mundo tem esta visão, pois a FPX tem uma despesa mensal de 60 mil Reais. Ela arrecada de seus filiados de 25 a 30 mil no ano. Eu já começo o ano devendo 30 mil, para fazer o que a gente faz com o xadrez hoje. Nós temos a felicidade como no ano passado de fechar com uma receita de quase R$ 500.000,00. Em 2004, quando Karpov veio ao Brasil, nos arrecadamos uma parcela de 450 mil e tivemos uma receita de 890 mil Reais no ano. Hoje a federação esta num patamar de quase 200 mil Dólares/ano de receita. em 94 quando o Herman assumiu nós tínhamos dois relógios quebrados e uma arrecadação de 17 mil Reais. O que aconteceu no Xadrez de São Paulo, não aconteceu em nenhum outro esporte, pode ter certeza disto.

Qual é a estrutura da Federação?

A FPX hoje tem uma diretoria não remunerada, existe uma verba de representação de R$ 1.500,00 por mês para despesas com viagens, alimentação, etc. Também temos dois funcionários registrados. Ainda temos uma vantagem, nos últimos 18 anos, fomos a única federação que conseguiu um decreto do governador cedendo a área por prazo indeterminado. A FPX não paga luz, água, aluguel, condomínio. Ela tem um espaço cedido gratuitamente pelo Estado. Isto é em função da credibilidade que a federação conseguiu nos últimos 12 anos.


A diretoria não deveria ser remunerada, como acontece na Federção Paulista de Futebol ? Não seria mais tranparente?

No momento que você profissionalizar isto, você perde um monte de regalias. Primeiro a federação não paga imposto de renda. No momento que você pagar R$ 500,00 para qualquer diretor você começão a pagar imposto de renda. Isto já é uma perda muito grande. No momento que você vira profissional, no meio político, nas prefeituras vão dizer: o cara está vindo aqui pegar meu dinheiro para fazer o salário dele, então ninguém vai querer ajudar. Querem fazer xadrez remunerado, então vão abrir uma ONG e remunerar quem trabalha. Eu parto do princípio, pois levei seis anos dirigindo a FPX para pedir o primeiro reembolso de despesas, antes a FPX não tinha recursos, depois que a gente organizou, vimos como ela sobrevive, conseguimos uma verba de representação. Que começou em R$ 700,00 e hoje está em R$ 1.500,00. Não que a gente gaste tudo isto, nós pagamos combustível, pedágio, alimentação e despesas telefônicas a maior despesa da federação.


Voltando a questão da contratação de jogadores pelas prefeituras. Isto não inibe o crescimento do xadrez no município?


Não inibe por dois motivos. Só contrata jogadores quem tem dinheiro, quem não tem não contrata. Com a Secretaria da Juventude criou a categoria sub-21 para quem quer investir nas categorias de base. E ainda nós temos a primeira divisão, igual ao vôlei, basquete, são cinco ou seis modalidades que tem primeira divisão nos Jogos Abertos. Então os profissionais são contratados pelas cidades que querem ser campeãs. Aquele que contrata o profissional de xadrez ele quer a medalha de ouro. Então existe no meio sub-21 um falso moralismo que não querem ver a equipe que tem o rating médio alto suba para a primeira divisão. Como sabemos que as cidades que contratam os garotos sub-21, os mestre que estão surgindo, pagam R$ 500,00 a R$ 600,00 por mês, isto para mim é profissionalismo eu defendo que esta equipe jogue na primeira divisão de acordo com o índice técnico. E assim eu não existe problema para a cidade que fazem xadrez de base. Assim ninguém vai investir nas categorias de base, pois contratam profissionais.

As cidades que contratam os profissionais, não deveriam participar dos Jogos da Juventude (sub-18), são atividades incompátiveis uma equipe profissional e o xadrez de base?

As maioria delas participam dos Jogos da Juventude, fazem xadrez de base, por exemplo Santos que tem uma equipe forte e disputa também os Jogos da Juventude.

No caso de Americana?

No caso de Americana o problema não é específico de contratar elite. O problema foi de estruturação da categoria de base, dos problemas políticos. A tendência é daqui para frente é voltar a ter escolinha, teremos a escolinha da prefeitura funcionando, já temos mais de 60 alunos, com o Alexandre Sigrist e quem sabe participar dos Jogos da Juventude. Mais isto é uma política de esportes da cidade, do Secretário e do Prefeito. Ainda não houve um incentivo da Prefeitura de Americana para levar o xadrez às escolas. Como é o caso de Nova Odessa que incentiva e participa.

Um outro assunto, seria o valor da anuidade?

A anuidade é R$ 1.000,00, você paga R$ 800,00 se pagar no vencimento, na segunda data R$ 900,00 e na última R$ 1.000,00. Quem paga antes tem desconto, é hoje é a única despesa. Se dividir por 12 meses, proporcionalmente a nossa anuidade é de graça. Você paga uma vez só, comparando com outros esportes nosso valor é bem mais baixo. Nós ainda não cobramos taxa de transferêcia entre os clubes. Nós só temos a taxa de cadastro da CBX, que recebemos 30% do valor. Então a anuidade é o mínimo que temos que receber dos clubes e ainda temos que buscar o que falta, para ofecer esta administação que o xadrez tem no Estado de São Paulo. E a de convir, nós temos uma adminstrição que é dinâmica 365 dias por ano e a nossa página na internet, que está completando 10 anos, é atualizada todos os dias. este é o trabalho que faço pelo xadrez e faço porque gosto, pois sempre tive atividades paralelas. Começei como estudante, fui empregado, fui auxiliar de escritório, auditor, executivo de empresas nacionais e internacionais, fui empresário e hoje sou representante comercial. Sempre tive atividades paralelas, sou muito dinâmico, como dizem meus amigos: sou um trator, por isso ganho muitos inimigos, pois vou atropelando.

Uma mesagem final...

Quem gosta de xadrez, continue a divulgar e a fazer xadrez, na medida do possível tanto a FPX como a CBX, vão ajudá-los e muito para que o xadrez cresça no Brasil.

REFERÊNCIA:
http://www.xadrezregional.com.br/not06008.html

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
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